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Em audiência, MP diz que obra em Deodoro é ilegal

Em reunião virtual que durou 10 horas, poucos participantes opinaram favoravelmente ao autódromo

13 ago 2020 - 12h01
(atualizado às 12h14)
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A área em Deodoro
A área em Deodoro
Foto: Divulgação / Grande Prêmio

Após a Justiça suspender liminar que proibia audiência virtual, e a primeira tentativa, na última sexta-feira (7), ver erros na plataforma, enfim a reunião para discutir publicamente a construção do autódromo de Deodoro, promovida pelo Conselho Estadual de Meio Ambiente do Rio de Janeiro (Cema) ocorreu - e durou cerca de 10 horas na última quarta.

Nela, cerca de 100 pessoas emitiram opiniões sobre a obra, entre eles moradores da área localizada na cidade do Rio de Janeiro, além de biólogos e especialistas em meio ambiente - já que o local em que se planeja a construção da pista fica na Floresta do Camboatá.

E, de acordo com informações da coluna 'Olhar Olímpico', do jornalista Demétrio Vecchioli - que participou do programa Cadeira Cativa, do GP - poucos se prestaram a defender a obra: apenas dois participantes. Um deles, piloto de kart, chegou a alegar que, sem o autódromo, a obra seria "ocupada por sem teto".

Por outro lado, tanto o Ministério Público Federal quando o Estadual do RJ apontaram que a obra é ilegal. A razão é o impacto ambiental em uma área de mata atlântica, além de processo de licitação irregular. Ambos os MP e ativistas prometeram "longa batalha" contra o projeto.

JR Pereira, representante do consórcio Rio Motorsports, participou da audiência, e chegou a mostrar vídeo com supostos moradores da região defendendo a construção. Ele, porém, se recusou a comentar questões financeiras, além de se limitar a chamar de 'fake news' reportagem da 'Revista Piauí' que diz que seu plano é também construir um condomínio no local.

O empresário também não comentou sobre a origem do dinheiro para a obra, que ele alega que será privada - e que só mostrará as garantias quando da assinatura do contrato.

Área onde o consórcio Rio Motorsports pretende construir o autódromo de Deodoro
Área onde o consórcio Rio Motorsports pretende construir o autódromo de Deodoro
Foto: Reprodução / Grande Prêmio

Entenda o caso

O processo de construção do autódromo na região militar é alvo de suspeitas pelo envolvimento da citada Rio Motorsports, de José Antonio Soares Pereira Júnior, que virou JR Pereira para evitar expor os problemas judiciais que enfrenta desde que uma de suas empresas, a Crown Processamento de Dados, acumulou dívidas superiores a R$ 25 milhões à União.

A Rio Motorsports, através do próprio JR Pereira e de uma das companhias vertentes da Crown, acabou participando da regulação do processo de licitação da obra, algo que qualquer ente público proíbe. Ainda, nunca houve comprovação, por parte da Rio Motorsports, da origem do dinheiro previsto para a construção.

A promessa da Rio Motorsports era tirar o GP do Brasil de Interlagos já a partir de 2021. A proposta ganhou apoio do presidente Jair Bolsonaro, que, em 24 de junho do ano passado, disse que era "99% certo" que a corrida passaria a ser realizada no RJ. O projeto do novo autódromo de Deodoro segue parado.

Grande Prêmio
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