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Mônaco precisa servir como sinal de alerta para FIA acelerar processos e rever protocolos

GP de Mônaco de Fórmula 1 atestou que a Federação Internacional de Automobilismo parece igualmente perdida quanto em 2021, mesmo com mudanças em sua estrutura. Processos, protocolos, decisões inconsistentes: tudo precisa ser revisto

1 jun 2022 - 04h02
(atualizado às 06h32)
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Português Eduardo Freitas chefiou a direção de prova da F1 nas ruas de Monte Carlo
Português Eduardo Freitas chefiou a direção de prova da F1 nas ruas de Monte Carlo
Foto: WEC / Grande Prêmio

FÓRMULA 1 2022: PÉREZ TRIUNFA EM BOBEIRA DA FERRARI EM MÔNACO | Paddock GP  #289

Ferrari e FIA (Federação Internacional de Automobilismo) competiram para ver quem se atrapalhava mais no fim de semana do GP de Mônaco. A disputa foi boa, e diz muito que, mesmo com todos os erros da escuderia italiana nas ruas de Monte Carlo, o órgão regulador tenha levado a melhor nesse embate. 

A grande verdade é que a direção de prova em Mônaco, chefiada por Eduardo Freitas, prestou-se a um verdadeiro papelão. A decisão de não correr com o dilúvio que caía em Mônaco pouco após a largada foi acertada, obviamente - a segurança de todos os envolvidos no evento está em primeiro lugar, sempre. Mas como explicar o adiamento da corrida? No momento previsto para os carros partirem do grid, às 10h (de Brasília, GMT -3), as condições não eram exatamente péssimas. Dava para largar.

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Chuva não deu trégua em Mônaco (Reprodução/F1)

O que se viu, ao invés de ação na pista, foi uma tremenda correria. A justificativa da entidade foi de que a chuva pesada já estava prevista, por isso o adiamento. Ainda que o dilúvio, de fato, tenha chegado, não existiam garantias de que isso fosse ocorrer. Partindo desse preceito, todas as corridas vão começar com esse 'pé atrás' - afinal, nunca dá para saber ao certo como o tempo vai se comportar. A meteorologia não é uma ciência de 100% de precisão. 

Os comissários, então, decidiram que a largada aconteceria com o safety-car em pista e obrigou todos os carros a saírem com pneus azuis, de chuva pesada. Indiretamente, a FIA permitiu que equipes recalculassem a rota quanto aos compostos. Errou na escolha dos pneus? O que antigamente seria um problema da equipe, tornou-se uma oportunidade de ajuste concedida pelo órgão regulador.  

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O recado que a entidade passou foi claro: imprensa, fãs, pilotos podem parar de torcer pela chuva. Desconsiderem o elemento climático. Torcer pelo dilúvio, por uma mudança no grid, por uma 'chacoalhada' da ordem de pilotos - tudo isso faz parte da natureza da Fórmula 1. A trapalhada em Mônaco fez a FIA tirar tais fatores de cena. A justificativa também deu conta de que as equipes foram "pegas de surpresa" pela mudança climática e isso era um risco, já que a chuva só foi cair no domingo. Seria então o início da Fórmula 1 no seco? Podemos avisar a Pirelli que não se faz mais necessária a fabricação de pneus intermediários e de chuva pesada?

Volta de apresentação atrás do Safety-Car (Reprodução/F1)

Não bastasse ter 'roubado' de todos e todas que assistiam à corrida a chance de uma disputa estratégica logo na largada - o que, em um circuito que praticamente não permite ultrapassagens, como em Mônaco, seria de extrema importância -, a FIA resolveu se complicar também durante a etapa.

Depois de impressionantes uma hora e cinco minutos de paralisação, enfim tivemos carros no circuito. Escapadas na saída dos boxes à parte - alô, Red Bull -, a principal polêmica da FIA aconteceu na 26ª volta. Foi quando Mick Schumacher mais uma vez mostrou sua dessintonia com circuitos de rua e bateu. O acidente foi fortíssimo, e o carro do piloto do alemão ficou partido em dois. 

O carro de Schumacher partido em dois: situação de safety-car virtual para a FIA (Foto: Reprodução)

Repetindo: a Haas de Schumacher partiu-se em dois pedaços. Qual foi a lógica ação da direção de prova? Acionar o safety-car virtual para só depois de alguns momentos, então, empunhar a bandeira vermelha - em uma situação que ficava claro que a prova precisava ser interrompida o mais rápido possível.

Não só pela segurança de todos os envolvidos - Schumacher, vale ressaltar, está bem -, e sim porque era uma evidente ocasião de bandeira vermelha. Ainda que o carro partido em dois não estivesse na linha do traçado, a barreira de soft-wall precisaria ser reestruturada. Este episódio - e outros do tipo, que já frequentemente aconteceram durante a temporada - evidencia não só a necessidade de aceleração dos processos e revisão dos protocolos, como também a inconsistência de decisões da FIA.

Volta, Michael Masi? (Foto: Reprodução/F1)

Isso porque, no sábado, Yuki Tsunoda raspou no muro na parte final do Q1 classificatório, o que causou um furo em seu pneu. O japonês da AlphaTauri conseguiu ir aos boxes sem maiores problemas, mas ainda assim a entidade determinou regime de bandeira vermelha. Não havia necessidade. 

O cenário era de mudança na FIA após as lambanças de Michael Masi. A expectativa, com a chegada de Eduardo Freitas e Niels Wittich, portanto, era de que enfim a Fórmula 1 visse um órgão regulador capaz de, oras, corretamente regular corridas. O que se vê até aqui, entretanto, é o contrário. Que o GP de Mônaco não seja esquecido.

É preciso que, internamente, a entidade pense que o dia 29 de maio de 2022 foi o dia do sinal amarelo para a atual direção de prova. Começar, parar, retomar uma corrida precisa ser um procedimento mais acelerado. Os protocolos não são flexíveis o suficiente e permitem grandes atrasos em pequenas janelas de oportunidade. Dá para melhorar - e muito. Resta saber se a lição de casa será feita.

FÓRMULA 1 2022: PÉREZ VENCE GP DE MÔNACO DE F1. SAINZ E VERSTAPPEN NO PÓDIO | Briefing

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