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Capital x interior: rivalidade em SC tem capítulo inédito na elite

21 mai 2011 - 08h20
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Dassler Marques

Não há Estadual de grande porte no futebol brasileiro onde interior e capital se enfrentam de forma tão equilibrada quanto em Santa Catarina. Prova disso são os oito títulos estaduais do Joinville nos anos 70 e 80, por exemplo. Mas o início do Campeonato Brasileiro de 2011 reserva um momento especial para o público de Florianópolis: pela primeira vez em 41 edições, a Série A terá um duelo entre Figueirense e Avaí.

O momento inédito para as duas torcidas simboliza a inversão de forças em Santa Catarina, que historicamente se acostumou a ver os times do interior levarem a melhor em muitas ocasiões. A maior glória do futebol catarinense pertence ao Criciúma, campeão da Copa do Brasil com Luiz Felipe Scolari em 1991 e também das Séries B e C do Brasileiro - exclusividade no Estado. Mas é a capital que reage desde o início da última década.

Figueirense e Avaí conquistaram sete das 10 edições recentes do Campeonato Catarinense, recuperando um domínio que só havia nos primeiros anos da competição. Tanto que, só a partir de 1927, quando se jogou o Estadual pela quarta vez, um clube do interior se fez presente. Naquela temporada, o Brasil de Blumenau debutou com o vice-campeonato diante do Avaí.

O domínio do interior e a recuperação da capital

No livro História do Futebol Catarinense, César do Canto Machado afirma até que, para muita gente na época, só mesmo a edição de 1927 foi considerada um Estadual de verdade, pois até então participavam apenas as equipes da capital. As deficiências das estradas que levavam até Florianópolis limitavam a ideia de que times do interior participassem do Catarinense, embora o futebol já tivesse se difundido por todo o Estado.

A partir de meados da década de 40, o interior catarinense se tornou hegemônico. Tanto que, entre 1947 e 2000, Figueirense e Avaí conquistaram apenas quatro títulos cada. Equipes fora da capital se adequaram mais rapidamente à realidade do profissionalismo, caso clássico do Metropol, da cidade de Criciúma.

Tido como clube moderno, foi campeão estadual cinco vezes na década de 60 e também quinto lugar da Taça Brasil. Chegou a ser chamado de Santos e Real Madrid, já que realizou excursões pela Europa. Em 1969, curiosamente, abandonou o profissionalismo e passou a disputar apenas competições amadoras, condição que preserva até os dias atuais.

Enquanto o Joinville conseguiu oito títulos estaduais consecutivos e o Criciúma atingiu façanhas nacionais, Avaí e Figueirense só se reergueram de verdade na década 2000. Com investimento em infraestrutura, visão moderna de futebol e sucesso na contratação de jogadores experientes, retomaram o domínio do futebol estadual.

Em 2006, o Figueirense atingiu a sétima posição no Campeonato Brasileiro, colocação superada pelo Avaí, sexto, só três anos depois. O clube alvinegro ainda foi vice-campeão da Copa do Brasil e até ganhou a tradicional Copa São Paulo de Juniores. Os avaianos, nesta temporada, jogam por um empate sem gols em casa contra o Vasco para também avançar à decisão da mesma Copa do Brasil.

Nos últimos anos, os clubes da capital praticamente terceirizaram os departamentos de futebol. O Figueirense se sustenta graças à parceria com o empresário carioca Eduardo Uram, proprietário da empresa Brazil Soccer e dono de mais de 20 jogadores do elenco principal. É similar a parceria do Avaí com a empresa LA Sports, antiga sócia do Paraná Clube e hoje também ao lado do Coritiba.A caminho do momento mais especial, o futebol catarinense viu no primeiro semestre que a rivalidade entre interior e capital ainda resiste, apesar dos bons momentos de Avaí e Figueirense. A decisão estadual foi disputada entre Criciúma e Chapecoense, que assume status de emergente no Estado e se sagrou campeã.

Avaí de Marquinhos e Figueirense de Túlio se encontram pela primeira vez na elite nacional
Avaí de Marquinhos e Figueirense de Túlio se encontram pela primeira vez na elite nacional
Foto: Antônio Carlos Mafalda / Gazeta Press
Fonte: Terra
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