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Análise: mesmo em jogo bom, futebol de Inter e Corinthians fica de lado em novo caso de suposto racismo

15 mai 2022 - 06h05
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Por Marina Bufon

O Corinthians foi até o Beira-Rio no último sábado e teve uma atuação diferente para cada tempo de jogo contra o Internacional. No primeiro, muito ruim; no segundo, levemente melhor. O empate por 2 a 2, por fim, foi justo e manteve o Alvinegro na liderança do Campeonato Brasileiro. Entretanto, um suposto caso de injúria racial tomou toda a atenção depois da partida - e deve ser assim.

Próximo dos 30 minutos, após cobrança de lateral, o meio-campista Edenílson e o lateral-direito Rafael Ramos, natural de Portugal, estavam em disputa de bola quando acontece o momento da acusação. O camisa 8 disse ter ouvido a palavra "macaco" do português. O jogo ficou paralisado por alguns minutos e a bola voltou a rolar. Rafael foi substituído pouco depois.

Enquanto Jô disse que o companheiro de time teria falado uma palavra em português de Portugal, Roberto de Andrade, diretor de futebol do Corinthians, sustentou a tese de que foi dito "mano c…", segundo o próprio jogador. Pelo lado do Inter, o vice-presidente Emílio Papaléo Zin disse que daria respaldo ao que Edenílson decidisse fazer.

Não cabe a mim investigar e nem punir, apenas informar. Até o momento da redação desta nota, o jogador colorado teria dado depoimento à Polícia Civil sobre o caso e Rafael Ramos foi detido em flagrante e liberado em seguida para responder em liberdade. Ainda assim, o caso está sendo investigado.

Por isso, é importante utilizar os termos "se", "caso", "suposto", mas se o fato for confirmado, não há outra alternativa senão rua, senão penalidade. Racismo e injúria racial são crime e assim devem ser tratados, dentro e fora de campo.

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Sobre o jogo

Apenas uma coisa deu certo nos primeiros 45 minutos do Corinthians, que foi o gol, ainda que tenha sido de uma forma sofrida - com Raul Gustavo caído no chão. De resto, fica difícil elencar o que deu errado, porque foram muitas coisas.

A defesa corintiana não conseguiu mostrar segurança em praticamente momento algum, sendo este o pior jogo de Rafael Ramos, que deixou muito a desejar. Tanto é que Vítor Pereira precisou deslocar Mantuan novamente para o lado direito na tentativa de ajudar o lateral. Não adiantou.

Gil não conseguiu dar cobertura por aquele lado, errando nos dois gols do primeiro tempo, assim como Raul, que se fez um, "deu" outro de bandeja, sem conseguir parar David em giro após cobrança de lateral.

Para além dos erros defensivos e individuais, é preciso falar também sobre a inteligência de Mano Menezes e companhia ao anular completamente o meio-campo formado por Du Queiroz, Maycon e Renato Augusto - o camisa 8 pouco apareceu, ainda que tenha dado um passe perfeito para Róger Guedes quase marcar no primeiro tempo.

Já na segunda etapa, apenas uma alteração foi necessária para modificar a postura da equipe. Jô entrou no lugar de Róger Guedes e protagonizou os melhores lances de ataque, culminando com o gol do novo empate aos 19 minutos. Pelo que foi apresentado pelas duas equipes - o Inter no primeiro tempo e o Timão no segundo -, o resultado foi justo.

Dois aspectos chamam atenção nisso: o time foi muito mal nos 45 minutos iniciais e poderia ter tomado mais gols. Cássio não era vazado há sete partidas, o Corinthians há cinco. Ainda assim, a equipe foi em busca do empate, com um gol em um momento em que ia mal e outro em que ia bem.

Isso manteve o Alvinegro na liderança isolada do Brasileirão, com um ponto suado conquistado fora de casa. Assim se faz um postulante ao título e, se mantiver assim, há motivos para se acreditar em coisas grandes na temporada.

Gazeta Esportiva Gazeta Esportiva
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