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Passadas de pano de Haas e FIA para Mazepin abrem precedente perigoso na F1

Nikita Mazepin deveria estar aprendendo na marra que não pode repetir na Fórmula 1 o comportamento já visto dentro e fora das pistas nos dias de Fórmula 2. Não é o caso: tanto equipe quanto direção de prova parecem dispostas a deixar o russo fazer o que quer

14 jun 2021 - 04h02
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Nikita Mazepin recebe críticas merecidas até aqui
Nikita Mazepin recebe críticas merecidas até aqui
Foto: Haas / Grande Prêmio

Não é preciso entender muito de Fórmula 1 para ver quem é o pior piloto do grid de 2021. Nikita Mazepin subiu para a principal categoria do automobilismo e, passadas seis corridas, ainda não mostrou o nível necessário para de fato merecer uma vaga no grid. Não só pela falta de velocidade, mas também por um comportamento altamente questionável nas pistas. Ainda assim, o russo se livra de puxões de orelha da parte da Haas e da direção de prova. Não há dúvidas: a situação é delicada e abre precedentes para o futuro.

Esse problema começa dentro da Haas. A equipe, desesperada por dinheiro para se manter nas pistas, não pensou duas vezes antes de assinar com Mazepin para 2021. Até dava para entender: o russo tinha vencido corridas na Fórmula 2 para justificar a subida à Fórmula 1. Só que os meses pós-anúncio mostraram uma realidade diferente: problemas variando desde o caso lamentável de abuso divulgado no Instagram até a nítida falta de velocidade na comparação com Mick Schumacher deveriam ser motivos de sobra para uma postura mais crítica do chefe Guenther Steiner. Afinal, o dirigente nunca mediu palavras ao lidar com Romain Grosjean e Kevin Magnussen. Eis que a dupla de pilotos trocou e o dirigente deixou de ser um leão para virar um mero gatinho. Impossível saber o que acontece internamente, mas quem vê de fora fica com a sensação clara de que a escuderia apenas passa pano para seu novo mecenas.

Nikita Mazepin fecha Mick Schumacher e provoca fúria
Nikita Mazepin fecha Mick Schumacher e provoca fúria
Foto: Reprodução / Grande Prêmio

Do ponto de vista da Haas, apesar de não ser algo louvável, é algo compreensível. Afinal, irritar a família Mazepin poderia ter consequências financeiras terríveis. Perder esse apoio poderia significar o fim das atividades e o desemprego dos funcionários. Mas o que dizer da postura da direção de prova, que também não parece muito disposta a ensinar lições para Nikita?

É que, incrivelmente, Mazepin não é o piloto com mais pontos de punição acumulados em 2021. Sebastian Vettel empilha cinco destes, enquanto Lando Norris soma três. O britânico, aliás, agora totaliza oito e se torna o piloto mais próximo do teto de 12, que leva a uma suspensão automática. Só depois vem o russo, com dois: um por atrapalhar Sergio Pérez em Portimão, outro por atrapalhar Norris em Barcelona. Sempre por não abrir passagem cedo o suficiente.

Era de se esperar que uma nova punição fosse aplicada a Mazepin por fechar Schumacher na reta principal de Baku. Afinal, Kevin Magnussen foi punido por fazer algo parecido com Pierre Gasly no mesmo trecho no GP do Azerbaijão de 2018. Punido com 2 pontos de punição, inclusive. Três anos depois, o ato perigoso do russo passou batido e nem foi analisado direito pela direção de prova. Cabe lembrar que antigamente quem supervisionava tudo era Charlie Whiting. Após a morte do lendário dirigente em 2019, Michael Masi virou substituto. Com a troca, vieram mudanças também na abordagem frente a casos passíveis de punição.

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Nikita Mazepin ainda não parece aprender lições
Nikita Mazepin ainda não parece aprender lições
Foto: Haas / Grande Prêmio

Mesmo assumindo que a direção de prova tente ser mais permissiva após a mudança de gestão, é necessário apontar também que há um perigo claro em deixar passar os erros de Mazepin. O perigo mais claro é o dos acidentes em si: vai que na próxima alguém não tenha os mesmos reflexos de Schumacher acabe decolando ao levar uma fechada. Só que há também o perigo de que essa passividade frente ao jovem russo seja fruto simplesmente de incoerência na tomada de decisões de Masi e companhia. Não algo consciente, mas algo que acontece quando não se faz o trabalho devido. Comparando com o futebol, seria como se Nikita tivesse 'apito amigo' nessas primeiras corridas de 2021.

É fácil cair em teorias da conspiração a respeito do caso. Afinal, a família Mazepin tem dinheiro e influência de sobra e alguma pessoa mais criativa poderia imaginar isso desaguando na FIA e na direção de prova. Seria uma história incrível, digna de manchetes em publicações esportivas ao redor do mundo. Só que não é necessário dar uma explicação digna de realismo mágico para algo que pode ser explicado de forma bem simples: a direção de prova parece estar errando a mão, e isso vem jogando a favor de Nikita até aqui. Pode não seguir jogando a favor lá na frente. Qualquer que seja sua vertente de pensamento favorita, parece sensato chamar isso de passada de pano.

Esse combo de passadas de pano, da parte da Haas e da FIA, é uma situação indesejada na F1 2021. Mazepin deveria estar aprendendo na marra que não pode ser um piloto inconsequente, como já mostrava ser na Fórmula 2. Ao invés disso, repete vícios e não dá sinais de que vá mudar isso tão cedo. Resta ver que consequências isso terá lá na frente.

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