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Do Barça ao Londrina, Keirrison minimiza obstáculos com lesões: "Sou abençoado"

20 abr 2018 - 09h42
(atualizado às 09h42)
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Entre 2007 e 2008, no Coritiba Foot Ball Club, o Brasil conhecia Keirrison de Souza Carneiro. Em seu primeiro ano disputando uma competição nacional, foi artilheiro do time na Série B, com 12 gols, sendo peça fundamental para o Coxa voltar à elite do futebol brasileiro, depois de fracassar em 2006. O ano seguinte foi o da explosão: o atacante brilhou no Brasileirão, anotando 21 tentos, sendo artilheiro ao lado de Kleber Pereira (Santos) e Washington (Fluminense).

Em entrevista exclusiva à Gazeta Esportiva, Keirrison acredita que a sua carreira foi positiva até o momento, não apenas no sentido futebolístico, mas também em ajudar as pessoas e a realizar sonhos: "Eu sou abençoado. Vim do interior e consegui realizar um sonho, mudar a vida da minha família. O futebol é um presente que Deus me deu, um dom. Eu acho que o sucesso é muito mais que fazer gols ou conquistar títulos. Poder ajudar um pouco as pessoas, as crianças, dizer que o sonho delas, eu sou um testemunho vivo. Então, minha vida é uma história. Me sinto muito feliz mesmo pelo que eu fiz, estou fazendo no presente e o que farei no futuro", disse. .

Aos 29 anos, o K9 (apelido recebido no Coritiba) relembrou os bons momentos na primeira passagem pelo clube paranaense. Entretanto, prefere não olhar para trás e garante que o melhor momento de sua carreira é o agora: "O ano da minha carreira é o presente. Eu vivo muito o presente. Foi um momento importante sim, que praticamente foi o meu início. Foi onde pude profissionalmente mostrar meu trabalho, o Coritiba faz parte da minha história, da minha vida, da minha família, são histórias que ficam marcadas. Ninguém pode apagar. Fico feliz, mas vivo muito o presente, não procuro olhar muito para trás não", afirmou Keirrison. .

O sucesso meteórico fez com que o Palmeiras o contratasse em 2009. O atleta já era objeto de desejo do Alviverde no ano anterior. Com a camisa do Verdão, foram 36 jogos e 24 gols, tendo a melhor média de toda a carreira, até o momento e começava a ser cotado para a Seleção Brasileira principal.

Porém, com o início arrasador, a Traffic (empresa brasileira de mídia esportiva) e o Palmeiras acabaram vendendo o camisa 9 para o Barcelona, em uma transferência polêmica, que Keirrison explicou: "A Traffic e o Palmeiras tinham minha porcentagem, eu realmente não tinha nenhuma. A Traffic tinha 80% e o Palmeiras 20%. Então os dois na reunião com o Barcelona entraram em acordo. Enfim, o Palmeiras só aceitou a proposta, e depois vieram falar comigo. Lógico que a decisão era minha, mas antes disso o clube e o pessoal que tinha meus direitos deram o ok na negociação, e aí era um objetivo meu né", disse o jogador.

Quando soube da transferência para o clube catalão, Vanderlei Luxemburgo, técnico na época, não gostou da situação, por ter sido pego de surpresa, levando o caso à imprensa. O centroavante garantiu não guardar rancor de seu antigo comandante, e fez elogios: "O Vanderlei foi um dos melhores técnicos que eu já trabalhei, mas até então se vocês acompanharem, sei lá, um dia ou dois dias depois que houve a minha negociação, o presidente do Palmeiras achou melhor demiti-lo. Eu particularmente não tive nada com o Vanderlei, mas teve ele com o Palmeiras", comentou o atacante.

A carreira na Europa, no entanto, não acabou sendo como muitos esperavam. Sem espaço no Barça, acabou sendo emprestado para Benfica e Fiorentina. Em nenhum momento conseguiu fazer gols ou se firmar nas equipes. Mas, a passagem pelo Velho Continente, segundo o próprio serviu muito mais como um aprendizado do que qualquer outra coisa.

"É lógico que eu gostaria de ter atuado um pouco mais, não tive tantas oportunidades que eu gostaria, não é desculpa, tenho consciência das minhas responsabilidades, mas todos os atletas precisam ter suas oportunidades aonde estiverem. Enfim, respeito a decisão dos técnicos que eu tive. Pude crescer e evoluir em muitos aspectos, em cultura também, principalmente. Então, eu realmente levo como um aprendizado, um crescimento, não sou de ficar lamentando não", contou o centroavante.

No Barcelona, apesar não ter jogado nenhuma partida oficial, Keirrison chegou a conhecer um dos técnicos mais badalados do mundo: o espanhol Pep Guardiola. O jogador comentou as características principais do treinador, e o que o torna tão diferente dos outros: "Tenho certeza que busca sempre a excelência, isso me dá uma identificação muito grande, porque eu gosto das pessoas que buscam a excelência, não pensa só no bom. Eu vejo que o Guardiola é um exemplo de técnico, todos aqueles que têm vontade de ser técnico tem que olhar para o Guardiola pela forma como ele busca a melhor performance do atleta. Então, ele é o melhor técnico que eu já trabalhei", ressaltou.

Sem grande sucesso no futebol europeu, quis o destino que o K9 retornasse ao Brasil para defender o clube em que mais marcava gols contra: o Santos. Em apenas cinco jogos contra o Peixe balançou as redes dez vezes, com as camisas de Coritiba e Palmeiras.

No Alvinegro Praiano, foram 31 jogos e dez gols, nunca conseguindo se firmar como titular ao lado de Neymar, Ganso e cia, mas, fez parte do elenco campeão da Libertadores em 2011, sob o comando do técnico Muricy Ramalho. O atacante contou sobre a passagem na Vila Belmiro: "Era um grupo com jogadores disputando em cada posição. O atleta precisa compreender que no grupo tem outros atletas. Então, eu vejo que nossa equipe no Santos naquele ano era uma equipe muito forte, e teve as conquistas, vejo isso como um crescimento", pontuou o atleta.

Ainda defendeu o Cruzeiro em mais uma passagem discreta, até voltar ao Coritiba, onde seria a chance de reconstruir a carreira. Contudo, foi impedido por graves lesões, que quase o impediram de dar prosseguimento à carreira como jogador de futebol profissional: "Aconteceram várias situações. Passei por muitas coisas né, sofrimento no corpo, enfim, eu vejo também que foi um grande aprendizado, a gente sabe que tem que evoluir sempre, enfim, Deus tem me restaurado todo o tempo, tenho conseguido jogar futebol até hoje, o que é um milagre né, muitos médicos acreditaram que eu não podia jogar mais. Enfim, eu vejo que a gente sempre tem um propósito, me sinto muito bem hoje por estar jogando futebol, e isso me motiva muito", declarou o jogador.

Depois de sérios problemas físicos, aliado a perda do filho Henri Lucca, de apenas dois anos em 2015 após um quadro de infecção, seguido por uma parada cardíaca e respiratória, Keirrison deixou o clube que o projetou nacionalmente e se transferiu para o Londrina no ano seguinte. O técnico na época, Claudio Tencatti soube encaixá-lo aos poucos no Tubarão, fazendo 30 jogos e oito gols, a melhor média, desde os tempos de Palmeiras. Passou pelo Arouca de Portugal, mas rapidamente retornou ao Coxa, e finalmente, está emprestado novamente ao LEC.

O atacante fez elogios ao antigo treinador, que com o bom planejamento conseguiu fazer com que o atleta rendesse: "O Tencatti com toda a sua sabedoria, soube em dar sequência não só para mim, para os outros jogadores também, e pude desenvolver o meu futebol, pude ajudar a equipe com gols, com jogadas, com passes", relatou o centroavante.

O Londrina tem planos ousados para a Série B deste ano, e o K9 não pensa individualmente, e sim, em ajudar a sua equipe: "Penso na equipe, não adianta pensar só no individual. Penso no nosso foco, que é o título, e juntos, acho que as coisas vão acontecendo, são consequências, os gols, a artilharia, isso é consequência do meu trabalho, da minha equipe, como atacante a gente tem que pensar também assim, fazer o melhor possível com gols, mas eu vejo mais pelo lado coletivo primeiro, depois vem os objetivos que sim, é buscar a artilharia", disse o jogador.

* Especial para a Gazeta Esportiva

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