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ANÁLISE: Por segurança, Tite mantém base da Copa e renova pouco a seleção

Técnico vai na contramão de antecessores e muda pouco a convocação para a disputa do torneio continental

17 mai 2019 - 12h55
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A convocação da seleção brasileira para a Copa América do Brasil, realizada nesta sexta-feira, trouxe como novidade a falta de novidades. Dos 23 jogadores chamados para a disputa do torneio, 14 (60% do total) estiveram sob o comando do técnico Tite na Copa do Mundo do ano passado, na Rússia. A manutenção de tantos nomes é algo raro quando se trata desse torneio, que costuma marcar um ciclo de mudanças no elenco.

O Brasil tentará voltar a vencer uma Copa América após 12 anos com uma equipe muito menos renovada do que as escolhida para as edições anteriores do torneio. A competição continental, por ser realizada nos anos seguintes às Copas do Mundo, costuma marcar o início da preparação para o Mundial seguinte, com novidades, apostas em novatos e oportunidades de avaliação.

Isso possibilitou, por exemplo, o Brasil mudar intensamente o elenco para as Copas Américas de 2011 e de 2015, realizadas imediatamente no ano seguinte aos Mundiais de 2010 e 2014. Para a competição na Argentina, em 2011, Mano Menezes deu a primeira chance para Neymar disputar uma competição oficial e chamou somente nove jogadores que estiveram na África do Sul no ano anterior.

Em 2015, no Chile, Dunga deu ainda menos espaço para quem esteve na campanha da Copa de 2014. Apenas oito nomes ganharam chances para serem convocados, enquanto 15 jogadores ganharam espaço. Esses dois ciclos, no entanto, apresentam uma grande diferença em comparação à situação de Tite. O atual técnico da seleção brasileira já estava no cargo na Copa e, por isso, terá uma dose menor de perdão em caso de erro.

A eliminação na Copa da Rússia, os resultados pouco convincentes nos últimos amistosos e a cobrança por disputar uma competição oficial no Brasil fazem a Copa América ser para Tite uma missão especial, e não um laboratório, como foram as edições anteriores do torneio continental. Para encarar essa pressão, o treinador procurou recorrer a quem conhece e confia.

Nos oito amistosos realizados depois da Copa, Tite chamou 24 jogadores que não levou para a Rússia, dos quais 11 ganharam a chance de vestir a camisa da seleção pela primeira vez. De todo esse grupo, somente nove atletas conquistaram espaço entre os 23 convocados. A lista trouxe de volta até mesmo o volante Fernandinho, que não era chamado pela seleção desde o Mundial.

Portanto, o técnico mostro confiar muito nos jogadores que o ajudaram quando chegou à seleção, em 2016. Tite quer trabalhar nesse momento de pressão com quem conhece e pode lhe contribuir a enfrentar à dura missão de conter a pressão da torcida e buscar o título da Copa América.

* REPORTER DO ESTADÃO

Estadão
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