CBF convida presidentes de 27 federações para irem à Rússia
No último encontro da cúpula da CBF com as federações estaduais, num almoço, no Rio, em 4 de dezembro, um convite da direção da confederação soou estranho para alguns dos presentes no restaurante da entidade. A CBF se dispôs a pagar todas as despesas dos 27 presidentes de federações durante um mês inteiro para que assistissem à Copa do Mundo na Rússia, de 14 de junho a 15 de julho de 2018. Não houve nenhuma resistência à ideia. Com aprovação imediata da maioria e o silêncio de uns poucos.
Até então, com Ricardo Teixeira na presidência da CBF e desconsiderando-se a Copa de 2014 no Brasil, o que havia era um sorteio entre os 27 dirigentes das federações para que quatro ou cinco fossem contemplados.
A medida agora tem cunho eleitoreiro – em abril está prevista a eleição para a presidência da CBF – e demonstra a falta de controle da entidade com gastos.
No almoço, o presidente da CBF, Marco Polo Del Nero, atribuiu a autoria do convite ao diretor executivo Rogério Caboclo, seu virtual candidato em abril, caso ele não tenha condições de tentar a reeleição em razão das denúncias que o situam no centro de um esquema de corrupção que vem sendo desvendado pela Justiça dos Estados Unidos.
Para dois presidentes de federações ouvidos pelo Terra, Caboclo dificilmente tomaria tal atitude, por fazer questão de se manter distante das entidades estaduais. Eles garantem que a ideia partiu de Del Nero, que a transferiu para Caboclo de olho na eleição de 2018.
Os votos das federações somam 81 em assembleias da CBF. Já os dos clubes alcançam apenas 60. A alteração no estatuto da entidade que permitiu essa mudança, em março, foi considerada um golpe por vários analistas e ainda hoje é questionada na justiça.
