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Entidades pedem restituição de mais de US$ 120 mi de Marin e outros cartolas

CBF, fraudada, optou por não pedir dinheiro dos cartolas condenados por corrupção

7 ago 2018 - 03h56
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GENEBRA - Apresentando-se como vítimas, a Fifa, Conmebol e Concacaf querem recuperar pelo menos US$ 120 milhões de José Maria Marin, o ex-presidente da CBF, e outros condenados no esquema de corrupção do futebol. As entidades agora acusam seus ex-líderes de ter causado um "dano irreparável" às instituições.

Conforme o Estado antecipou, apesar de também ter sido fraudada, a CBF abriu mão de solicitar qualquer tipo de reparação, mesmo que esteja provado que ela foi prejudicada por seus líderes. Procurada, a entidade brasileira que ainda vive sob a influência de dirigentes indiciados, optou por não se pronunciar.

A Justiça americana já reuniu o equivalente a US$ 300 milhões e congelou outros US$ 100 milhões, depois de receber multas e outros pagamentos por parte dos diferentes acusados de corrupção no futebol. Agora, as entidades esportivas mundiais querem aproveitar a condenação de Marin para justificar a devolução do dinheiro, alegando que foram vítimas desses cartolas.

Os dados fazem parte de cartas enviadas pela instituição ao tribunal de Nova York que, na próxima semana, vai anunciar a sentença contra Marin. Ele foi condenado por seis crimes, envolvendo propinas de US$ 6,5 milhões.

Para a Fifa, "Marin abusou de forma grosseira de sua posição de confiança na comunidade do futebol para se enriquecer, enquanto causava dano para a Fifa e seus membros".

"O dano causado por Marin e pelos demais conspiradores não pode ser menosprezado", escreveu. "Marin conspirou para fraudar a Fifa, ao aceitar pagamentos ilícitos", insistiram os advogados, que indicaram que o brasileiro "violou repetidamente" as regras da entidade.

A Fifa, portanto, quer recuperar cerca de US$ 97 mil em gastos que teve com viagens e salários ao brasileiro entre 2012 e 2014. Isso inclui o pagamento de US$ 17 mil que a entidade teve com dirigente durante a Copa do Mundo no Brasil.

A entidade também quer que o brasileiro pague pelos custos de advogados, no valor de US$ 125 mil, apenas durante os dias do julgamento, no final de 2017.

A defesa preparada pela Fifa ao longo de três anos ainda custou um total de US$ 28 milhões em honorários para advogados, valor que a Fifa também quer recuperar.

Para a entidade, o dinheiro deve ser devolvido, já que Marin não agiu de forma "honesta" enquanto serviu a Fifa. "Marin participou de uma campanha de corrupção sem precedentes", disse.

Na avaliação da Fifa, Marin "fracassou espetacularmente" em agir de forma ética e, junto com os demais cartolas, comprometeram os "fundamentos da Fifa".

Para a Conmebol, Marin causou um "dano "significativo" para a entidade e ela deveria receber como restituição pelo menos US$ 94 milhões. Isso incluiria os US$ 6,5 milhões desviados, mas também as perdas com seus salários, gastos de US$ 8 milhões com advogados e "possivelmente milhões" de dólares em perda de renda. Um dos valores não determinados ainda seria a quantia que torneios como Copa América e Libertadores poderiam ter rendido aos cofres oficiais se esquemas corruptos não tivessem sido estabelecidos na venda de direitos de TV.

De acordo com a entidade, Marin impediu que a Conmebol usasse os recursos para "desenvolver o futebol".

Os sul-americanos consideram que o dinheiro congelado pelos americanos deve ser usado para "compensar as vítimas dos crimes de Marin" para que "os novos líderes possam assumir os danos que a velha guarda causou para o futebol sul-americano".

De acordo com a Conmebol, existem evidências suficientes das práticas ilegais de Marin. Ele não teria ficado satisfeito com valores de US$ 300 mil anuais em propinas por conta da Taça Libertadores. Seis meses depois de assumir a presidência da CBF, ele pediu que o valor fosse elevado para US$ 450 mil. Na Copa América, seu comportamento foi semelhante.

Os sul-americanos ainda consideram que Marin recebeu de forma "injusta" salários e pagamentos. Entre 2012 e 2015, o brasileiro recebeu da entidade US$ 590 mil em dinheiro vivo.

Para a Conmebol, Marin teria de pagar no mínimo US$ 6,5 milhões. Mas a entidade acredita que foi vítima de outros esquemas e que o valor total do dinheiro a ser recuperado deva chegar a US$ 85 milhões e que outros US$ 250 milhões ainda teriam sido causados em prejuízos para a entidade.

Diante da condenação de Marin, os sul-americanos entendem que devem ser restituídos por valores milionários, por conta da confissão de vários outros cartolas, assim como a condenação do brasileiro.

Entre as entidades que também pedem uma recuperação de dinheiro está a Concacaf. Ela, porém, não colocou valores em sua solicitação. Três funcionários da Traffic também querem ser recompensados.

Estadão
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