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Haas acerta ao repatriar Magnussen, vê Schumacher crescer e sobrevive na F1 2022

A Haas entrou na temporada 2022 da F1 sob risco de fechar as portas a qualquer momento, mas a parceria afiada com a Ferrari e o bom carro, somados ao retorno de Kevin Magnussen e evolução de Mick Schumacher, colocaram os americanos em um novo patamar

13 ago 2022 - 04h00
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Kevin Magnussen teve grande início do ano
Kevin Magnussen teve grande início do ano
Foto: Haas F1 Team / Grande Prêmio

Se a temporada 2022 da F1 não tem uma grande briga pelo título e, no geral, não vem tendo corridas espetaculares, ao menos vive de boas histórias, como a da Haas. Pior equipe disparada em 2021, a esquadra americana ainda sofreu um enorme baque financeiro dias antes do início do campeonato deste ano e, mesmo assim, cresceu bastante da produção. É quase que um milagre.

A boa fase da Haas, se é que podemos chamar assim mesmo em meio a um momento financeiramente tão complicado, se explica por diversos fatores. No fim das contas, o time fez bem em abrir mão completamente de 2021 e focar no novo regulamento, bem como a parceria próxima com a Ferrari também rendeu frutos interessantes. Por fim, mas não menos importante, a dupla de pilotos vem dando conta do recado, ainda que não sejam unanimidades e tenham, sim, pontos importantes a serem corrigidos.

Mas, para a gente entender como a Haas começou a sair do buraco, é preciso entender o caminho que a levou para ele. E isso foi um processo doloroso que durou alguns anos. Debutante na F1 2016, a esquadra americana parecia destinada a ser uma das melhores clientes do grid e bateu o teto em 2018, com o quinto lugar geral. Só que algo se perdeu no meio do caminho.

A Haas sofreu com a Rich Energy em 2019 (Foto: Haas)

Um baque financeiro considerável se deu em 2019, quando a Haas tomou um calote de uma misteriosa Rich Energy, que fez até o time mudar suas cores. Dali para frente, a situação começou a ficar dramática e o carro, cada vez menos desenvolvido. Isso tudo levou ao VF-20, projeto absolutamente fracassado de 2020, que deixou Romain Grosjean e Kevin Magnussen, pilotos cruciais na vida da equipe, totalmente de mãos atadas.

Grosjean e Magnussen foram trocados antes da temporada 2021, mas por questões claramente comerciais. A verdade é que os 3 pontos que a dupla conquistou, em uma atuação fantástica de cada, salvou a Haas da lanterna do campeonato e garantiu alguns milhões de dólares que evitaram que o time quebrasse de vez. Capengando para 2021, a equipe abriu as portas para o dinheiro dos fertilizantes russos de Nikita Mazepin.

Com um tenebroso Mazepin e um ainda muito cru Mick Schumacher, a Haas teve seu pior carro e pior dupla no ano passado. O 0 ponto na classificação final era algo óbvio desde a primeira corrida da temporada, mas a promessa era de um projeto ambicioso e bem superior em 2022. De fato, aconteceu.

Só que aconteceu por vias tortas, tortíssimas. Com a invasão da Rússia na Ucrânia, a Haas cortou o patrocínio de Mazepin e demitiu o russo, repatriando Magnussen para correr ao lado de Schumacher. Sem o aporte dos fertilizantes, a Haas sofreu para ter qualquer tipo de atualização no carro e, de quebra, ainda foi posta pelos Mazepin em uma batalha judicial. Definitivamente, o pior dos cenários para quem já estava em último.

Nikita Mazepin foi mandado embora pela Haas no início de 2022 (Foto: Haas F1 Team)

Acontece que, mesmo sem atualização alguma durante mais da metade do campeonato, o VF-22 é, sim, um bom carro. Com linhas de Ferrari branca e o poderosíssimo motor italiano, a Haas deixou a lanterna para trás e parte para as férias com 34 pontos. Para quem temia que pudessem fechar as portas sem a grana russa, é muito mais do que uma sobrevivência.

"Já imaginou onde estaríamos se tivéssemos atualizações? Sempre digo que atualizações são superestimadas, mas teremos as nossas novidades ali pela Hungria, esperamos que funcionem bem. Nós não as tivemos antes porque estávamos aprimorando", disse Günther Steiner, chefe do time.

O carro é bom, o motor é ótimo, mas vale o elogio também aos pilotos e ao chefe Steiner, que tem segurado a barra em meio à crise e, no fim das contas, foi responsável por chamar Magnussen de volta. O dinamarquês, mesmo com o crescimento de Schumacher, ainda é dono da grande maioria dos pontos do time em 2022.

É bem verdade, porém, que Kevin já não parece viver um momento tão bom quanto o do início do ano. Curiosamente, o dinamarquês teve a melhor fase na temporada quando a Haas nem era tão competitiva assim, se readaptando à F1 como se nunca tivesse saído. Agora, com um carro melhor, tem se afobado um pouco e vem sendo sinônimo de bandeira preta com disco laranja, ou seja, de obrigatoriedade de ida aos boxes por danos nos carros.

Mick Schumacher melhorou de rendimento em 2022 (Foto: Haas F1 Team)

Na contramão, Schumacher apresenta nítida curva de crescimento. O alemão ficou zerado por quase uma temporada e meia, mas desencantou na Inglaterra e repetiu a dose na Áustria, com duas ótimas atuações. Mesmo quando não pontua, aliás, Mick já demonstra mais recursos do que o apresentado em 2021 e no começo de 2022. Definitivamente, chegou à F1.

"Como atleta, você está sempre em busca dessa pressão porque é isso que vai 'acender a chama' que faz você ir mais rápido. E (comentários de Guenther Steiner) fizeram isso de certa maneira. Chegar à zona de pontuação em Silverstone era exatamente o que eu precisava para as coisas começarem a dar certo para mim", falou Mick após as duas provas nos pontos.

Em sétimo no Mundial de Construtores, a Haas surpreende ao se colocar na frente de AlphaTauri e Aston Martin, times com orçamentos superiores, mas não pode desgrudar o olho das duas, ainda que oficialmente diga que quer ir ainda mais longe. Fato é que o carro dificilmente vai crescer muito até o fim do ano, mas só de estar com as contas relativamente em dia e com resultados decentes, a Haas já pode se considerar uma vencedora na F1 2022.

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