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Copa do Mundo na Rússia: você sabe o que é Karavai?

Pão tradicional russo oferecido aos jogadores, junto ao sal, é uma tradição de boas-vindas que existe desde antes da Igreja Ortodoxa

15 jun 2018 - 12h20
(atualizado às 15h00)
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Para os olhos mais atentos, quem acompanhou a chegada das 32 seleções participantes do Mundial deste ano na Rússia, pode perceber que um ritual se repetia durante a recepção dos jogadores. Assim que desembarcavam, uma jovem, vestida em trajes típicos, trazia consigo um pão redondo, com um pouco de sal, e oferecia aos atletas e à comissão. A ordem era cortar um pedaço, com as mãos mesmo, passar no sal e comer. Mas, afinal, o que significa isso?

Jovem com trajes típicos oferta o "pão e sal" tradicional de cerimônia russa
Jovem com trajes típicos oferta o "pão e sal" tradicional de cerimônia russa
Foto: Vasily Fedosenko / Reuters

O pão oferecido aos jogadores chama-se “Karavai” e o hábito de receber convidados com ele faz parte de uma tradição que existe há muito tempo na Rússia, antes mesmo do começo da Igreja Ortodoxa, nos tempos pagãos. A tradição conta que havia um costume de encontrar os convidados à porta de casa com pão e sal, uma forma, cheia de significado, de dar boas-vindas. O trigo era um símbolo de riqueza e sucesso, e o sal funcionava como um amuleto, capaz de proteger uma pessoa das forças e influências hostis.

Feito com farinha de trigo branca de alta qualidade, ovos, leite e manteiga, o pão é cozido em formato arredondado, remetendo ao Sol, um poderoso símbolo de boa-sorte e prosperidade e até o seu preparo exigia que um ritual fosse seguido. Apenas mulheres casadas e com filhos poderiam preparar a massa, enquanto só os homens poderiam colocá-lo no forno. Tudo isso com muita música e orações.

Atualmente, os "protocolos" para fazer esse pão se perderam, mas o ato de oferecê-lo aos visitantes vem carregado de significado.  Essa troca, entre hóspede e anfitrião, estabelecia uma relação de amizade, confiança, "e a recusa do pão poderia ser considerada uma ofensa", conta Albina Khusnetdinova, de São Petersburgo, na Rússia.

Russa de nascença, Albina prepara pães típicos russos e os comercializa através da Vendo Pães, empresa que divide com o marido brasileiro Ricardo Braga, desde o fim de 2013. Vende por encomenda e, para o karavai, é necessário que o pedido seja feito com 5 a 7 dias de antecedência. O valor varia de acordo com o peso do pão, o de 500g custa R$ 80.

Karavai e sal sendo oferecido para a então presidente Dilma Rousseff em sua visita à Rússia
Karavai e sal sendo oferecido para a então presidente Dilma Rousseff em sua visita à Rússia
Foto: REUTERS/BRICS/SCO Photohost/RIA Novosti / Reuters

Muitas combinações 

Além de recepções e eventos importantes, o karavai também é consumido em casamentos, mas, neste caso, sem o sal. Para a cerimônia, o pão precisa ser preparado na casa dos noivos. E uma das explicações desse ritual pode ser ligado a uma das origens da palavra “karavai”. Dizem que ela vem de “korova”, “vaca” em russo, e “noiva”, em dialetos eslavos; já o “ai” é o símbolo de touro, de um homem, portanto o pão simboliza a fertilidade, a união do feminino e do masculino.

Também é possível encontrar o karavai em aniversários, acompanhado de dança e música típica sobre karavai e em épocas de colheita, dessa vez servido com espigas. A verdade é que no País em que a vodca reina soberanamente há séculos, o pão segue ao seu lado, sem perder o compasso, e é também uma forma de provar um pouco da cultura russa, sem restrições de faixa etária pelo seu grau alcoólico.

Fonte: Redação Terra
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