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Basquete brasileiro exalta time que recuperou respeito e orgulho

8 ago 2012 - 21h51
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Por Pedro Fonseca

LONDRES, 8 Ago (Reuters) - Se a campanha olímpica não terminou como os brasileiros esperavam, pelo menos serviu para voltar a ter um time de basquete unido e que mostrou ter condições de enfrentar de igual para igual as principais equipes do mundo, disseram os jogadores e o técnico Rubén Magnano, nesta quarta-feira, após a eliminação para a Argentina.

Durante os 16 anos de ausência dos Jogos Olímpicos desde Atlanta-1996, o basquete brasileiro viveu uma crise dentro e fora das quadras que incluiu pedidos de dispensa de alguns dos jogadores mais famosos do país --os que atuam na NBA-- de várias competições internacionais.

Foi sem Nenê e Leandrinho, que recusaram a convocação, que o Brasil conseguiu a vaga nos Jogos de Londres em uma competição na Argentina no ano passado. Antes disso, outros episódios deixaram um estigma de problema sobre o grupo, que acumulou resultados ruins um após o outro.

Ainda que a campanha em Londres tenha acabado da mesma forma que na participação olímpica brasileira anterior, nas quartas de final de Atlanta-1996, o time dessa vez fez um longo período de treinamento de quase dois meses sem qualquer notícia de conflitos internos e venceu 5 dos 6 primeiros jogos na fase de grupos da Olimpíada.

"Podemos sair de cabeça erguida e com a tranquilidade de que o nosso time é unido. Nós perdemos mas demos tudo. Nos preparamos muito bem para o torneio, houve mais positivos do que negativos. As coisas melhoraram muito desde a última vez", disse após o jogo com a Argentina o pivô Nenê.

Guilherme, que aos 32 anos passou por vários momentos de crise na seleção, afirmou: "Hoje a gente já tem um grande respeito, retomamos um respeito perdido nos últimos anos, o que é muito importante para a gente."

CABEÇA ERGUIDA

A mudança começou pela chegada à seleção do técnico argentino Magnano, campeão olímpico com a Argentina em Atenas-2004 que assumiu a equipe em janeiro de 2010 com o objetivo de conduzir um processo de reconstrução.

O argentino viajou aos Estados Unidos para conhecer e conversar pessoalmente com cada jogador e confiou em chamá-los para os Jogos de Londres mesmo depois que a vaga na Olimpíada foi conquistada, no pré-olímpico das Américas disputado na Argentina, sem Nenê, Leandrinho e Anderson Varejão, este último por estar lesionado.

O resultado não foi o esperado, já que a meta era conquistar uma medalha olímpica pela primeira vez desde 1964, mas a atitude do grupo foi o grande prêmio que o Brasil disse ter conquistado nessa Olimpíada.

"Isso é um jogo, hoje nós perdemos, mas disse aos jogadores que eles têm que sair do vestiário com a cabeça bem, mais muito bem, erguida", disse o treinador, com os olhos marejados.

"Estou orgulhoso pela atitude dos jogadores, não pelos resultados. Se os resultados são positivos, muitíssimo melhor. Eu dei os parabéns pela atitude dos jogadores."

"Fazendo as coisas certas, fazendo as coisas não tão certas, fizeram de tudo para que o Brasil fosse bem representado. Infelizmente nosso sonho acabou, mas seguramente já está se criando um novo apetite para o futuro", acrescentou.

O futuro para Magnano diz respeito principalmente aos Jogos Olímpicos de 2016, que serão realizados no Rio de Janeiro e para os quais o Brasil já está classificado. A média de idade do time atual é 29 anos e deve passar por uma grande renovação.

Magnano criticou a "irrisória" proporção de clubes e jogadores de basquete no Brasil em relação ao tamanho da população, mas demonstrou confiança na continuidade do trabalho, em busca de um resultado melhor diante da torcida brasileira.

"Felizmente hoje temos muitos jovens espalhados pelo mundo que podem participar da renovação do Brasil", disse.

"Mas acho que nosso olhar, nosso horizonte, deveria ir mais longe do que 2016, deveria ser o futuro do basquete, e não apenas uma Olimpíada e ficar ali."

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