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Pérez até sonha com título, mas realidade de segundão na Red Bull bate à porta em 2022

Sergio Pérez chegou a falar em buscar o título da Fórmula 1 após vencer o GP de Mônaco, mas a realidade é que o nível de suas atuações precisaria subir demais se quiser largar o posto de suporte para Max Verstappen

15 ago 2022 - 04h15
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Sergio Pérez ainda busca consistência, que insiste em escapar em 2022
Sergio Pérez ainda busca consistência, que insiste em escapar em 2022
Foto: Red Bull Content Pool / Grande Prêmio

STROLL REALIZOU SONHO E VIVEU FÓRMULA 1. É HORA DE SAIR DELA

Quando Sergio Pérez foi contratado pela Red Bull, ainda no final de 2020, o mexicano se encontrava na situação mais complicada do grid inteiro: sem contrato com a Racing Point, que viraria Aston Martin e já tinha confirmado Lance Stroll e Sebastian Vettel, 'Checo' estava entre ser chamado pelos taurinos — publicamente descontentes com Alexander Albon — ou abandonar a F1. E o chamado de Christian Horner veio. Um ano e meio depois, dificilmente o britânico diria que a decisão foi errada.

Aos fatos, pois: Pérez não está entre os talentos excepcionais do grid da Fórmula 1, mas possui habilidades importantes, sendo a combatividade a mais saliente. Entretanto, ainda sofre para se aproximar do desempenho do companheiro de equipe, Max Verstappen, e o esboço de uma possível disputa de título, após vencer em Mônaco, foi apenas uma serenata para encantar aqueles que não conhecem o paddock da categoria: 'Checo' foi contratado para ser 'segundão' e assim será até o fim de sua passagem na Red Bull.

O objetivo da primeira temporada, ao menos, foi cumprido: Sergio ajudou Verstappen na missão de enfim superar Lewis Hamilton, que empilhava títulos mundiais com a Mercedes. Longe do rendimento do holandês, o mexicano teve atuações memoráveis para segurar o britânico em cenários complicados, como na Turquia e em Abu Dhabi, deixando uma contribuição direta no fim do jejum austríaco.

Ponto alto da temporada de Pérez até aqui foi, sem dúvidas, a vitória em Mônaco (Foto: Red Bull Content Pool)

A questão é que o 'pulo do gato' não foi dado em 2022. Os resultados de Pérez esse ano são claramente superiores à primeira metade do ano passado, mas ainda que os carros desta temporada sejam completamente novos, a melhora do rendimento acaba sendo esperada pelo fator adaptação — além disso, os carros são novos para todo mundo, trazendo o mesmo nível de dificuldade a todos os pilotos.

É válido dizer também que o piloto de Guadalajara não conseguiu contar com a sorte nos momentos em que mais precisou, como quando perdeu a liderança na Arábia Saudita — após cravar a primeira pole da carreira — devido à entrada de um safety-car ou no Bahrein, em que abandonou logo depois do companheiro de equipe.

No entanto, não pode reclamar de situações em que poderia estar em vantagem e errou, como nas classificações de Canadá e Hungria, por exemplo — corridas em que a Red Bull venceu com Verstappen.

A despedida da Fórmula 1 para as férias de verão trouxe um Pérez muito abaixo do nível que a Red Bull pede, com pelo menos dois erros graves nas duas últimas corridas, ainda que a equipe taurina siga apostando no mexicano para os próximos anos — renovou o contrato do piloto até o fim de 2024 após a vitória em Mônaco, ignorando principalmente o nome de Pierre Gasly, que não esconde de ninguém o desejo de voltar.

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Batida no Canadá não foi a única, e confusão com Russell na Áustria também trouxe questionamentos a Pérez (Foto: Reprodução/F1)

Fora de ordem, é possível começar pela Hungria: a última impressão deixada por Pérez antes das férias foi realmente muito ruim, com uma eliminação inesperada ainda no Q2 da classificação. 'Checo' já havia demonstrado algumas dificuldades no fim de semana, em Hungaroring, mas o sábado foi terrível para o mexicano: não conseguiu registrar um tempo competitivo e acabou nem se classificando para a última fase do dia.

Reclamando de ser atrapalhado por Kevin Magnussen, Pérez viu Esteban Ocon e Valtteri Bottas melhorarem seus tempos enquanto ele ocupava a nona posição e precisou largar apenas em 11º. No dia seguinte, conseguiu aproveitar o ritmo superior da Red Bull para terminar com o quinto lugar — ainda assim, atrás das duas Mercedes.

Por falar em Mercedes, foi na França que Pérez cometeu um dos erros mais marcantes da temporada até aqui — já muito próximo ao fim da corrida, em momento no qual tentava se segurar no pódio, com Verstappen em primeiro lugar e Hamilton em segundo.

Restando apenas quatro voltas para o fim da prova, Guanyu Zhou ficou parado na pista por conta de problemas com sua Alfa Romeo. Desta forma, o safety-car virtual foi acionado. A relargada aconteceu com apenas duas voltas para a bandeirada, mas George Russell nem precisou disso para tomar o terceiro lugar: Pérez vacilou ao relargar e foi engolido pelo britânico, que conseguiu emendar dois carros da Mercedes no pódio.

Pérez foi atacado por Russell na França e dormiu na relargada, perdendo o pódio (Foto: Red Bull Content Pool)

A reação de Pérez após perder o terceiro lugar para o inglês talvez tenha sido tão marcante quanto o erro em si: claramente irritado, começou a reclamar pelo rádio com a equipe a cada erro que o rival cometia, afirmando que Russell estaria desrespeitando os limites de pista e tentando forçar uma punição ao piloto da Mercedes. Não colou, e o quarto lugar foi um gosto amargo para quem tinha o pódio nas mãos.

Após 13 corridas disputadas, uma pole e uma vitória conquistada, são 173 pontos somados por Pérez, apenas cinco abaixo de Charles Leclerc — mesmo com todos os erros da Ferrari, que prejudicaram absurdamente o campeonato da equipe italiana até aqui. O que mais chama atenção, entretanto, é a diferença para o próprio companheiro de equipe: Verstappen já alcançou 258 tentos, venceu oito corridas e caminha a passos largos para o bicampeonato mundial.

Aposta consciente da Red Bull para ajudar Verstappen a aumentar sua galeria de troféus, Pérez faz com certa segurança o trabalho de segundão — ainda que não esteja por perto em alguns momentos que sua equipe precisa. Ainda assim, a falta de regularidade com um dos melhores conjuntos da F1 pesa e indica que o mexicano não tem os atributos necessários para sonhar com o título.

Ainda assim, suas atuações dão razão à renovação de contrato da equipe e trazem um pouco mais de tranquilidade em uma função na qual todos os pilotos desde Daniel Ricciardo [incluem-se Gasly e Albon] saíram com a sensação de fracasso e com seus psicológicos massacrados: ser o suporte de Verstappen.

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Grande Prêmio
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