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Copa do Mundo

Sistema croata visa exportar jogadores para o exterior

Croácia é um dos líderes mundiais na exportação de atletas; com 4 milhões de habitantes, conta com 323 profissionais fora do país

14 jul 2018 - 05h12
(atualizado às 05h12)
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"Não estamos na final por acaso. Não é sorte." Foi assim que Davor Suker, o ex-craque croata e atual presidente da Federação de Futebol do país explicou ao Estado a classificação para a decisão da Copa. Após cair na primeira fase do Mundial do Brasil, em 2014, quatro anos depois a Croácia está na final do torneio e conta com um dos sistema próprio para identificar bons jogadores desde os sete anos de idade, bem diferente, por exemplo, do modelo da França, adversária de domingo, em Moscou.

"Somos um país pequeno, mas com uma estrutura importante para o futebol", disse o diretor executivo do Lokomotiva Zagreb, Dennis Gudasic. Dos 23 jogadores da seleção, seis foram formados por seu clube.

Segundo Gudasic, a formação de jogadores tem um objetivo econômico - apenas 10% da renda do futebol croata vem de acordos comerciais. "Dependemos da exportação de jogadores para garantir nossa sobrevivência", afirmou. "Se não produzirmos jogadores, não há como bancar o futebol nacional."

Hoje, segundo ele, a Croácia é um dos líderes mundiais na venda de jogadores para o exterior, pelo menos em termos per capita. Com 4 milhões de habitantes, o país conta com 323 profissionais atuando no exterior. O Brasil, com 200 milhões de habitantes, possui 1,2 mil atletas no exterior.

Entre os 32 times na Copa do Mundo, a Croácia também lidera em termos de jogadores atuando no exterior: todos jogam fora do país.

Dados coletados por Gudasic revelam a dimensão dessa estrutura criada em todo o país para identificar craques desde suas infâncias. A cada fim de semana, 60 mil garotos entre 7 e 19 anos participam de 9 mil partidas de futebol pelo país. Só em Zagreb, 5 mil crianças entre 7 e 12 anos competem.

PENEIRA

Um grupo de elite de jovens é pré-selecionado. São as principais apostas do país. Os melhores são selecionados para clubes da primeira divisão do Campeonato Croata. Os melhores são escolhidos para participar de acampamentos especiais destinados a formar os futuros craques.

"Um dos fatores mais importantes desse sistema é a existência de competições que formam de fato esses jovens", disse o dirigente do Lokomotiva. Dos 23 jogadores que estão na final da Copa, 22 deles foram criados e identificados dentro dessa estrutura.

Gudasic, porém, insiste que tal sistema não teria o mesmo sucesso se não fosse pela motivação dos garotos em deixar uma situação econômica ainda delicada no país. "Há muita fome por subir na vida", disse. O resultado desse plano e dessa "fome" permitiu que a Croácia tenha se classificado para doze competições internacionais em somente 25 anos de história independente.

Estadão
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