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Pódio em Miami ajuda, mas é quase nada para recolocar Sainz no páreo na F1 2022

Carlos Sainz interrompeu a sequência de abandonos com o terceiro lugar no GP de Miami. O resultado foi excelente para tentar recuperar a moral, mas, pensando em briga por algo maior no campeonato, é pouco ou quase nada. O espanhol precisa parar de bater e tem de vencer corridas imediatamente

18 mai 2022 - 04h02
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Carlos Sainz precisa de mais do que pódios para voltar ao jogo
Carlos Sainz precisa de mais do que pódios para voltar ao jogo
Foto: Beto Issa / Grande Prêmio

Não é exagero algum dizer que Carlos Sainz é a principal decepção individual do início da temporada 2022 da Fórmula 1. Um dos melhores pilotos da categoria nos últimos três anos, o espanhol chegou e encarou Charles Leclerc na Ferrari em 2021, mas parece ter sentido a pressão de, finalmente, ter um carro com potencial de campeão nas mãos.

Porque o cenário é diferente, sim, não há como negar. Ainda que seja o mesmo time em que brilhou em 2021, que tenha o mesmo companheiro com o qual bateu de frente logo de cara, que conheça a todos nos boxes, o 'palco' é totalmente outro. Carlos, após três anos tentando colocar McLaren e Ferrari no top-3, ganhou uma chance de ser campeão mundial. Aí a conversa é outra.

Aos 27 anos e com mais de meia década de experiência na F1, Sainz prova de algo diferente agora. Não que pontuar sempre com carros medianos fosse fácil, mas a pressão é totalmente outra. É tanta que, mesmo com três pódios em cinco possíveis, o desempenho não está nada bom. Muito por causa do brilho de Leclerc, mais ainda pelos acidentes que o espanhol tem sofrido.

Carlos Sainz precisa fugir logo dos muros (Foto: Reprodução)

Aí o negócio vai virando uma bola de neve, o piloto começa a entrar naquela espiral em que tudo dá errado. A verdade é que Sainz não estava muito mal nas primeiras etapas, foi ao pódio no Bahrein e em Jedá, mas perdeu para Leclerc, que tinha uma vitória e um segundo lugar. Havia uma pressão, sim, mas que foi ultrapotencializada na Austrália.

Depois de uma classificação incrivelmente ruim, em que ficou em nono, Carlos tentou recuperar tudo na primeira volta, aquele desespero de quem sabe que precisa fazer muito, mesmo em uma pista seletiva. Não tinha como dar em outra coisa: errou, rodou, atolou na brita.

E aqui vale dizer que a Ferrari agiu muito bem para tentar recuperar a confiança de seu piloto. Além de declarações de apoio a Sainz, o time ainda anunciou a renovação logo depois do erro na Austrália. Pode até ter sido coincidência, mas foi algo importante para mostrar que o rapaz ainda tinha muitos créditos. Não deu tão certo, porém.

Charles Leclerc e Carlos Sainz formam uma dupla muito forte (Foto: AFP)

Veio o GP da Emília-Romanha e Sainz bateu de novo na classificação. E aí que veio a espiral que a gente falou ali em cima: o espanhol fez uma excelente sprint race, escalou o pelotão, ficou em quarto no grid da prova principal, no domingo. Só que Daniel Ricciardo pisou na linha branca, escorregou na pista molhada e tirou Sainz da briga. Quando tudo começa a dar errado…

A verdade é que, ainda que as provas tenham acontecido com um intervalo de 15 dias entre cada uma delas, parecia que Sainz havia emendado Austrália-Ímola-Miami. Isso porque, de novo, o espanhol encontrou o muro no novato e traiçoeiro traçado urbano norte-americano. Desta vez, pelo menos, aconteceu no TL2. Menos pior, já que deu para se recuperar no fim de semana, mas voltou a encher a equipe de trabalho extra no carro.

"O importante é que eu aprendi com isso, e nós como time também aprendemos. Para ser mais perfeitos, mais fortes, mais robustos em todos os aspectos, e manter na cabeça que ainda há 20 corridas e tudo pode acontecer. Só podemos utilizar este final de semana para nos fortalecer, ter certeza de que aprendemos com isso para ter 20 corridas perfeitas", comentou Carlos após o primeiro dos erros, na Austrália, em declaração que mostrava já que o espanhol só queria saber de vencer a qualquer custo. O que não rolou ainda.

Carlos Sainz recuperou um pouco da moral em Miami (Foto: Scuderia Ferrari)

O piloto do carro #55 ainda foi segundo na classificação e chegou em terceiro na corrida em Miami, atrás, de novo, de Max Verstappen e Leclerc, o que tem sido bastante normal. O grande ponto é: talvez para Sergio Pérez isso seja uma bela performance, mas é o tipo de resultado que basta para Sainz? A briga é mesmo só com o mexicano?

De forma geral, o pódio foi fundamental para que Carlos possa se reerguer, voltar a confiar no que é capaz de fazer, acreditar que pode mais. Mas ainda é pouco, quase nada, se pensarmos em termos de campeonato. Como crer que pode ser campeão se, quando volta ao pódio, continua atrás dos dois competidores que parecem imbatíveis?

"Acho que precisava de uma corrida como essa para resgatar algumas coisas e construir as próximas corridas", disse Sainz após a prova americana. "Depois de alguns GPs agitados, é bom estar de volta ao pódio", completou.

Carlos Sainz foi ao pódio em Miami, mas agora precisa vencer (Foto: AFP)

Depois da sequência de acidentes, talvez o pódio fosse mesmo necessário em termos anímicos, afinal, não se tira uma desvantagem de cerca de 50 pontos em uma só etapa. Mas, agora que já recuperou um pouco da moral, é hora de voltar ao que é quase um mantra desde Jedá: Sainz precisa ganhar corridas. Urgentemente.

"Do meu lado, era mais por não estar me sentindo 100% bem fisicamente no final do stint com os [pneus] médios. Nas últimas cinco voltas, comecei a sentir uma dor no pescoço e não consegui dar 100% por causa da batida na sexta-feira", comentou o espanhol nos EUA, levantando mais um ponto importante na sequência tão dura: fisicamente também está cobrando o preço ficar encontrando o muro.

É bastante provável que não haja mais tempo de reação em 2022, especialmente porque Verstappen parece imparável e porque Leclerc já é o número #1 do time, mesmo que a Ferrari não admita. Ainda assim, Carlos precisa do 'momentum' para entrar em 2023 como alguém realmente capaz de brilhar em grandes palcos. Por enquanto, mesmo que siga sendo muito bom, ainda não é postulante ao título. Mas dá tempo de ser lá na frente.

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