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Goleiro ex-Flamengo se aposenta aos 31 anos e vira empreendedor da área da comunicação

Getúlio Vargas troca a carreira como jogador pelo trabalho como comentarista e profissional de marketing

26 mai 2020 - 07h10
(atualizado às 08h13)
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Dentre os altos e baixos da vida, Getúlio Vargas Júnior, comentarista dos canais Fox Sports e ex-jogador profissional de futebol, se reinventou. Nascido em São Gonçalo, região metropolitana do Rio de Janeiro, o pequeno garoto, que carrega em seu nome uma homenagem ao pai, deixou de lado a carreira de goleiro de forma precoce quando estava com pouco mais de 30 anos para apostar na área de comunicação.

Em entrevista ao Estadão, o agora jogador aposentado e com 37 anos contou curiosidades sobre o carreira e como de goleiro virou um empreendedor. Além de comentarista, ele organiza também eventos de marketing esportivo. A nova profissão teve início quando Getúlio estava com 31 anos e decidiu parar com o futebol. Apesar da mudança drástica, ter sido goleiro e atuado pelo Flamengo foi uma grande realização para ele.

"Este sonho foi potencializado pela admiração que eu tinha pelo meu pai, goleiro das peladas do bairro. Comecei treinando de forma mais séria no futsal do Canto do Rio F.C, pequeno clube da região metropolitana. E foi na primeira vez que pisei no ginásio da Gávea, representando o 'Cantusca', em um jogo contra o Flamengo, que tive a primeira grande lição da minha carreira. Sofri nada menos do que dez gols na derrota", contou Getúlio, que, na volta, caiu em lágrimas no colo de seu pai por conta da goleada.

"Naquele dia, ele me disse uma frase que carrego comigo até hoje: independentemente da situação, faça sempre o seu melhor". E, talvez, a partir do significado dessa frase, que o aspirante a jogador, vazado por dez vezes, chamou a atenção do Flamengo. Getúlio havia dado o seu melhor e continuaria dando.

"O convite vinha acompanhado de um grande desafio: percorrer 50 quilômetros diariamente para treinar, sem ter a condição financeira para isso. Como meus pais trabalhavam, meu avô, Pardal, encontrou a solução: embarcou comigo no sonho e abriu mão de sua rotina diária para me levar de ônibus - que ele tinha acesso gratuito - todos os dias para a Gávea", revelou.

Inspirado no veterano Zetti e no promissor Júlio César, que, na época, se destacava nas categorias de base do Flamengo, Getúlio caminhou em direção a uma de suas maiores conquistas, a Copa do Brasil de 2006, em pleno Maracanã, contra o Vasco.

Em 2007, o goleiro foi emprestado ao Fortaleza, onde disputou o Campeonato Cearense e foi, mais uma vez, campeão, porém, com um gostinho a mais, foi eleito o melhor de sua posição durante o torneio. As conquistas lhe projetaram para fora do país, onde pode apurar seu olhar para além das quatro linhas.

"Na Bélgica, desenvolvi um novo olhar para o futebol. Comecei a entender que era preciso muito mais do que talento dentro de campo para tornar uma equipe vitoriosa. Passei a prestar atenção no modelo de gestão europeu, altamente profissional e organizado. Ao mesmo tempo, vi que, para fazer a diferença, era preciso aprender o idioma e me adaptar às diferenças culturais, uma vez que tínhamos marroquinos, belgas, sul-americanos e africanos no time", explicou Getúlio.

A partir de então, a carreira do goleiro traçou o percurso de uma montanha russa. O clube belga não efetuou sua compra, o que lhe fez migrar como um nômade entre o Brasil e a Europa. Getúlio ia e voltava. Na reta final dessa trajetória, passou pelo Vitória de Setúbal, em Portugal, e, por fim, pelo Orlando Pirates, da África do Sul, onde viveu outro momento decisivo.

"O Orlando Pirates, principal time da África do Sul, estava montando uma equipe forte para disputar a Champions League africana, no pós-Copa (2010). Na minha primeira semana na África, no treino de véspera da minha estreia, fraturei o polegar direito em três lugares, o que me obrigou a ficar seis meses sem tocar na bola. Você pode imaginar quanta coisa se passou pela minha cabeça durante esse momento", revelou o ex-jogador.

Em 2013, o goleiro voltou por definitivo ao Brasil. Getúlio, dessa vez, vestiu a camisa do Bangu, onde fez um bom Campeonato Carioca e despertou o interesse de alguns gigantes do Rio. Naquele momento, tudo corria certo para que seu retorno ao país fosse bem sucedido, porém, devido a uma sucessão de acontecimentos e uma manobra de bastidores, o encanto do atleta pelo futebol foi se minguando.

"Em paralelo, comecei a pensar no pós-carreira e me inscrevi no curso de jornalismo esportivo no IBMEC. Durante a Copa do Mundo, tive a minha primeira experiência real em TV, tendo sido convidado para participar de vários programas esportivos para falar sobre a seleção belga e sobre o legado da Copa na África do Sul. Tinha sido picado pela mosquinha azul da comunicação", disse Getúlio.

A gota d'água para que o jogador aposentar suas chuteiras foi outra frustração em relação à equipe Belga. Getúlio afirma que havia assinado um pré-contrato para sagrar seu retorno à Europa, mas o documento foi cancelado antes mesmo que embarcasse para o Velho Continente, o que lhe fez desistir da carreira dentro dos gramados.

"Era chegada a hora de aposentar as luvas e mergulhar no meu maior talento: a comunicação. A sede por conhecimento fez com que me especializasse em marketing esportivo, e me tornasse palestrante certificado. Em pouco tempo, a minha palestra 'Existe Vida Após a Bola' já tinha impactado mais de 10 mil pessoas", contou.

Getúlio fechou os olhos para o futebol e mergulhou de cabeça em seu entorno. Foi para o Esporte Interativo, passou pelo Grupo Bandeirantes de Comunicação e atualmente faz parte do time de comentaristas dos canais Fox Sports. Tudo isso, antes de completar 40 anos.

"Vinte e sete anos depois daquele ônibus da Gávea, ressignifiquei a frase do meu pai. De novo, seria preciso fazer o meu melhor, independentemente da situação, por mais desafiadora que parecesse. Sentia que precisava democratizar o conteúdo técnico da indústria do futebol, levando conhecimento para todos os cantos do país", revelou o comentarista, que estava prestes a dar mais um passo importante em sua carreira.

"Foi na volta da minha palestra, em Doha, no Qatar, que, conversando com a minha mulher, especialista em eventos, criamos a ideia de um congresso online. Idealizei seis trilhas do conhecimento, criando um panorama abrangente para quem participasse daquele que seria o 'Futsummit', o maior congresso online da indústria do futebol: jornalismo, marketing, gestão, direito, carreira e inovação", explicou Getúlio.

O evento criado pelo ex-jogador, com ajuda de sua mulher, Izabel Barbosa, teve início na última segunda-feira (11). De acordo com o comentarista, em menos de um mês, mais de 20 mil pessoas se inscreveram no congresso, que conta com a participação dos jornalistas Mauro Beting, Ivan Moré, Benjamin Back, Rodrigo Rodrigues, João Guilherme, André Henning, Cahê Mota, Vanessa Riche, Rica Perrone, Renata Silveira e Gabriel Reis.

"Há dois meses, em uma dinâmica para planejamento dos meus próximos passos, coloquei no papel o meu propósito: usar o entretenimento para criar conexões e inspirar pessoas com exemplos de superação e resiliência, de forma leve, humana e acessível. Pretendo continuar contribuindo com projetos que tragam um novo olhar para o futebol brasileiro, seja como empreendedor, comunicador, ou ajudando outras instituições a tornarem o futebol do futuro em realidade", concluiu Getúlio.

Estadão
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