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Após temporada em baixa, Tite e Seleção terão de driblar incertezas em 2019

31 dez 2018 - 19h04
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Depois de um bom desempenho nas Eliminatórias, sob o comando de Tite, a Seleção Brasileira chegou em alta para o ano de 2018. No entanto, mais uma vez a equipe decepcionou, deixando o sonho do hexacampeonato mundial escapar. Após a Copa do Mundo, alguns novos jogadores foram testados, mas fato é que o futebol do Brasil ainda não convence, e com várias incertezas para 2019, cuja principal competição será a disputa da Copa América no Brasil, o comandante da equipe termina o ano pressionado.

A Seleção Brasileira terminou as Eliminatórias para a Copa do Mundo em primeiro lugar, com 41 pontos, 10 a mais que o segundo colocado, Uruguai. Assim, o Brasil de Tite começou 2018 com o moral lá em cima, e o primeiro jogo do ano aumentou ainda mais as expectativas: no dia 23 de março, diante da Rússia, anfitriã do Mundial, um tranquilo 3 a 0.

Até a Copa, foram mais três jogos e três vitórias, incluindo um 1 a 0 sobre a poderosa Alemanha, no primeiro reencontro entre as equipes desde o fatídico 7 a 1, em 2014. No Mundial, contudo, com um Neymar ainda se recuperando da lesão no quinto metatarso do pé direito, a equipe deixou clara a dependência do camisa 10 e demonstrou algumas irregularidades. Na estreia, o empate pelo placar de 1 a 1 com a Suíça foi um balde de água fria. Ainda sem convencer, a equipe de Tite foi avançando, mas esbarrou no primeiro tempo espetacular da boa seleção da Bélgica, nas quartas de final, e, de forma justa, teve de ir para casa mais cedo após uma derrota por 2 a 1.

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Após a eliminação, com a justificativa de necessidade de continuidade no projeto, Tite foi mantido no cargo, e não sofreu mais nenhuma derrota até o final do calendário. Em uma primeira análise, o ano da Seleção pode ser considerado bom, pois em 15 jogos, foram 13 vitórias, um empate e apenas uma derrota. No entanto, é preciso destrinchar um pouco mais os números para entender melhor o desempenho da equipe.

Adversários pouco qualificados e deficiências ofensivas

Dos 15 adversários brasileiros durante 2018, apenas dois estão dentro do top 10 do ranking da Fifa: a Croácia, quarta colocada, derrotada por 2 a 0 em um amistoso no dia 03/06, e a Bélgica, primeira colocada, justamente a equipe que eliminou o Brasil da Copa do Mundo com uma vitória por 2 a 1.

Por seis vezes, a Seleção conseguiu vitórias por 2 a 0, o resultado mais comum no ano. Ocorreu contra Costa Rica, Sérvia, México (Copa do Mundo), Croácia, Estados Unidos e Arábia Saudita (amistosos). O 1 a 0, segundo placar mais comum (quatro vezes), ocorreu contra Alemanha, Argentina, Uruguai e Camarões, todos jogos de caráter amistoso.

Os dados refletem bem a realidade da equipe Canarinho. O time tem uma defesa sólida (foram apenas três gols sofridos durante todo o ano) e costuma ter a posse da bola, mas tem muitas dificuldades em transformar o domínio do jogo em chances reais e efetivas de gol, sobretudo quando o adversário é forte defensivamente. Caso do Uruguai, por exemplo. Tanto é que o resultado mais elástico foi um 5 a 0, em amistoso realizado contra El Salvador, justamente a equipe que, dentre as que enfrentaram o Brasil, tem a pior colocação no ranking da Fifa (70°).

Destaques e decepções individuais

Dentre os 49 convocados por Tite ao longo do ano, é possível citar alguns destaques individuais, bem como alguns jogadores que acabaram decepcionando. Gabriel Jesus, escolhido para ser o camisa 9 na Copa do Mundo, não balançou as redes nenhuma vez na Rússia, e assim perdeu muito espaço na equipe. Renato Augusto e Paulinho, jogadores de confiança do treinador, foram mal, mas mesmo assim continuaram sendo lembrados nas listas. Marcelo, um dos pilares da equipe, também não fez boa Copa, e termina o ano de forma decrescente.

O craque da equipe, Neymar, fez o que se espera de um grande atacante: gols. É inegável, foram sete tentos em 13 jogos disputados. No entanto, é possível afirmar que o ano do camisa 10, em geral, não foi bom. Quando mais se precisava do craque, na Copa do Mundo, ele exagerou no individualismo e protagonizou cenas que acabaram virando piada mundial.

Por outro lado, o goleiro Alisson, que foi o que mais atuou, com 1080 minutos disputados, foi bem. Ainda que não tenha sido muito testado pelas equipes adversárias durante o Mundial, o arqueiro cada vez mais se firma como a primeira opção para os próximos anos. Arthur, que não foi lembrado por Tite para a Copa, vem a cada jogo fazendo com que o treinador se arrependa da escolha, se colocando como um dos maestros da equipe, ao lado de Coutinho, um dos mais utilizados. Richarlison, por sua vez, se aproveitou da má fase de Gabriel Jesus para crescer, e com grandes atuações e bolas nas rede, aparece como uma das principais opções no comando de ataque.

Possíveis novidades para 2019

Diante desse cenário, algumas peças que têm pouco espaço ou que nunca foram convocadas podem surgir como opções para a Copa América de 2019. Com o fim do Campeonato Brasileiro, jogadores como Bruno Henrique e Dudu, dois dos pilares da conquista do Palmeiras, ganham cada vez mais força no cenário nacional, assim como Everton, do Grêmio. Gabriel Barbosa, o Gabigol, que estava esquecido na Europa, voltou para o Santos e terminou a temporada como artilheiro do Brasileirão e da Copa do Brasil, e é outro que pede passagem.

Vinicius Junior, ainda despontando no Real Madrid, também pode estar presente nas listas em um futuro próximo. Caso parecido com o de Lucas Paquetá, que após se destacar com a camisa do Flamengo, tentará manter o bom desempenho pelo Milan.

Já no comando técnico, com Tite pressionado, a tendência é que não ocorra nenhuma mudança até o final da Copa América, que será disputada em solo brasileiro. Em caso de não conquista do torneio, contudo, é provável que a situação de Adenor fique insustentável. Diante disso, o cenário nacional é um pouco escasso. O principal nome atualmente é o de Renato Gaúcho, que se destacou nos últimos anos com a conquista da Libertadores pelo Grêmio, em 2017. Felipão, atual campeão brasileiro com o Palmeiras, parece já ser carta fora do baralho sobretudo por conta do vexame na Copa de 2014, enquanto Fabio Carille, que conquistou o Brasileirão com o Corinthians em 2017 e recentemente acertou o seu retorno ao clube, também é um nome que já foi ventilado na CBF.

Gazeta Esportiva Gazeta Esportiva
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