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O que deu certo e o que precisa melhorar após temporada 2022 da Fórmula E

Com o ano da Fórmula E oficialmente encerrado, o GRANDE PRÊMIO inicia uma série de análises sobre a temporada 2021/2022. Nesta segunda parte, o destaque fica para o que funcionou na prática ao longo da disputa e o que precisa ser revisado para 2023

17 ago 2022 - 04h45
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Acidente em Seul teve até um carro por cima do outro: precisa melhorar
Acidente em Seul teve até um carro por cima do outro: precisa melhorar
Foto: Fórmula E / Grande Prêmio

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Stoffel Vandoorne enfim pôde comemorar seu primeiro título mundial no automobilismo, e a temporada 2021/2022 da Fórmula E chegou ao fim no último domingo (14). Após 16 corridas realizadas desde janeiro, nove vencedores diferentes subiram ao lugar mais alto do pódio ao longo da temporada, que culminou em mais um título duplo da Mercedes. Além disso, o eP de Seul marcou a despedida dos carros de segunda geração, que serão substituídos pelos Gen3 a partir do ano que vem.

Após um ano tão movimentado, que chegou a ter quatro pilotos de quatro equipes diferentes batalhando pelo título, o GRANDE PRÊMIO destaca os principais pontos da temporada e o que ela deixa de lição para o ano que vem. Quem sai em alta? Quem sai devendo? O que deu certo e o que pode melhorar? Nessa segunda parte, separamos as principais novidades da Fórmula E para o ano de 2022 e em quais pontos a categoria acertou e errou — e como pode consertar já para 2023.

O que mais deu certo em 2022, sem dúvidas, foi a campanha consistente do campeão Vandoorne (Foto: Fórmula E)

O que deu certo

A grande novidade da Fórmula E em 2022 foi um acerto em cheio. O novo formato de classificação sobrou em relação ao do ano passado, trazendo disputas muito mais emocionantes e pilotos decidindo uns contra os outros em rivalidades particulares, que se repetiram ao longo da temporada.

Qualquer erro após o fim da fase de grupos representava uma derrota, o que trazia um clima extra de apreensão a cada duelo realizado entre os pilotos. António Félix da Costa largou na posição de honra três vezes, mas só garantiu a pole em duas: Nick Cassidy venceu a disputa, mas foi punido por trocar o motor e precisou largar no fundo do grid no domingo de Nova York.

Stoffel Vandoorne, Edoardo Mortara, Jean-Èric Vergne e Jake Dennis foram os outros a conquistarem duas poles no ano, enquanto Mitch Evans, Nyck de Vries, Pascal Wehrlein, Oliver Rowland e o neozelandês da Envision completaram a lista do que conseguiram vencer pelo menos uma final na temporada. Destes, apenas Vergne e Rowland saíram do campeonato sem vitórias.

Edoardo Mortara teve excelente aproveitamento nos duelos e marcou suas duas primeiras poles na Fórmula E (Foto: Venturi)

É possível notar que pilotos bem menos cotados às primeiras posições conseguiram largar em posições de destaque, e muito disso se dá devido ao novo formato. Pelos duelos exigirem perícia e concentração em uma única volta lançada, um simples erro já é fatal e o imprevisível se mantém, já que não foi incomum ver pilotos tirarem voltas rápidas da cartola e eliminarem concorrentes que possuíam todo o favoritismo.

Outro ponto positivo fica por conta da transmissão dos duelos, que conta com câmeras onboard editadas para que os pilotos apareçam nos mesmos pontos do traçado. Assim, é possível observar claramente as diferenças nas voltas dos rivais, observando em tempo real quando um deles comete um erro e perde tempo em relação ao outro.

A transmissão dos rádios das equipes pelo aplicativo oficial da Fórmula E também chamou atenção, já que é possível acompanhar sem filtro o que é falado na comunicação entre time e piloto. Foi comum ver explosões de raiva e momentos de tensão entre as partes, como no episódio entre Sérgio Sette Câmara e a Dragon ou Nyck de Vries se recusando a ajudar Vandoorne.

Da Costa largou três vezes na pole, mas venceu apenas uma corrida (Foto: Fórmula E)

O que precisa melhorar

A classificação melhorou, mas ainda não é perfeita. O principal ponto de questionamento sobre o novo formato diz respeito ao tempo que os pilotos precisam ficar parados nos boxes, extremamente longo para uma categoria na qual os competidores dão apenas duas voltas na fase de grupos: uma de experimentação e apenas uma para valer.

Como a fase de grupos tem dez minutos para cada chave e os pilotos precisam registrar pelo menos uma volta na primeira metade, o sistema se mantém em todas as pistas: os carros saem do pit-lane para uma volta de aclimatação nos primeiros minutos e ficam nos boxes até o fim, deixando a volta decisiva para o final.

Encurtar o tempo da fase de grupos seria uma evolução e tanto no formato, que ficaria mais dinâmico e traria um ingrediente extra às equipes, que não teriam todo o tempo do mundo para a preparação final. Diversos pilotos foram punidos ao longo do ano por não respeitarem o limite mínimo de tempo dentro da garagem, o que também pode ser revisto pela categoria para o próximo ano.

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A principal mudança, entretanto, diz respeito aos circuitos em si. Como a Fórmula E corre em pistas de rua, naturalmente mais onduladas e com o traçado bastante estreito, cada uma das chuvas que caíram em 2022 trouxeram o ingrediente extra do caos às disputas.

O susto que a categoria tomou com o eP de Nova York 1, em que pelo menos dois carros se chocaram com força contra o monoposto de Nick Cassidy — que já estava estampado no muro — não foi suficiente para que alguma ação fosse tomada. Na etapa de encerramento do campeonato, em Seul, novo incidente por aquaplanagem levou nada menos do que oito carros em direção à barreira de proteção. Nyck de Vries ficou por baixo do carro de Sébastien Buemi e foi salvo pelo halo, que evitou uma tragédia na capital coreana.

Como as corridas na chuva fazem parte do automobilismo, não é necessário que a Fórmula E paralise as corridas ou pare de correr na chuva. Mas um olhar mais cuidadoso ao escoamento das pistas se faz fundamental, assim como o estudo de viabilidade em relação à ondulação do asfalto: com a alta velocidade se somando às poças, qualquer oscilação vertical pode resultar em um verdadeiro lançamento dos carros em direção ao muro.

Por fim, a direção de prova. Capitaneada por Scot Elkins, a direção da Fórmula E se envolveu em algumas polêmicas ao longo de 2022. Primeiro com um guindaste no meio da pista em Diriyah, as punições bizarras com perdas de 60 posições e a letargia inacreditável que culminou no acidente de Nova York, totalmente previsível e avisado pelos pilotos com algumas voltas de antecedência.

A lição, no fundo, é simples — ou nem tanto assim. Elkins e os comissários simplesmente precisam tomar suas decisões de forma mais dinâmica, com mais celeridade e menos enrolação. Mortara venceu em Berlim e nem pôde comemorar, pois ainda estava sob uma investigação que começou antes da corrida e o suíço não sabia se iria perder a vitória. Acabou não punido no fim das contas, mas o que ficou foi o constrangimento de não saber o resultado final. Assim como os carros da terceira geração prometem vir com muito mais velocidade em 2023, seria importante que a direção de prova seguisse o ritmo e acelerasse o raciocínio.

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Grande Prêmio
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