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A Copa como ela é

Estamos na Rússia para realizar um sonho que acontece de 4 em 4 anos. Para viver a história intensamente e contá-la do nosso jeito

13 jun 2018 - 04h04
(atualizado às 04h04)
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Abri a janelinha do avião. Dava pra ver o sol saindo entre as nuvens. Eram 3h15 da manhã e o primeiro dia em solo russo já raiava. Quando o piloto fez o pouso, ouvi aplausos. E aí veio o coro: "Vamos, vamos, Argentina! Vamos, vamos, a ganar! Que esta barra quilombera no te deja de alentar!". Exatamente nesse momento, a dois dias da abertura oficial, a Copa do Mundo 2018 tinha acabado de começar para mim.

Panorama político, ano eleitoral, tensão social, greve, crise, o 7 a 1. Nada é capaz de evitar a fervura quando se tem genes futebolísticos no sangue brasileiro e a maioria dos passageiros do voo, que saiu de São Paulo, é argentina. Se o espírito de Copa do Mundo ainda não tinha invadido meu corpo até então, ele veio puxar meu pé naquele avião, usando uma camisa do Messi e aquele corte de cabelo com mullets, tão fora de moda que nem os jogadores usam mais. Aliás, eles perderam o respeito quando perderam os cabelos.

Bolívia Zica, apresentador mascarado do canal Desimpedidos
Bolívia Zica, apresentador mascarado do canal Desimpedidos
Foto: Bolívia Zica/Facebook / Estadão

Mas, voltando ao que realmente importa, ao contrário do que imaginei, não tinha fila no controle de passaporte na chegada ao país do Mundial. A policial da imigração - veja bem, "da imigração" - não falava uma palavra em inglês sequer. "O barato vai ser louco", pensei no avião. Eram apenas os primeiros minutos na terra da Copa e eu já tinha vontade de tuitar, fazer stories no Instagram e contar tudo que estava vivendo na Rússia.

O Desimpedidos tem hoje 6 milhões de seguidores no YouTube. Uma verdadeira comunidade de amantes do futebol que nos ajuda a criar, produzir e publicar um conteúdo que não existia: o ponto de vista do torcedor. Eram jogadores de um lado, imprensa de outro e o público na plateia, apenas consumindo.

Hoje, além do Desimpedidos, existe uma série de canais que usam as plataformas digitais para compartilhar suas experiências e abrir espaço à interação. Ninguém mais é um mero espectador. Nem na Copa do Mundo. Com o avanço das câmeras de celular e das redes sociais, todo torcedor é um veículo de comunicação completo, cada um com seu olhar.

Na verdade, nem mesmo os jogadores, grandes estrelas do evento, se resumem ao papel de atleta. Eles também usam as redes sociais para dividir e compartilhar, desde sua visão de dentro do evento - bastidores, treinamentos, concentração, vestiários, clima no ônibus - até suas alegrias e tristezas durante a competição. Um material que repórter nenhum teria acesso, nem mesmo a poderosa emissora de TV, e que agora chega direto, via expressa, até os torcedores do mundo inteiro.

E isso é o que somos, acima de tudo. Torcedores. Estamos na Rússia para realizar um sonho que acontece de quatro em quatro anos. Para viver a história intensamente e contá-la do nosso jeito. Quem não pôde estar na Rússia, vai se sentir representado. Vai respirar o clima do país-sede. A Copa nua a crua, como ela é, parafraseando Nelson Rodrigues, um ilustre torcedor acima de tudo. A Copa do Mundo mostrada ao vivo por milhares, para bilhões.

E, para esquentar, amanhã, dia do pontapé inicial em Moscou, entre Rússia e Arábia, sai o Bolívia Talk Show com nosso camisa 10, o menino Ney. Bem à vontade, falando a real, sem media training e sem filtro - a não ser o do Instagram.

*BOLÍVIA ZICA, APRESENTADOR MASCARADO DO CANAL DESIMPEDIDOS

Estadão
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