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Ayrton Senna comemora a sua vitória na última corrida pela McLaren  Foto: F1 / X

Há 30 anos, Senna vencia pela última vez na F1

30 anos atrás, Ayrton Senna vencia o GP da Austrália de 1993, sua última vitória na F1, se despedindo da McLaren e de Alain Prost

Imagem: F1 / X
  • Sergio Milani Sergio Milani
  • Felipe Meira Felipe Meira
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7 nov 2023 - 18h15
Ayrton Senna comemora a sua vitória na última corrida pela McLaren
Ayrton Senna comemora a sua vitória na última corrida pela McLaren
Foto: F1 / X

Sem termos ideia, exatamente 30 anos atrás, uma fase se encerrava: Ayrton Senna vencia pela última vez na F1, conquistando o GP da Austrália. Era a sua despedida da McLaren e 1994 prometia com a ida para a Williams "de outro planeta". Foi o fechado de uma temporada onde o brasileiro pilotou muito. Vamos recordar um pouco...

Ayrton Senna fez história na McLaren, com três títulos na época da parceria com a Honda. Mas em 1992, a montadora anunciou a saída da categoria, ato inicialmente previsto para o fim de 1991. Com isso, relação entre o brasileiro e a equipe começou a ficar complicada, pois não havia certeza se havia condições do time comandado por Ron Dennis lutar por vitórias.

Diante do quadro, Senna chegou até a cogitar ir para a Williams, equipe dominante em 1992, que o tricampeão tinha recusado para 1991. Naquela época, o time fez uma proposta para ter o brasileiro, com apoio da Renault e da Elf (petroleira francesa). Só que Senna não sentia que a Williams seria competitiva logo de cara e havia a relação de confiança com a Honda.

Em 1992, a coisa era diferente: a Williams havia dominado de forma acachapante com o FW14B e não havia mais o relacionamento quase espiritual com os japoneses. Mas Alain Prost, seu maior rival, tinha assinado com a equipe e Senna acusou publicamente o francês de ter uma cláusula em seu contrato que vetava o brasileiro.

Desta forma, o tricampeão não tinha assinado com ninguém para o ano seguinte, embora houvesse uma proposta da Ferrari na mesa. Ron Dennis, chefe da McLaren, disse que só tinha U$5 Milhões para toda a temporada para lhe pagar, já que não tinha mais a Honda para bancar a conta e a Philip Morris (Marlboro) não queria aumentar o valor desembolsado.

Nesta altura, Senna chegou a testar um Indy em Phoenix a convite da Penske e Emerson Fittipaldi, até se animando a ir para os Estados Unidos. Mas o bichinho da F1 seguia mordendo e Senna respondeu a Dennis que, com esse valor, faria as cinco primeiras corridas.

O salário era extremamente alto, algo jamais visto até então. Mas Senna justificou a confiança: Nas cinco primeiras corridas foram duas vitórias épicas (Brasil e Europa), dois segundos lugares (África do Sul e Espanha) e um abandono em San Marino por problemas hidráulicos quando estava em segundo. Senna estava com 32 pontos contra 34 de Prost. Era algo impensável: Afinal, Senna brigava com um carro que tinha pelo menos 80 cv a mais e uma suspensão eletronica que beirava a perfeição.

Era uma atuação que ninguém esperava: O McLaren MP4/8 veio muito bem-nascido, com um ótimo acerto de chassi e um festival de eletrônica conduzido pela TAG Electronics. Mesmo com um Ford Cosworth V8 uma especificação atrás da Benetton, Senna fez maravilhas neste início da temporada.

Depois se soube que Senna e Ron Dennis fizeram um acordo para forçar que a Phillip Morris e a Shell fizessem um aporte de valores para pagar o valor pedido pelo brasileiro. Não foi tão simples, pois em algumas vezes, valores não foram acertados e o acordo final só foi firmado no GP da França.

Esta situação acabou por prejudicar o desenvolvimento do carro, bem como o impasse coma Ford para obtenção dos Cosworth de mesma especificação do que a da Benetton. Assim, Senna não teve como competir no mesmo nível das Williams e Prost começou a abrir e conquistou o título com antecedência, no GP de Portugal. Mas o vice-campeonato chegou em aberto para última etapa do campeonato.

Depois das vitórias no começo do campeonato, Senna venceu no Japão. Assim, o piloto brasileiro com 40 conquistas na categoria, segundo maior vencedor da categoria na época, apenas atrás de Alain Prost, que tinha 51. No campeonato, Damon Hill, companheiro de Prost, tinha 65 pontos contra 63 pontos de Senna.

A última de Senna na F1

Na qualificação já aconteceu uma surpresa: Senna fez a pole, a primeira em 25 corridas que a Williams conquistou. Embora importante, esta pole foi meio acidental, pois o brasileiro não ouviu no rádio quando Ron Dennis disse que o combustível estava acabando e devia abortar a volta. A vantagem para o 2° colocado, Alain Prost, foi de 0s436. Eis o extrato do documentário da BBC sobre a temporada da McLaren que fala sobre esta volta.

Aquele poderia ser o GP da última batalha entre Senna e Prost. Afinal de contas, o francês já tinha anunciado aposentadoria justamente em Portugal e Senna finalmente iria para a Williams em 1994. Mas a corrida não se mostrou assim: foram duas largadas abortadas e na 3ª tentativa, Senna acabou com as esperanças de Prost na primeira curva. O francês até largou bem, mas ficou para trás.

Mesmo com Prost a seu lado, Senna conseguiu manter a liderança
Mesmo com Prost a seu lado, Senna conseguiu manter a liderança
Foto: F1 / X

Senna teve uma vitória tranquila, sua 41ª na F1, aproveitando o fato de que Williams e Benetton já olhavam para 1994, enquanto a McLaren se aproveitou de uma melhor afinação de um pacote aerodinâmico trazido a partir de Monza e da nova versão da Série VIII do Cosworth V8. Prost chegou em um tranquilo 2° lugar, sem fazer sombra ao brasileiro.

Após o final da corrida, uma cena que os fãs da F1 não esperavam: Após tantos anos de rusgas e desavenças, Senna cumprimentou Prost e o trouxe para o alto do pódio, levantando seu braço, em sinal de respeito. Era a marca de um final de era na F1 e o início de paz entre os dois inimigos até então.

No pódio, a paz: Prost e Senna tiveram uma atitude de gigantes
No pódio, a paz: Prost e Senna tiveram uma atitude de gigantes
Foto: F1 / X

A partir de 1994, Senna estaria na Williams e Prost não estaria mais na F1. As esperanças do brasileiro era voltar a conquistar um título depois de três temporadas. Mas não foi assim que as coisas aconteceram. Infelizmente a temporada seguinte da F1 ficaria marcada por fatores não positivos e marcaria a ascensão do próximo grande nome da categoria: Michael Schumacher.

Pela 41ª e última vez na F1, Senna no alto do pódio
Pela 41ª e última vez na F1, Senna no alto do pódio
Foto: McLaren / X

Mas isso é uma história para outros artigos...

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