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Bottas derrete em praça pública e perde status de escudeiro valioso na Mercedes

Valtteri Bottas já não consegue ajudar Lewis Hamilton como ajudou no passado. O finlandês perdeu rendimento, e logo quando a Mercedes precisa de força máxima contra a Red Bull. As consequências disso são várias e de potencial catastrófico em Brackley

9 jun 2021 - 04h02
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Valtteri Bottas vive fase infernar na Fórmula 1
Valtteri Bottas vive fase infernar na Fórmula 1
Foto: Mercedes / Grande Prêmio

Use sua memória para lembrar como era o mundo em março de 2021. Não muito melhor do que em junho de 2021, de fato, mas algumas coisas eram diferentes. Na Fórmula 1, a Mercedes tinha dois pilotos que se complementavam: Lewis Hamilton buscava títulos e vencia aos montes, enquanto Valtteri Bottas ia ao pódio quase sempre. Só que os meses passaram e, por uma série de motivos, o finlandês já não é mais o mesmo. O fiel escudeiro de outrora virou a personificação de um momento altamente frustrante para a atual campeã da Fórmula 1.

Essa análise vem num contexto nem um pouco empolgante para Bottas. Das seis primeiras corridas do ano, sofreu para ficar no top-10 em duas delas - Ímola, quando bateu com George Russell, e Baku - e não foi capaz de brigar para valer pela vitória em momento algum. Cabe a ressalva de que a melhor corrida do ano, Mônaco, foi destruída pelo azar tremendo da porca presa. Ainda assim, uma única corrida propriamente boa é muito pouco para alguém que em temporadas passadas era sempre capaz de fazer pelo menos um pouquinho mais.

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Valtteri Bottas já tem dificuldades para ser um grande escudeiro
Valtteri Bottas já tem dificuldades para ser um grande escudeiro
Foto: Steve Etherington/Mercedes / Grande Prêmio

Se Bottas passasse por esse momento tenebroso em 2020, as consequências seriam poucas. Teria talvez perdido o vice-campeonato para Max Verstappen, mas isso não altera a cotação do dólar. A questão é que a Mercedes precisa muito de um escudeiro para Hamilton em 2021. A Red Bull ganhou muita força, vide o holandês liderando o Mundial de Pilotos. De quebra, Sergio Pérez entrou nos trilhos e venceu corrida. Se você é bom de conta, percebe que agora são dois pilotos em alta em Milton Keynes contra um só em Brackley.

Isso é bastante problemático, e por uma lista de motivos. O maior deles é que, caso Bottas não supere o momento ruim, a Mercedes terá missão muito dura para ser campeã no Mundial de Construtores. Outra consequência é o peso que fica sobre as costas de Hamilton: fica muito mais fácil a Red Bull dar um nó tático no heptacampeão quando se há superioridade numérica nas primeiras posições. Nas corridas em que Valtteri fica para trás, não há muito que possa ser feito. Pense no GP da Espanha, em que Pérez andando algumas posições acima já seria suficiente para dificultar muito a estratégia que viria a tirar a vitória de Verstappen.

É verdade também que o que vemos agora pode ser apenas uma fase ruim. Não seria a primeira, vide a dificuldade de Bottas de ser altamente competitivo durante temporadas completas. Dito isso, não há mais margem para o finlandês passar alguns meses desligado e eventualmente voltar para andar bem uma vez que outra. Até porque é possível que um dia melhor signifique entrar em rota de colisão com Hamilton, ainda mais se a possibilidade de Valtteri já saber que não segue na Mercedes em 2022 for verdade. Enquanto Pérez tem todos os motivos para ser bom moço com Verstappen, não há uma garantia semelhante na escuderia rival. Ainda não dá para saber a magnitude disso ao longo de um campeonato de 23 corridas, das quais tivemos apenas seis até aqui, mas é inegável que trata-se de um fator possivelmente decisivo.

Valtteri Bottas mais uma vez decepcionou e nem sequer pontuou
Valtteri Bottas mais uma vez decepcionou e nem sequer pontuou
Foto: Mercedes / Grande Prêmio

A Mercedes sabe muito bem disso tudo e o clima tenso na equipe vai se evidenciando aos poucos. Não no GP do Azerbaijão, em que ninguém fez comentários muito bombásticos sobre o 12° lugar de Bottas, mas ao longo dos últimos meses. Duas corridas deixaram isso mais claro: o GP do Bahrein, com Valtteri reclamando publicamente de sua estratégia, e o da Espanha, com saia justa tão logo a ordem de abrir caminho para Hamilton foi desrespeitada. O caldeirão vai fervendo e, mesmo sem garantia de que o #77 de fato vire um rebelde nos próximos meses, tal possibilidade já basta para haver algum desconforto interno.

Há quem fale em troca de pilotos no meio do ano, mas tal possibilidade nunca foi ventilada por ninguém com acesso aos bastidores da Mercedes. Sabendo da abordagem metódica existente em Brackley, é difícil acreditar. Seria uma queimação de filme para todo mundo e sem garantia de retorno com George Russell ou quem quer que seja. Talvez já seja tarde demais, talvez já seja hora de Toto Wolff entender que a realidade é de uma dupla Lewis Hamilton-Valtteri Bottas no mínimo até dezembro. E cruzando os dedos para que as consequências disso não sejam tão sérias.

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