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Brasil quer receber mais três eventos da Fifa no futuro

Com apoio da CBF, País pretende utilizar experiência acumula em eventos anteriores para atrair mais competições

19 set 2019 - 11h11
(atualizado às 11h54)
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O Brasil quer aproveitar a experiência acumulada na organização da Copa do Mundo de 2014 e da Copa América de 2019 para receber outros grandes torneios internacionais de futebol. O País entra na rota dos grandes eventos esportivos. Em outubro, o País terá o Mundial Sub-17 e ainda concorre para ser a sede nos próximos anos do Mundial Sub-20 (2021) e da Copa do Mundo Feminina de Futebol (2023).

A candidatura para os eventos organizados pela Fifa faz parte de uma estratégia definida pela CBF para manter o prestígio internacional do Brasil como anfitrião, aproveitando a expertise que adquiriu nos torneios anteriores. "Não é de hoje que o futebol move os brasileiros e desperta seus sonhos. Mais do que isso, é um importante componente da nossa economia. Por isso, vamos nos candidatar a todos os grandes eventos disponíveis do futebol. A Fifa tem absoluta confiança na nossa capacidade operacional e a prova disso foi a escolha do Brasil como sede da Copa do Mundo Sub-17", afirmou Rogério Caboclo antes de ser confirmado como presidente da entidade que dirige o futebol brasileiro.

Segundo porta-voz da Fifa em contato com o Estado, a experiência adquirida pelo País formou um aprendizado importante e valorizado na hora de definir qual será o destino das próximas competições. A infraestrutura de algumas metrópoles ajudam nessa visão de fora. Cidades como São Paulo, Porto Alegre, Salvador, Rio, Fortaleza, Curitiba, Belo Horizonte, entre outras, estão com suas arenas prontas e há nelas uma boa rede hoteleira, por exemplo. Tudo isso conta.

Para o professor de marketing esportivo da ESPM Ivan Martinho, o aprendizado possibilitou o surgimento de empresas e profissionais especializados. "Em um país que já recebeu Copa do Mundo e Olimpíada, nenhum evento vai ser tão complexo quanto isso. Tudo o que vier a partir de então será mais fácil", afirmou.

Na opinião do especialista, o Brasil também se tornou capaz de formar mão de obra especializada. "Essa mão de obra já se formou no País. Isso vai desde o profissional que fornece gerador de energia, até a hospitalidade em áreas VIPs, licenciamento, material de merchandising, logística dos eventos e segurança...", explicou Martinho.

Professor de marketing esportivo da ESPM, Ivan Martinho, avalia que o Brasil começou a aprender a sediar eventos no Pan de 2007, no Rio. Ouça o que ele disse:

Em outubro, o Brasil recebe a Copa do Mundo Sub-17 masculino de futebol. O Brasil substituiu o Peru, que não conseguiu cumprir os encargos exigidos pela Fifa, e vai abrigar as delegações de 24 países. Os estádios passam por algumas melhorias, mas apenas retoques, distantes do extenso caderno de encargos da Copa do Brasil há cinco anos. A entidade conseguiu flexibilizar o chamado "padrão Fifa", conjunto de exigências e critérios sobre a utilização dos estádios, além de regras para isentar os organizadores do pagamento de impostos locais ou mesmo de tarifas de importação. Portanto, deixou o evento mais atrativo também para quem recebe. Sem falar que trata diretamente de contratação de mão de obra, emprego para as pessoas das cidades-sede.

O estádio Kleber Andrade, maior praça esportiva de Vitória (ES), umas das sedes do Mundial Sub-17, contou com investimentos de R$ 15 milhões parar corrigir falta de sinalização, aparentes infiltrações nas paredes e falta de acabamento adequado. Brasília e Goiânia são as outras sedes do torneio. A CBF não vai ceder estádios que estão sendo usados para jogos do Campeonato Brasileiro. A exceção é o Mané Garrincha, em Brasília, que não é o estádio número 1 de nenhum dos 20 times da Série A. O Mundial Sub-17 começa no dia 26 de outubro, quando o Brasil encara o Canadá, às 17h, no Bezerrão (DF).

Há muito interesse, principalmente dos clubes da Europa, de ver essa molecada em ação. Esses times estão comprando cada vez mais cedo, na base mesmo, e torneios como esse, sub-17, expõem uma série de bons jogadores. O Brasil já sofre há algum tempo do assédio. Rodrygo, ex-Santos, e Vinicius Junior, ex-Flamengo, são exemplos de garotos vendidos para equipes europeias antes dos 18 anos. Ambos estão no Real Madrid, da Espanha.

Futebol feminino

Ancorado no sucesso de audiência da Copa do Mundo feminina, que teve recorde e mobilização inédita na história neste ano e numa espécie de recuperação da categoria, o Brasil também se candidatou para ser sede da Copa do Mundo Feminina de 2023. Para a CBF, seria o empurrão que as meninas precisam. "O futebol feminino passa por um momento de franca expansão, a CBF tem feito investimentos importantes para melhorar o calendário, as competições, as estruturas e a divulgação da modalidade. Temos de aproveitar os excelentes equipamentos espalhados pelo País e a vinda da Copa do Mundo teria um efeito muito positivo para isso", afirmou Caboclo.

Além do Brasil, estão na disputa África do Sul, Argentina, Austrália, Bolívia, Colômbia, Coreia do Sul e do Norte, Nova Zelândia e Japão. Não será fácil. É um número recorde de nove candidatos. As vistorias de instalações dos países candidatos terão início em novembro e dezembro. A escolha do país-sede será realizada em março de 2020.

O Brasil também é um dos candidatos a sediar o Mundial Sub-20 masculino, que será realizado em 2021. O País superou a primeira fase de concorrência e disputa agora com mais dois rivais o direito: Indonésia e Peru. A definição será no próximo mês, durante Congresso da Fifa na China. O secretário-geral da CBF, Walter Feldman, afirmou que a região Nordeste será a sede do Mundial Sub-20, caso o Brasil seja escolhido como anfitrião.

Embora esses eventos sejam menores em comparação ao interesse internacional pela Copa do Mundo, as cifras envolvidas são elevadas. Segundo o balanço financeiro da Fifa, as edições de 2017 dos torneios sub-17 e sub-20 tiveram orçamentos somados de R$ 152 milhões. Já a Copa Feminina disputada na França, neste ano, vencida pelos EUA, tinha a estimativa de render para a entidade cerca de R$ 540 milhões, valor que certamente será superior na próxima edição, com mais participantes.

De olho na Ásia

A Ásia é o grande obstáculo no caminho do Brasil nesa corrida. Como a Fifa tinha vários contratos que previam a disputa de uma Copa das Confederações em 2021, um ano antes da Copa do Mundo do Catar, a entidade entende que precisa compensar o continente com algum torneio. Um dos rivais mais fortes é a candidatura conjunta das duas Coreias. Há nessa possibilidade o gesto político de unir as duas nações.

O legado das grandes competições, no entanto, possui um lado negativo. Das 82 obras que foram inicialmente propostas na Matriz de Responsabilidades da Copa de 2014, apenas 20 foram concluídas e entregues. Quando a construção e reforma de 12 estádios foi anunciada, a justificativa era de que modernizariam o futebol brasileiro e atrairiam mais torcedores para os campeonatos regionais. As novas arenas custaram cerca de R$ 8,4 bilhões, 184% a mais do que o estimado inicialmente. Apesar dos enormes investimentos, a maioria dos estádios só viu futebol e arquibancadas lotadas na Copa mesmo. Apenas para citar os exemplos dos chamados "elefantes brancos", sem contar as obras de infraestrutura, principalmente de mobilidade urbana, que não saíram do papel.

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Estadão
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