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Red Bull vê ameaça de terminar ano no tribunal por teto de gastos: "FIA tem de agir"

Chefe da Red Bull, Christian Horner se colocou contra o atual teto de gastos da Fórmula 1 devido aos aumentos causados pela guerra da Ucrânia, que elevou inflação na Europa — mas equipes rivais discordam

28 mai 2022 - 10h44
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Horner acredita que o final do campeonato pode ser polêmico
Horner acredita que o final do campeonato pode ser polêmico
Foto: Mark Thompson/Red Bull Content Pool/Getty Images / Grande Prêmio

FÓRMULA 1 2022: LECLERC LIDERA 1-2 DA FERRARI NOS TREINOS LIVRES DO GP DE MÔNACO DE F1 | Briefing

Chefe da Red Bull, Christian Horner teme que o resultado da temporada 2022 da Fórmula 1 seja resolvido nos tribunais caso a discussão sobre o teto de gastos não evolua. Com a invasão da Ucrânia por parte da Rússia e a inflação subindo devido à guerra, algumas equipes reclamaram da determinação dos gastos, pois teriam que fazer cortes severos para se manterem dentro da regra. A equipe taurina é uma delas, mas encontra resistência de outros competidores.

"Obviamente, alguns times estão [contra] e o processo de votação para as mudanças dentro da temporada no teto de gastos requerem um certo limite, que ainda não existe", explicou Horner. "Você precisa olhar como um todo. É um evento de força maior? Eu diria que um ato de guerra que está aumentando a inflação deveria ser classificado como um evento de força maior", salientou.

Horner afirmou ainda que está preocupado com o encerramento do campeonato deste ano, já que teme que a credibilidade da temporada possa ser afetada por times rivais protestando nos tribunais sobre possíveis gastos excessivos no final de 2022.

Chefe da Red Bull teme que campeonato termine no tribunal por desrespeito ao teto de gastos (Foto: Red Bull Content Pool)

"O que realmente queremos é transparência", afirmou. "Porque nenhum de nós quer terminar a temporada correndo para os tribunais para apelar em Paris dizendo 'ele gastou US$ 1 milhão a mais do que nós', coisas assim. Então, acho que precisamos chegar a um limite razoável", pontuou Horner.

Anteriormente, o chefão da Red Bull já havia dito que algumas equipes perderiam corridas em 2022 caso o limite do teto de gastos não fosse alterado. O britânico explicou a declaração, dizendo que será impossível se manter dentro do planejado inicialmente pela Fórmula 1.

"O que eu estava tentando mostrar na semana passada, quando fui perguntado, é que seria equivalente a perder um número considerável de corridas para ficar abaixo do teto de gastos", explicou. "Acho que todo mundo, certamente as equipes maiores, vão ultrapassar esse limite de US$ 140 milhões esse ano", previu.

As regras previstas para a atual temporada preveem punições escalonadas, sempre de acordo com quanto os times ultrapassaram do teto previsto inicialmente. Quanto mais uma equipe passar do limite, maior a punição. Assim, Horner afirmou que as equipes vão começar a pesar o quanto essa possível punição seria prejudicial, já que será difícil se manter dentro do previsto.

Teto de gastos impede que equipes gastem demais, mas ainda encontra resistência (Foto: Red Bull Content Pool)

"O que não queremos fazer no final das contas é: existe um limite de 5%, considerado uma falha menor. Qual a punição para uma falha menor?", questionou Horner. "O que não queremos fazer é terminar jogando um jogo de galinha, como dizem. 'Eles passaram em 4,9%, vamos passar em 4,7%?' E um upgrade pode ser o fator que vai decidir o campeonato. Precisamos de transparência e rápido, porque não é certo ser segurado por resgate por algumas equipes que talvez não estejam tão afetadas, porque essa nunca foi a intenção do teto de gastos", reclamou.

Na opinião de Horner, a criação do teto de gastos servia a outro objetivo: impedir que equipes mais ricas gastassem de forma desenfreada. No entanto, ainda na opinião do chefe da Red Bull, era impossível prever a subida de gastos em consequência à guerra na Ucrânia. Além disso, o britânico argumentou que os custos podem aumentar ainda mais até o final do ano, algo impossível de prever.

"O teto estava lá para limitar os principais times de uma loucura de gastos", disse. "Nenhum de nós poderia prever, quando implementamos o teto — que, se você lembrar, foi reduzido em US$ 30 milhões em relação ao originalmente programado na pandemia —, nenhum de nós havia contemplado os eventos mundiais que estão guiando a inflação", ressaltou.

"Nem sabemos como será na segunda metade do ano", prosseguiu. "E estamos todos vendo os custos de vida aumentando, as contas passando do teto. Aonde isso vai parar nos próximos seis meses? Precisamos que a FIA tome ações nisso, porque estamos chegando na metade do ano. Temos uma responsabilidade com os funcionários também. Reorganizamos, mudamos, tivemos que nos despedir de empregados de longa data para chegar em um ponto sustentável em relação ao teto, antes da inflação chegar", revelou.

Red Bull precisou se reorganizar para obedecer ao teto, mas segue preocupada em não conseguir respeitar o limite (Foto: Red Bull Content Pool)

"Então, espero que o bom senso prevaleça", torceu. "É uma situação de força maior. É uma situação, obviamente, que nenhum de nós poderia ter previsto — e elevou os custos. Pragmaticamente, apenas precisamos apresentar uma solução em senso comum", completou.

Outros chefes de equipe, entretanto, foram na direção contrária. O primeiro foi Frédéric Vasseur, da Alfa Romeo, que fez uma sugestão simples: se a equipe está se aproximando do teto, deve parar de fabricar atualizações. O francês afirmou que seu próprio time vai ter que parar em algum momento e cobrou o mesmo comportamento dos rivais.

"Se tivermos algum aumento na energia ou no frete, a melhor solução é fechar o túnel de vento para parar de trazer upgrades a cada final de semana", afirmou. "Temos essa situação, e mais cedo ou mais tarde vamos ter que parar com o desenvolvimento do carro porque vamos estar no limite dos gastos, e acho que todos podem fazer o mesmo", finalizou.

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Otmar Szafnauer, da Alpine, é um dos chefes de equipe que discordam da Red Bull (Foto: F1)

Além dele, Otmar Szafnauer manteve o pensamento contrário à Red Bull. O chefe da Alpine afirmou que sua equipe levou em consideração possíveis aumentos nos gastos para esse ano, e — ainda que o aumento seja maior do que o previsto — pretende se manter dentro da conta feita inicialmente.

"A maioria das equipes constrói seu orçamento de novembro a dezembro para o ano seguinte, e não somos diferentes", pontuou. "Naquele momento, a inflação já estava 7% acima. O Índice de Preços de Varejo [RPI] na Inglaterra era de 7,1%, 7,2%", avaliou Szafnauer.

"Consideramos isso quando fizemos nosso orçamento e estabelecemos todo o trabalho de desenvolvimento que faríamos", afirmou. "E ainda estamos dentro, ainda que seja um pouco mais caro do que pensamos. Ainda estamos dentro do teto e planejamos continuar até o final do ano. Vamos ajustar o desenvolvimento de acordo com o que Fred [Vasseur] disse. Então, acho que pode ser feito. Quando existe a vontade, existe um caminho. Determinamos um teto de gastos e precisamos obedecer a ele", encerrou.

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