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Eleição de Caboclo na CBF consolida trama de Del Nero

8 abr 2019 - 10h57
(atualizado às 14h18)
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Por vários anos braço direito de Marco Polo Del Nero, Rogério Caboclo toma posse nessa terça (9), no Rio, como novo presidente da CBF. Chega ao poder graças a manobras que afastaram nos últimos meses a possibilidade de uma chapa adversária. Na verdade, Caboclo foi eleito em abril do ano passado, num pleito marcado por uma artimanha arquitetada pelo grupo de Del Nero – hoje banido do futebol pela Fifa por suspeitas de envolvimento em corrupção.

Rogério Caboclo assume presidência da CBF
Rogério Caboclo assume presidência da CBF
Foto: Pilar Olivares / Reuters

Quando Del Nero, Caboclo e seus cúmplices davam a entender que a CBF caminhava para tempos de mais transparência, eis que eles articularam assembleia para mudar o peso do voto das federações estaduais e assim deixar nas mãos dessas entidades a decisão pela escolha do sucessor de Del Nero na confederação.

Os clubes das Séries A e B do Brasileiro ficaram para trás e mesmo com seus votos somados não poderiam ultrapassar as federações, desde que essas entidades marchassem juntas. Ora, praticamente todas as 27 federações estaduais dependem de um aporte financeiro mensal dado pela CBF – o chamado ‘mensalinho’, que estaria hoje em torno de R$ 75 mil. Além disso, é destinada a quantia aproximada de R$ 25 mil mensais a cada um de seus presidentes.

Marco Polo Del Nero, ex-presidente da CBF
Marco Polo Del Nero, ex-presidente da CBF
Foto: Marcello Dias / Futura Press

Difícil imaginar, portanto, que houvesse alguma ruptura dessa estrutura. O único movimento interno de resistência era capitaneado pelo então presidente da Federação Catarinense de Futebol, Delfim Peixoto, que defendia publicamente a punição para os que haviam se beneficiado ilicitamente da CBF – envolvida há vários anos em escândalos de corrupção, motivo pelo qual um de seus ex-presidentes, José Maria Marin, está preso nos EUA.

Delfim estava no voo da Chapecoense e não sobreviveu à queda da aeronave que causou a morte de 71 pessoas, em novembro de 2016, na Colômbia.

Já fazia mais de um ano que Caboclo vinha atuando como diretor executivo de Gestão da CBF, enquanto a presidência ficava a cargo do coronel Antônio Nunes, alçado ao cargo em outra manobra de Del Nero e seu grupo, em 2017. Na prática, porém, era Caboclo quem comandava a confederação, sempre com o aval de Del Nero, uma vez que a figura do coronel Nunes soava constrangedora para a entidade, tal a quantidade de gafes e trapalhadas que ele acumulava na função.

Agora, Caboclo assume a presidência estranhamente com o respaldo da Confederação Sul-Americana de Futebol e da própria Fifa, cujos diretores preferem fazer vista grossa em vez de investigar sua participação em atos que sugerem, no mínimo, descompromisso com transparência e com uma gestão profissional.

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Fonte: Silvio Alves Barsetti
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