Copa: Catar nega terror e promete estudo sobre álcool e gays
O organizador da Copa do Mundo mais polêmica da história resolveu se manifestar. Ministro dos Esportes do Catar, Salah bin Ghanem bin Nasser al-Ali deu entrevista à agência de notícias AP e falou sobre vários temas sensíveis que rondam os preparativos do evento em 2022, marcado por acusações e críticas, desde entidades de direitos humanos até jogadores e dirigentes ligados ao futebol.
Em conversa de uma hora e meia com a reportagem da agência, al-Ali negou que o Catar forneça apoio ao grupo terrorista Estado Islâmico, prometeu uma melhora nas condições de trabalho dos imigrantes que atuam no país para os “próximos meses” e disse que estudará questões sensíveis como a liberação de álcool e a presença de turistas gays no Catar durante o evento.
Preparação para o evento
O ministro dos Esportes negou que o Catar terá problemas para organizar a Copa do Mundo, apesar da pouca experiência do país no esporte. Salah lembrou que a nação é conhecida pelo luxo e qualidade e não arriscaria essa reputação fornecendo um Mundial ruim. Pelo contrário: o político diz que espantará o mundo.
“O nome do Catar é marca de luxo e qualidade, não vamos arriscar isso. Depois da abertura, vou dizer para mim mesmo: ‘Deus ajude o país que sediar a Copa do Mundo depois de nós’. Você verá que nós introduziremos uma referência que será praticamente impossível de bater”.
Terrorismo
Atualmente, o Catar lida com boatos de que apoia o grupo terrorista Estado Islâmico, que ganhou notoriedade nos últimos meses por decapitar cidadão do ocidente. No entanto, al-Ali negou veemente as acusações.
“Isso é ridículo”, afirmou, colocando o Afeganistão como um exemplo do que acontece a uma nação que apoia um grupo terrorista. “Nós não acreditamos nisso, nós não fazemos isso. De qualquer maneira, não estamos preparados para esse risco porque nós sabemos que é perigoso para a gente”.
Condições trabalhistas
A todo vapor, as obras para a Copa do Mundo de 2022 fazem vítimas no Catar. Denúncias de grupos de direitos humanos apontam que milhares de imigrantes que foram ao país perderam a vida, em uma nação que tem poucas regulamentações sobre o assunto. Até mesmo a Fifa já deu um ultimato para o país asiático. Salah lembra que seu pai também trabalhou em condições de insalubridade desde os 12 anos, mas promete uma melhora na questão para os próximos meses.
“Nós entendemos esse problema. Para nós, é uma questão humana. Cataris não são pessoas viciadas como vampiros. Nós temos emoções, nos sentimos mal. Estamos focados agora, isso precisa de muito trabalho. Não estamos escondendo (a questão). As reformas devem ganhar a aprovação final nos próximos meses”.
Álcool e gays
Na conversa, o ministro deixou no ar questões relativas à presença de álcool e gays no evento. Bebidas alcoólicas são proibidas para a maioria dos cidadãos do país e vendidas apenas em bares de hotéis selecionados para pessoas que apresentem passaporte e para cataris credenciados – a Fifa, patrocinada por uma cervejaria, já teve trabalho no Brasil, ao ter que driblar lei que proíbe vendas de álcool nos estádios. Já o fundamentalismo religioso propicia a prática da homofobia na região.
“Nos hotéis e muitas áreas nós temos álcool, mas nós temos nosso sistema que as pessoas precisam respeitar. Como nos candidatamos para 2022, vamos respeitar todas as regras e regulamentações da Fifa. Nós podemos estudar e minimizar o impacto para nosso povo e tradição. Eu penso que precisamos ser criativos para arranjar soluções para isso. A questão dos gays é exatamente como a do ácool”.
Boicotes ao Catar
Recentemente, o Catar sofreu com aparentes boicotes esportivos de dois vizinhos, os Emirados Árabes e o Bahrein, que não enviarão delegações para Copa do Mundo de Handebol, que será realizada no país em janeiro do próximo ano. Os dois e a Arábia Saudita retiraram embaixadores da nação em protesto contra o apoio do Catar a grupos islâmicos na região.
“O torneio de handebol vai ser muito bem-sucedido. Fico feliz quando as pessoas usam o esporte para resolver diferenças e se unir, longe da política”.