PUBLICIDADE
Logo do Bragantino

Bragantino

Favoritar Time

RB Bragantino não reduz salários nem demite durante a crise

Clube do interior resiste à crise graças ao apoio da matriz austríaca e à administração organizada

5 jun 2020 - 12h11
(atualizado às 12h15)
Compartilhar
Exibir comentários

Manter as contas em dia e não causar um rombo financeiro nos clubes têm sido o grande desafio dos dirigentes no futebol brasileiro nos últimos meses. O novo coronavírus tirou rendas de bilheteria, de transmissão de TV, patrocinadores e de quase tudo que cerca o futebol brasileiro. O jeito encontrado pela maioria é reduzir salários e demitir funcionários. Mas o Red Bull Bragantino foge à regra.

A jovem equipe, que estreia na Série A do Campeonato Brasileiro nesta temporada, consegue manter os salários de todos seus colaboradores - inclusive os atletas - e também não demitiu ninguém nos últimos meses. Entre os clubes da Série A e B, é o único que não reduções salariais em suas equipes. Uma sucessão de fatores ajuda a explicar o sucesso financeiro do clube de Bragança Paulista. O principal deles é planejamento e não ser vítima de más gestões passadas.

Red Bull Bragantino aposta na organização para crescer no cenário do futebol nacional
Red Bull Bragantino aposta na organização para crescer no cenário do futebol nacional
Foto: Bruno Terena/Divulgação / Estadão Conteúdo

"Não temos dívidas. Isso dá uma segurança maior para passar por isso (pandemia). Zeramos todas as dívidas do Bragantino quando fizemos a associação com o Red Bull. Não temos empréstimos bancários e nem devemos impostos", celebra Thiago Scuro, CEO do Red Bull Bragantino, em entrevista exclusiva ao Estadão.

No ano passado, a Red Bull decidiu comprar o Bragantino. Como parte do acordo, todas dívidas do time de Bragança Paulista seriam pagas pela empresa para que a parceria começasse do zero. Mal eles imaginavam o que estava por vir e que essa decisão acabou fazendo diferença cerca de pouco mais de um ano. "Hoje temos duas ou três ações trabalhistas de atletas que entraram na Justiça depois da parceria e só. E são coisas pequenas", explicou Scuro.

Mas há também outros dois pontos importantes para a saúde financeira do Red Bull. O clube não depende tanto de bilheteria, vendas de pay-per-view e sócio-torcedor, afinal de contas, sua torcida ainda é pequena. "O valor ainda é muito baixo nessa áreas para impactar no todo", disse o dirigente. E a relação com a matriz da Red Bull também não tem como ser ignorada.

A gigante empresa austríaca de enérgicos tem uma equipe de Fórmula 1, times de futebol na Áustria, Alemanha e nos Estados Unidos e parece ter chegado para ficar no Brasil. "Ter uma empresa desse porte por trás faz muita diferença. Não tem como negar. Uma gestão segura e equilibrada sempre é algo positivo", destacou o dirigente que já trabalhou no Audax, Cruzeiro, entre outros clubes.

A folha salarial do Red Bull gira em torno de R$ 2,6 milhões mensais e a ideia inicial era investir na temporada cerca de R$ 200 milhões. O dirigente não confirma o quanto será gasto, mas admite que será preciso rever o número. "Conseguimos reduzir algumas despesas em operação, não em pessoas. Mas o orçamento será afetado, sim", admitiu.

Se o futebol no Brasil demorar ainda mais para voltar, talvez o Red Bull tenha que rever seus conceitos até mesmo quanto aos salários. "Estamos na expectativa de retornar aos treinamentos e criar um horizonte para a volta das competições a partir de julho. Se isso se estender demais, acredito que vamos conversar com os jogadores para tentar um acordo", explicou. O Red Bull tem receio de reduzir o salário e isso acarretar em problemas jurídicos no futuro.

VOLTA AOS TREINOS

O dirigente deixou claro ser favorável ao retorno dos treinamentos. Scuro acredita que os clubes contam com estrutura suficiente para proteger os atletas e demais funcionários e compara o esporte à construção civil.

"Voltar a treinar não significa que vai expor as pessoas. Não significa risco de contaminação. Veja, por exemplo, a construção civil. Está funcionando normalmente e você vai me dizer que dentro de uma obra, os cuidados e protocolos de saúde são mais rígidos do que no futebol? Não são", opinou.

O dirigente continuou. "O futebol está propondo fazer testes em todo mundo, treinos isolados… Se olhar para a Bundesliga (Campeonato Alemão), o retorno das equipes aos treinamentos foi em um momento que havia muitos casos no país e tudo está indo bem. Acredito que estamos prontos para voltar e que também é possível cuidar da saúde da população".

Por enquanto, a CBF e as federações estaduais não definiram datas para o retorno dos jogos, mas alguns clubes já estão treinando e a tendência é que em julho já tenhamos alguns estaduais sendo realizados pelo Brasil. O Paulistão pode ser um deles.

Estadão
Compartilhar
Publicidade
Publicidade