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Pato fez "primeiro gol" da Arena, seu último momento de paz no Corinthians

26 mai 2019 - 04h03
(atualizado em 29/5/2019 às 01h51)
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Alexandre Pato vai estrear oficialmente na Arena Corinthians neste domingo, às 19h (de Brasília), com cinco anos de atraso e vestindo a camisa do rival São Paulo. O momento, porém, era vislumbrado pela diretoria do Timão desde que o clube foi campeão mundial, em 2012. Simbolizaria uma era de domínio do clube no país, uma estrela mundial defendendo o time no sonhado estádio. A expectativa era tanta que ele já tem até um gol marcado no local, mesmo com o cenário atual bem longe do programado na ocasião.

A ironia, registrada pelo próprio Alvinegro com orgulho à epoca, se dá pelo status do atacante quando chegou ao Corinthians, apontado como símbolo de uma era vivida apenas quando ele saiu do clube para defender o São Paulo pela primeira vez. E a história do vídeo (veja abaixo) deixa tudo ainda mais curioso, praticamente colocando-o como último momento bom do breve relacionamento entre o atacante e o Timão.

Pato, que fala em "nossa casa", foi chamado para gravar a peça para a TV do clube em uma segunda-feira, 21 de outubro, quando ainda estava em alta. Ele havia marcado o gol da vitória sobre o Criciúma dois dias antes, em um sábado à noite. "Não vejo a hora de jogar um jogo oficial aqui e marcar um gol. Vai, Corinthians", termina ele, apontando para as arquibancadas, ainda em fase de acabamento.

O estádio só foi inaugurado em maio de 2014, quando o camisa 7 já era persona non grata pela Fiel. Na tarde seguinte à gravação, a equipe, já sem chances no Brasileiro, viajaria a Porto Alegre para encarar o Grêmio, pela volta das quartas de final da Copa do Brasil.

Você já deve ter se perguntado se foi esse o jogo. Sim, foi. Na casa do adversário, Pato jogou para o alto a última aspiração de título e de vaga na Libertadores da equipe. Para ser mais preciso, bateu um pênalti bisonho, uma espécie de "cavadinha" mal executada, recuando para o goleiro Dida e confirmando a eliminação corintiana.

Dali para frente, o atacante entrou em litígio com a torcida e, ainda que tenha jogado mais algumas vezes, não foi totalmente perdoado, saindo no começo de 2014 com o São Paulo. Visto como uma das piores contratações da história do clube, pelo desempenho e por ter custado 15 milhões de euros (R$ 40 mi em 2013), ele tem na sua saída talvez o maior trunfo para apontar o contrário: significou também a chegada de Jadson, hoje ídolo da equipe.

Foi o camisa 10 quem vivenciou a era de domínio corintiano pós-Mundial, participando de todos os títulos desde então (dois Brasileiros e o primeiro tri do Paulista do clube desde a década de 30, além de um vice na Copa do Brasil). Não é raro ouvir um corintiano agradecer Pato justamente por poder assistir o hoje vice-artilheiro da Arena com a camisa do Timão.

A esperança de gols do Tricolor, que não podia enfrentar o Corinthians na primeira passagem por um acordo contratual, teve a chance de diminuir esse prejuízo em 2016, mas, na verdade, acabou apenas aumentando a antipatia da torcida por ele. De volta do período de empréstimo ao time do Morumbi, ele recebeu uma proposta de 20 milhões de euros do Tianjin Quanjian, cerca de R$ 60 milhões à época, mas recusou dizendo que queria jogar na Europa.

Emprestado por seis meses ao Chelsea e vendido ao Villarreal por 3 milhões de euros (R$ 10 mi) em julho, Pato deixou os dirigentes corintianos ainda mais furiosos ao aceitar uma proposta do mesmo Tianjin Quanjian em 2017. "Teve coisas erradas do clube, erradas dele. E ele descontou fazendo isso. Não fez nada ilegal", comentou o presidente Andrés Sanchez, em entrevista recente ao canal Desimpedidos.

Com o capítulo novo desta noite, Pato deve, enfim, fechar o casamento que começou com muitas aspirações e terminou cheio de mágoas. Cada um cuidando do seu lado.

Gazeta Esportiva Gazeta Esportiva
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