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CBF, renovação, futuro... Antes do mata-mata do Mundial, trio da Seleção de futsal fala com o L!

Consagrados, Guitta, Rodrigo e Ferrão são destaques da Copa do Mundo disputada na Lituânia e concederam entrevista exclusiva ao LANCE!

21 set 2021 - 15h32
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Guitta, Rodrigo e Ferrão em ação pela Seleção (Foto: Montagem LANCE!)
Guitta, Rodrigo e Ferrão em ação pela Seleção (Foto: Montagem LANCE!)
Foto: Lance!

Assim como na última Copa do Mundo de futsal, em 2016, o Brasil terminou a fase de grupos da atual edição com 100% de aproveitamento: venceu Vietnã, República Tcheca e Panamá. No Mundial passado, no entanto, a Seleção caiu nas oitavas de final para o Irã, nos pênaltis, e deixou a competição com a sua pior campanha da história. Nesta quinta-feira, a equipe encara o Japão tentando evitar a repetição desse roteiro.

Em entrevista ao LANCE!, o fixo Rodrigo, capitão do Brasil que também estava no grupo de cinco anos atrás, comparou os dois momentos e ressaltou as diferenças:

- Acho que agora a gente está com um grupo mais forte. A gente só está pensando em jogar. Em 2016, a gente tinha que pensar em muitas coisas além do jogo. A gente teve uma preparação precária e bem complicada. Fomos muito mais pela qualidade individual dos jogadores.

O goleiro Guitta também fazia parte dos convocados na campanha em questão - o ala Dyego e o pivô Dieguinho são os outros dois remanescentes. Ele e o Capita também estiveram no título Mundial de 2012 e, para o goleiro, a Seleção atual não tem nada em comum com os grupos das últimas Copas do Mundo.

- O ambiente é diferente. Não sei explicar o porquê disso, mas não tem nada a ver com a (Seleção) de 2012, que ganhou, e nem com a de 2016, que nós perdemos. É um novo ciclo.

Mudança para a CBF

Marquinhos Xavier, técnico da Seleção, em entrevista coletiva (Foto: Thais Magalhães/CBF)
Marquinhos Xavier, técnico da Seleção, em entrevista coletiva (Foto: Thais Magalhães/CBF)
Foto: Lance!

De fato, como dito pelos atletas, o Brasil passou por mudanças entre uma edição e outra do Mundial. Houve a troca de gestão e a Seleção passou da administração da Confederação Brasileira de Futsal (CBFS) para as asas da CBF, em abril deste ano.

Crises institucionais e financeiras colaboraram para que a Confederação Brasileira de Futebol passasse a gerir a Seleção de futsal. Para Rodrigo, o atual presidente da CBFS, Marco Antônio Madeira, pegou um "barco à deriva", com muitas dívidas e problemas "difíceis de salvar". Ainda segundo o Capita, a troca de administração foi "necessária" e trouxe boas novidades.

- A CBF veio com tudo. Tem um grande investimento e veio nos dando o maior suporte: material, tranquilidade para trabalhar, estrutura, jogos, hotel, tudo. Quem vier depois dessa Copa vai ter um novo futsal.

O fixo do Brasil avaia que os novos jogadores terão prazer em atuar pela Seleção e só estarão preocupados com entrar em quadra, sem questões que ultrapassem as quatro linhas interferindo no processo.

Preparação para o Mundial

Seleção de futsal se preparou na Granja Comary pela primeira vez (Foto: Lucas Figueiredo/CBF)
Seleção de futsal se preparou na Granja Comary pela primeira vez (Foto: Lucas Figueiredo/CBF)
Foto: Lance!

A mudança de gestão também influenciou na preparação brasileira para o Mundial. Se o pré-Copa em 2016 foi "precário'", na edição de 2021 o Brasil chegou muito bem, na visão do Capita.

- A gente chegou bem, com uma preparação feita no Rio de Janeiro, pela CBF, com muita estrutura, depois com amistosos na Polônia... A gente conseguiu arrumar a casa.

Pela primeira vez, a Seleção de futsal realizou os preparativos para a Copa na Granja Comary, sede da equipe principal de futebol. Além disso, como destacado por Rodrigo, os brasileiros disputaram quatro amistosos na Polônia, dois enfrentando a dona da casa e outros dois contra a Sérvia.

Porém, assim como outras modalidades esportivas, o futsal sofreu com a pandemia da covid-19. A Copa do Mundo seria realizada originalmente no ano passado e teve que ser adiada para 2021. Além disso, a Seleção Brasileira principal, por exemplo, ficou mais de um ano sem atuar. Contudo, Rodrigo afirma que todas as seleções tiveram o mesmo problema e o adiamento foi importante, pois ajudou até a contornar os "imbróglios extraquadra".

Nova fase, novos jogadores

Brasil na vitória sobre o Panamá (Foto: Thais Magalhães / CBF)
Brasil na vitória sobre o Panamá (Foto: Thais Magalhães / CBF)
Foto: Lance!

Outra diferença do Brasil nos últimos Mundiais para a atual edição é o ingresso de novatos no torneio. Um "novo ciclo", segundo Guitta, pois a Seleção tem 12 estreantes em Copas do Mundo. Mas, para o goleiro de 34 anos, a equipe contar com um bom número atletas não acostumados com a competição é indiferente em relação ao rendimento em quadra.

- A Seleção está se portando muito bem. Não vejo ninguém sentindo tanto. Até porque no primeiro jogo (contra o Vietnã) nós já ganhamos por um placar elástico (9 a 1).

- São jogadores acostumados com grandes momentos. Final de UEFA, final de Liga Nacional, Mundial de Clubes... É diferente, Copa do Mundo é diferente, mas eu acho que todos estão acostumados e quem sentir alguma coisa, vão ser só aqueles cinco minutos de frio na barriga, completou Rodrigo.

O pivô Ferrão, atual melhor jogador do mundo, é um dos estreantes no Mundial e corrobora a visão dos companheiros. É uma "mescla de jogadores já experientes com outros que estão há mais tempo", segundo ele. De acordo com o pivô, atletas acostumados com Mundiais, como Guitta e Rodrigo, de 34 e 37 anos respectivamente, são importantes para o grupo.

- Além de terem jogado outros Mundiais e terem sido campeões, já sentiram o sabor da derrota também. Eles ajudam bastante a gente a estar mais tranquilo. Dentro da quadra e fora dela. São líderes em respeito e experiência.

O melhor do mundo é brasileiro

Ferrão, melhor jogador do mundo, em ação pela Seleção (Foto: Thais Magalhães / CBF)
Ferrão, melhor jogador do mundo, em ação pela Seleção (Foto: Thais Magalhães / CBF)
Foto: Lance!

Duas vezes eleito melhor jogador do mundo, Ferrão estreou em seu primeiro Mundial com pé direito e marcou quatro gols na vitória do Brasil sobre o Vietnã. Para ele, começar dessa forma ajudou a aliviar a pressão.

- Começar a Copa do Mundo marcando gols é importante, principalmente para pivô. E também tira a ansiedade da primeira Copa do Mundo. Além dos gols, o principal foi a vitória para dar tranquilidade.

O pivô de 30 anos é jogador do Barcelona (ESP) e, segundo ele, atuar no clube blaugrana contribui para o seu desempenho individual, pois o atleta entra em quadra com jogadores de Seleções como Portugal, Rússia, Espanha e Argentina, tanto no próprio Barça, como na Liga Espanhola e na Liga dos Campeões de futsal. De acordo com Ferrão, isso ajuda a conhecer os adversários.

Ferrão no jogo contra o Vietnã (Foto: Thais Magalhães/CBF)
Ferrão no jogo contra o Vietnã (Foto: Thais Magalhães/CBF)
Foto: Lance!

Outro fator que o jogador está atento é na marcação especial em cima dele, afinal o atleta é o melhor jogador do mundo.

- Por ter esse reconhecimento, os adversários têm um pouquinho mais de atenção na marcação, ajudas. Mas estamos acostumados a jogar nos nossos clubes com essa pressão. As vezes jogando com clubes menores, que também têm essa marcação e atenção especial.

O atleta é o artilheiro do Brasil na Copa do Mundo: marcou seis gols em três jogos. Ele se diz preparado para ser o cara do Brasil, mas coloca todo o grupo como protagonista. "A qualidade de todos é indiscutível, indiferente de quem marca os gols", afirma o melhor jogador do mundo.

O Brasil é favorito ao título Mundial?

Brasil na vitória sobre o Vietnã (Foto: Thais Magalhães/CBF)
Brasil na vitória sobre o Vietnã (Foto: Thais Magalhães/CBF)
Foto: Lance!

A Seleção Brasileira é a maior campeã da Copa do Mundo: são cinco títulos mundiais desde 1989, ano em que o torneio passou a ser organizado pela FIFA. Para Ferrão, a Seleção será favorita em qualquer competição que disputar, mas precisa provar isso dentro de quadra. Rodrigo confirma a visão do pivô, valoriza o grupo e o trabalho coletivo.

- Temos grandes jogadores espalhados nos melhores times do mundo, temos o melhor jogador do mundo, o melhor goleiro do mundo (Guitta). A gente fez com que, com o trabalho, tornássemos esse individual em coletivo.

Se o Brasil for campeão e confirmar o favoritismo, será um título especial para os dois jogadores. Rodrigo está com 37 anos, reconhece que caminha para a fase final da carreira e está "vivendo como se fosse a última chance de ser campeão do mundo" mais uma vez. Com a hipotética conquista, Ferrão, por sua vez, entrará em um seleto grupo, que conta com Manoel Tobias e Falcão, de jogadores campeões mundiais com o status de melhor do mundo.

Para o caminho do título da Copa do Mundo, a Seleção Brasileira terá que passar pelo Japão nas oitavas de final. A partida será disputada na próxima quinta-feira (23), às 14h (horário de Brasília).

Lance!
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