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Daniel Dias será colocado à prova no Mundial Paralímpico de Natação

Novo sistema de classificação funcional faz com que multimedalhista corra o risco de voltar sem nenhum ouro

9 set 2019 - 04h45
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O Mundial Paralímpico de Natação começa nesta segunda-feira em Londres e será a primeira competição que o Brasil sentirá de fato os efeitos do novo sistema de classificação funcional. As alterações devem influenciar diretamente nos resultados, por exemplo, do principal medalhista do País, Daniel Dias, que corre o risco de voltar sem nenhuma medalha de ouro na bagagem.

O brasileiro vem de uma vitoriosa participação nos Jogos de Lima. Ele conquistou seis ouros e manteve sua invencibilidade em Parapans somando um total de 33 medalhas douradas. Na competição continental, no entanto, nenhum adversário de uma classe acima da sua havia entrado para a S5, a que ele disputa.

Na piscina da capital inglesa, Daniel terá pela frente dois italianos e um chinês que devem complicar e muito as possibilidades de pódio. Os três eram atletas que brigavam por medalhas na S6 e foram rebaixados para a categoria do brasileiro. Seu currículo de 24 medalhas de ouro e seis de prata no Mundial não deve crescer tanto por causa disso.

Desde que os atletas da categoria de cima "reforçaram" a S5, cinco recordes mundiais de Daniel foram batidos. O chinês Lichao Wang agora é dono das melhores marcas nos 50m costas e 50m borboleta. O italiano Antonio Fantin superou o brasileiro nos 50m livre e 100m livre. E o também italiano Francesco Bocciardo roubou o melhor tempo nos 200m livre.

"É injusto o que está acontecendo. Me sinto prejudicado competindo com atletas que não são novos no Movimento Paralímpico, pelo contrário são campeões da classe S6", desabafou Daniel em entrevista para o Estado. "A mudança era necessária, mas não da maneira que está sendo implementada. Esperamos que os órgãos responsáveis deixem as coisas mais justas e claras", continuou.

Em Londres, Daniel competirá em quatro provas: 50m costas, 50m livre, 100m livre e 50m borboleta. Apesar de ter de nadar com atletas que possuem maior mobilidade, o brasileiro mantém o otimismo. "A expectativa é boa. É sempre uma alegria poder representar o nosso País em uma competição internacional, ainda mais em um Mundial. Treinamos muito para chegar aqui e dar o nosso melhor", avisou.

As reclassificações foram motivo de divergência entre o presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro, Mizael Conrado, e do mandatário do Comitê Paralímpico Internacional, o também brasileiro Andrew Parsons. O primeiro disse que faltaram critérios para fazer as mudanças e tenta o cancelamento das classificações na Justiça da Alemanha. O outro afirma que desde o final de 2017 estão sendo utilizados critérios científicos. "Esperamos que haja uma mudança sim e que as coisas fiquem mais claras até Tóquio", disse Daniel.

O Mundial de natação ocorrerá entre os dias 9 e 15 de setembro no Parque Olímpico Rainha Elizabeth, mesmo local onde foi realizada a Paralimpíada de Londres-2012. No total, 24 brasileiros que estiveram em Lima também buscarão medalha no país europeu. Na capital peruana, os brasileiros da natação conquistaram 127 medalhas, sendo 53 ouros, 45 pratas e 29 bronzes. A principal ausência será André Brasil, que foi considerado inelegível para o esporte paralímpico nessa mesma reclassificação.

Além de Daniel Dias, vale ficar de olho também em Phelipe Rodrigues, que conquistou sete ouros e um bronze no Parapan, Estefany Rodrigues, que bateu o recorde parapan-americano dos 200m medley, além de garantir duas pratas e um bronze em Lima, e na veterana Edênia Garcia, que vai em busca do pentacampeonato mundial nos 50m costas.

Estadão
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