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Zak Brown liga a metralhadora sobre a F1

O CEO da McLaren incorpora seu lado atirador e dispara sobre vários assuntos da categoria

17 jan 2022 - 12h24
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Zak Brown resolveu ligar a metralhadora sobre a F1
Zak Brown resolveu ligar a metralhadora sobre a F1
Foto: McLaren F1

Nesta segunda, Zak Brown, CEO da McLaren Racing, fez uma espécie de carta aberta ao público no site da McLaren, dando sua visão sobre a categoria e o que espera para este ano. O dirigente faz uma visão otimista da sua equipe. Mas deu algumas visões interessantes sobre diversos aspectos da categoria: Times satélites, teto orçamentário e até mesmo o que aconteceu em Abu Dhabi.

Sobre o teto orçamentário, Brown defendeu mais uma vez sua adoção, reforçando que a medida permite uma maior competitividade. Embora considere um passo importante, ele diz que as equipes devem continuar buscando a sustentabilidade econômica. Sem dar nomes, mas dando recado, Brown fala que ainda tem times que buscam desculpas para aumentar os limites de custo e vencer campeonatos “usando cheques”. Usa como exemplo o lobby feito para aumentar o limite de custos para acomodar os danos com a Sprint Race.

Ainda vai mais além: ”A atual estrutura governativa do esporte permite uma situação em que alguns times, para proteger suas vantagens competitivas, estão efetivamente sequestrando o esporte do que é bom para os fãs e o esporte de modo mais amplo. Estes times parecem incapazes de aceitar que o teto orçamentário é uma das melhores coisas do esporte e não se livram do hábito de gastar para ficar na frente”.

Sobre a os times satélites, Brown os chamou de “ameaça”. Os chamando de “equipes B”, Brown diz que eles não estão em linha com o “princípio da F1 de ser um grupo de construtores competindo uns contra os outros”. Defende que a categoria tem que ter “10 construtores verdadeiros, onde cada time deva desenhar e produzir todas as peças que são relevantes para a performance”. Ainda neste campo, Brown diz que hoje a situação permite que as “equipes B possam ser mais competitivas do que os construtores e as equipes A são mais competitivas por terem o benefício de uma equipe B”. 

A partir daí, Brown entra nos aspectos da FIA. Falando na eleição de Mohammed Ben Sulayem para a Presidência, o dirigente vê a mudança com bons olhos, permitindo uma “mudança coletiva da maneira que a F1 opera”. E considera tudo que aconteceu em Abu Dhabi como um sintoma de algo maior, já que todos os envolvidos reconheciam que “questões sistêmicas sobre alinhamento e clareza sobre as regras” já haviam aparecido. E dá como exemplo de dificuldades operacionais o que aconteceu na Austrália em 2020 e na Bélgica em 2021.

Um pedido nesta carta é por transparência e clareza nos papeis. Mais uma vez sem dizer nomes, mas deixando claro intenções, Brown escreveu que “administrações anteriores conduziram um estilo autocrático de governança” e que a categoria hoje necessita uma abordagem mais consultiva entre equipes e principais interessados.

Ele reconhece que os times devem ser consultados, especialmente nas questões de longo prazo. Só que, segundo Brown, “certas vezes parece que o esporte é governado por certas equipes”. Mas faz a mea culpa a seguir: “Não podemos esquecer que nós, os times, temos contribuído para as inconsistências na aplicação das regras como ninguém. São os times que aplicaram pressão para evitar terminar corridas em Safety Car de qualquer custo. São os times que votaram por muitas das regras que elas mesmo reclamam. São os times que têm usado as mensagens de rádio para a Direção de Prova para influenciar penalidades e resultados de corrida a um ponto em que um chefe de equipe muito exasperado “joga para a galera” e pressiona comissários. Isso não tem ajudado a F1. Às vezes soa como uma pantomina ao invés de ser o ponto mais alto de um esporte global”.

Estas palavras ressoarão e com certeza traduzem a visão de boa parte do público. Neste momento de discussão de muita coisa na F1, a fala de Zak Brown acaba colocando mais uma pressão para que uma verdadeira revisão da ordem regulamentar e de governança da categoria.

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