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Copa do Brasil

'A final da Copa do Brasil é um choque de ideias boas', afirma Paulo Nunes

Ex-atacante de Palmeiras e Grêmio descarta favoritismo na decisão da Copa do Brasil e destaca as propostas diferentes dos dois adversários

6 mar 2021 - 22h06
(atualizado às 22h06)
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O ex-atacante Paulo Nunes é um dos maiores especialistas quando se trata de Palmeiras e Grêmio. O atual comentarista de Esporte da TV Globo foi campeão da Copa do Brasil pelas duas equipes que neste domingo decidem a temporada 2020 da competição. Em entrevista exclusiva ao Estadão, o ex-jogador de 49 anos descarta favoritismo e prevê que a final seja uma partida interessante por apresentar dois modelos de jogo diferentes.

Para essa final entre Grêmio e Palmeiras, quem você considera favorito?

Não há favorito. Mesmo que o Palmeiras tenha conquistado um bom resultado no jogo de ida (vitória por 1 a 0), é um confronto que está aberto. O Grêmio é um time muito forte e tem total possibilidade de desfazer essa vantagem do Palmeiras. São duas equipes muito boas em jogos eliminatórios.

Paulo Nunes é comentarista do Esporte da TV Globo
Paulo Nunes é comentarista do Esporte da TV Globo
Foto: Divulgação/TV Globo / Estadão

Depois de viver este clássico como jogador por tantas vezes dentro de campo, como é agora analisá-lo como comentarista?

Analisar um clássico como este friamente é um desafio. Eu vivi isso como jogador. Sei a dificuldade quando você não está no seu dia e a outra equipe está bem, e dentro de campo você percebe isso rapidamente. Como comentarista do Esporte da Globo, a diferença é grande. Tenho que analisar o comportamento tático das equipes e o individual dos jogadores. Fazer a leitura do que está acontecendo e passar ao torcedor a minha análise de forma clara.

De quais características você mais gosta em cada um desses times?

São duas formas de jogo completamente diferentes. É um choque de ideias boas. O Grêmio mudou as suas características. Hoje é um time que gosta de ter o controle do jogo, a posse de bola e de trocar de passes. É um jogo mais cadenciado. Já o Palmeiras tem uma construção muito ágil, a transição mais rápida do futebol brasileiro atualmente. A ideia do Abel Ferreira é essa. Jogo reativo, sem dar tempo de a defesa adversária se recompor.

Nos anos 1990, quando você jogou, Grêmio e Palmeiras tinham uma forte rivalidade. Você se lembra de algum episódio marcante disso?

Lembro de vários jogos decisivos de Copa do Brasil, Campeonato Brasileiro e Libertadores. Sempre eram muito intensos, disputados. Mas não tem como não lembrar da Libertadores de 1995. Do 5 a 0 para o Grêmio no jogo de ida, e do 5 a 1 para o Palmeiras na volta. Foram confrontos muito marcantes, que entraram para a história.

Você foi campeão do torneio pelo Grêmio e também pelo Palmeiras. O que ficou de mais marcante para você em cada uma dessas conquistas?

No Grêmio, especificamente, era um título que eu não tinha. Já havia vencido um Brasileiro, uma Libertadores e a Recopa. Então foi marcante por isso, até porque já havíamos batido na trave em 1995. Para completar, na conquista de 1997 fui o artilheiro da competição. No Palmeiras, ficou marcado por ser meu primeiro título pelo clube, que nunca havia vencido a competição. Eu vim para o Palmeiras sendo muito cobrado. Ser campeão logo nos primeiros meses de clube foi muito marcante.

Nesta final vamos ter o encontro de um treinador português e de um gaúcho. Para você, que jogou tanto no Rio Grande do Sul como no Benfica, por que há tantos técnicos gaúchos e portugueses com destaque no mercado?

A história mostra que os treinadores gaúchos são muito capacitados. Eles têm uma coisa que eu valorizo demais, que é se preocupar com as conquistas. Há muitos profissionais hoje no futebol que gostam muito do processo, da ideia de jogo e da posse de bola, deixando muitas vezes o resultado em segundo plano. Como jogador, sempre valorizei quem ganhou a taça. Porque é isso que conta na história. Já os portugueses se preocupam muito com a metodologia de trabalho.

O que foi mais surpreendente nesta temporada: a força do Palmeiras com um elenco de garotos ou a manutenção de um Grêmio tão competitivo?

O Renato apostou em jogadores experientes e despertou neles de novo a competitividade. Um exemplo é o Diego Souza, que é muito importante neste esquema tático do Grêmio. O Maicon reforça a característica do controle de jogo do meio de campo e ajuda a melhorar o rendimento do Matheus Henrique e do Jean Pyerre. Já no lado do Palmeiras, com certeza foi fundamental acreditar na base. O clube demorou muito a fazer isso, até porque tem poderio financeiro para investir em contratações, mas a temporada 2020 mostrou que foi uma estratégia excelente.

Jogar uma final desse porte sem torcida será um desafio? Ou todos já se acostumaram com essa situação?

Mesmo sem torcida é uma final, os jogadores têm que entender que precisam se entregar ao máximo. Geralmente a arquibancada eleva a sua potencialidade, faz você crescer, ficar acordado na partida. Pelo tamanho que os dois clubes têm, eles não podem se deixar levar pelo fato de o estádio estar vazio. A entrega e a intensidade precisam ser as mesmas de um estádio lotado. Um jogador profissional precisa ter este entendimento.

Estadão
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