Pato fez "primeiro gol" da Arena, seu último momento de paz no Corinthians
Alexandre Pato vai estrear oficialmente na Arena Corinthians neste domingo, às 19h (de Brasília), com cinco anos de atraso e vestindo a camisa do rival São Paulo. O momento, porém, era vislumbrado pela diretoria do Timão desde que o clube foi campeão mundial, em 2012. Simbolizaria uma era de domínio do clube no país, uma estrela mundial defendendo o time no sonhado estádio. A expectativa era tanta que ele já tem até um gol marcado no local, mesmo com o cenário atual bem longe do programado na ocasião.
A ironia, registrada pelo próprio Alvinegro com orgulho à epoca, se dá pelo status do atacante quando chegou ao Corinthians, apontado como símbolo de uma era vivida apenas quando ele saiu do clube para defender o São Paulo pela primeira vez. E a história do vídeo (veja abaixo) deixa tudo ainda mais curioso, praticamente colocando-o como último momento bom do breve relacionamento entre o atacante e o Timão.
Pato, que fala em "nossa casa", foi chamado para gravar a peça para a TV do clube em uma segunda-feira, 21 de outubro, quando ainda estava em alta. Ele havia marcado o gol da vitória sobre o Criciúma dois dias antes, em um sábado à noite. "Não vejo a hora de jogar um jogo oficial aqui e marcar um gol. Vai, Corinthians", termina ele, apontando para as arquibancadas, ainda em fase de acabamento.
O estádio só foi inaugurado em maio de 2014, quando o camisa 7 já era persona non grata pela Fiel. Na tarde seguinte à gravação, a equipe, já sem chances no Brasileiro, viajaria a Porto Alegre para encarar o Grêmio, pela volta das quartas de final da Copa do Brasil.
Você já deve ter se perguntado se foi esse o jogo. Sim, foi. Na casa do adversário, Pato jogou para o alto a última aspiração de título e de vaga na Libertadores da equipe. Para ser mais preciso, bateu um pênalti bisonho, uma espécie de "cavadinha" mal executada, recuando para o goleiro Dida e confirmando a eliminação corintiana.
Dali para frente, o atacante entrou em litígio com a torcida e, ainda que tenha jogado mais algumas vezes, não foi totalmente perdoado, saindo no começo de 2014 com o São Paulo. Visto como uma das piores contratações da história do clube, pelo desempenho e por ter custado 15 milhões de euros (R$ 40 mi em 2013), ele tem na sua saída talvez o maior trunfo para apontar o contrário: significou também a chegada de Jadson, hoje ídolo da equipe.
Foi o camisa 10 quem vivenciou a era de domínio corintiano pós-Mundial, participando de todos os títulos desde então (dois Brasileiros e o primeiro tri do Paulista do clube desde a década de 30, além de um vice na Copa do Brasil). Não é raro ouvir um corintiano agradecer Pato justamente por poder assistir o hoje vice-artilheiro da Arena com a camisa do Timão.
A esperança de gols do Tricolor, que não podia enfrentar o Corinthians na primeira passagem por um acordo contratual, teve a chance de diminuir esse prejuízo em 2016, mas, na verdade, acabou apenas aumentando a antipatia da torcida por ele. De volta do período de empréstimo ao time do Morumbi, ele recebeu uma proposta de 20 milhões de euros do Tianjin Quanjian, cerca de R$ 60 milhões à época, mas recusou dizendo que queria jogar na Europa.
Emprestado por seis meses ao Chelsea e vendido ao Villarreal por 3 milhões de euros (R$ 10 mi) em julho, Pato deixou os dirigentes corintianos ainda mais furiosos ao aceitar uma proposta do mesmo Tianjin Quanjian em 2017. "Teve coisas erradas do clube, erradas dele. E ele descontou fazendo isso. Não fez nada ilegal", comentou o presidente Andrés Sanchez, em entrevista recente ao canal Desimpedidos.
Com o capítulo novo desta noite, Pato deve, enfim, fechar o casamento que começou com muitas aspirações e terminou cheio de mágoas. Cada um cuidando do seu lado.