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Copa da Rússia

Apertar a barba de Rami vira 'amuleto' da França na Copa do Mundo

Supersticiosos, jogadores repetem ritual curioso antes de todas partidas da equipe no Mundial da Rússia - na final não será diferente

14 jul 2018 - 05h11
(atualizado às 05h12)
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Embora os franceses tenham dado uma contribuição importante para o mundo nas áreas baseadas na racionalidade, como a filosofia, eles também são supersticiosos. Pelo menos os jogadores. A seleção francesa usou seis uniformes diferentes ao longo da Copa do Mundo da Rússia. Os jogadores repetem um ritual curioso antes de todos os jogos: apertar a barba do defensor Adil Rami, o mais divertido do grupo. "Isso nos traz sorte. Fizemos antes dos outros jogos e faremos antes da final", confirmou o atacante Antoine Griezmann, após a vitória sobre a Bélgica.

As superstições não são particulares dessa geração. Na Copa do Mundo de 1998, quando os franceses conquistaram o título em casa, o zagueiro Laurent Blanc sempre beijava a careca do goleiro Barthez depois de todos os jogos. O técnico atual, Didier Deschamps, era o capitão daquele time.

O professor Gerson de Moraes, doutor em Filosofia e professor de Ciências da Religião da Universidade Presbiteriana Mackenzie, vê um paradoxo na superstição francesa. "A Revolução Francesa nasce combatendo elementos obscurantistas, entre eles, a religião. Apesar disso, dois movimentos no século 19 criam um paradoxo com essa tradição: o movimento espírita e o positivismo. O espírito francês tem uma sociedade laica e secular, mas que não exclui elementos de religiosidade e superstição", explica.

As mandingas são comuns no futebol, principalmente entre as seleções da Copa. O português Cristiano Ronaldo, por exemplo, só entra em campo com o pé direito. Em 2014, quando escolheu o CT do Atlético Mineiro para treinar, a Argentina pediu a exclusão dos números 13 e 17 dos quartos dos jogadores. Segundo Carlos Bilardo, então diretor de seleções, esses números dão azar.

"No futebol, existe o imponderável. Todo atleta de alto rendimento sabe que não tem o controle de tudo. Nessas horas, ele busca nos atos ritualísticos e na sua devoção forças para cumprir o que foi determinado. Existe a racionalidade, mas também aquilo que não se explica. A superstição traz a sensação de controle. Os atletas acreditam que tudo vai dar certo se o ritual for repetido", explica Moraes.

Estadão
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