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GP do Brasil: Gil de Ferran fala sobre Alonso, Renault e os problemas da McLaren

14 nov 2018 - 15h04
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Gil de Ferran retornou à Fórmula 1 em 2018. Há mais de uma década, o bicampeão da CART e vencedor da Indy 500 foi o diretor esportivo da BAR-Honda, retornando ao mesmo cargo na McLaren nesta temporada – apesar das funções distintas como ele mesmo cita na entrevista abaixo, concedida aos jornalistas brasileiros durante o Grande Prêmio do Brasil da última semana.

GP do Brasil: Gil de Ferran fala sobre Alonso, Renault e os problemas da McLaren
GP do Brasil: Gil de Ferran fala sobre Alonso, Renault e os problemas da McLaren
Foto: Victor Berto/ F1Mania / F1Mania

O diretor esportivo da McLaren recebeu os jornalistas no hospitality da McLaren em Interlagos, em uma entrevista que durou pouco mais de 25 minutos. Confira na íntegra:

O que podemos esperar do modelo do próximo ano da McLaren?

"Toda a experiência que a McLaren tem vai ser decisiva nas tomadas de decisões sobre o carro de 2019. É uma questão de absorver e rever toda a experiência que você tem ao longo dos anos, e na verdade esse é um processo que sempre é feito.

"Experiências boas são úteis e experiências não tão boas também são bem úteis.

"Com relação ao carro desse ano entendemos bem onde erramos, onde não estamos indo bem, os pontos fracos do carro e toda essa compreensão vai nos ajudar a fazer o carro do ano que vem."

Como é trabalhar com Fernando Alonso, no ponto de vista técnico? O que o Alonso tem de tão melhor que outros 'caras'?

"Sem querer fazer comparações, só falando onde o Alonso é realmente muito bom ao meu ver. Ele tem uma sensibilidade muito grande e ele é muito direto, e raramente ele está errado.

"Isso ajuda muito os engenheiros já que ele não fica na dúvida, ele sente, interpreta muito bem o que ele sente e coloca aquilo de uma maneira muito concisa para a equipe, e esse é um ponto muito forte dele. Ele ajudar encurtar o caminho da solução dos problemas.

"Mesmo em situações durante a corrida ele tem uma capacidade de raciocínio muito grande, e isso faz com que ele consiga lidar com muitas coisas mesmo em situações de grande pressão."

Ainda sobre o entendimento do carro. Ano que vem vocês terão dois pilotos jovens. Isso pode afetar no desenvolvimento, entendimento do carro?

"É impossível você dizer que não vamos sentir falta do Fernando. Eu realmente considero o Fernando um dos melhores pilotos da história da Fórmula 1.

"Não tem como negar que ele vai deixar um espaço grande. Mas é o sentido da vida. É como o relógio anda, anda para frente.

"Tanto o Lando quanto o Carlos são dois pilotos jovens, então teremos desafios diferentes, problemas diferentes e oportunidades diferentes para lidar e eu vejo isso não como uma coisa negativa, é o sentido natural das coisas."

O grande rumor da temporada é que os problemas da McLaren se dão por conta do motor Renault não se encaixar "perfeitamente" no chassi da McLaren. Isso é verdade?

"Não vejo exatamente como um problema. Claro, quando você muda de motor – que é uma coisa muito importante para o carro, a integração é muito complexa de lidar. Mas eu não acho que esse foi um grande problema esse ano."

Qual o maior problema da McLaren nesta temporada?

"Um pouco a parte aerodinâmica, não estamos liderando com esse carro nesse sentido. Mas é um conjunto todo de coisas. É difícil você apontar para isso ou aquilo, mas eu acho que entendemos muito bem os pontos fracas que o carro tem."

Qual sua avaliação dos primeiros meses na McLaren?

"Tem sido um trabalho fantástico, extremamente intenso, divertido. Eu estabeleci um relacionamento muito bom não só com a diretoria da McLaren, mas com os engenheiros os mecânicos. Então na verdade eu estou gostando muito.

"Todos dentro da equipe entendem bem como precisamos melhorar, as pessoas me parecem muito unidas e motivadas e isso cria um ambiente muito bom de trabalhar."

Você é uma pessoa chave na McLaren, quanto sua convivência com o Alonso em maio influenciou na sua chegada?

"Foi lá que tudo começou. Quando eles decidiram levar o Fernando para as 500 Milhas de Indianápolis eu mandei uma notinha parabenizando o Zack (Brown). Eu já o conhecia de anos atrás.

"E falei 'olha se precisar de alguma coisa você me avisa'. E acho que foi no dia seguinte ou no mesmo dia, nós falamos e acabei indo para as 500 Milhas para ajudar o Fernando e também a McLaren e então começamos um relacionamento não só com o Fernando, mas também com toda a equipe McLaren. E aqui estou, mas foi lá que começou tudo."

Como você diferenciaria os momentos na F1, quando você entrou na BAR em 2005 - que depois virou Honda - e agora na McLaren?

"Eu sinto os momentos muito diferentes e embora tenha o mesmo nome, as funções são bastante diferentes. Na Honda eu era responsável por tudo que envolvia a pista, e aqui eu tenho uma função diferente. Eu sento ao lado do Zack e do Simon (Roberts, chefe de operações da McLaren F1) e vemos tudo, todas as operações da equipe.

"Minha função hoje é muito mais ampla do que era, essa é a primeira diferença. E a segunda diferença é interna, eu já tenho 50 anos de idade e já passei por muitas coisas, me sinto mais preparado."

Sobre o relacionamento da McLaren com a Renault. Como foi a relação de vocês nesse primeiro ano?

"Temos um bom relacionamento com a Renault e eu peguei isso andando pela metade. Mas não vejo nenhum problema com a Renault, pelo contrário, acho que temos um bom relacionamento com a Renault e acho que ao longo do tempo isso deve melhorar."

Você citou que um de seus desafios será "fazer a equipe trabalhar junta". Como você planeja fazer isso?

"Como deve acontecer nas nossas casas. É uma questão de comunicação, de clareza, e principalmente de confiança. Eu acho que esses são os três principais fatores. Quando existe confiança entre as pessoas, clareza, as coisas começam andar junto."

Historicamente a McLaren sempre teve um piloto consagrado na F1 e pela primeira vez isso não vai acontecer. Existe algum trabalho voltado para os jovens pilotos, o Lando Norris e também o Sette Câmara.

"Olha eu acho que a equipe precisa conhecer o piloto da melhor maneira possível e tentar estabelecer um relacionamento que se encaixa bem com as características dos pilotos, sejam lá quais elas forem e trabalhar junto com a equipe para otimizar esse relacionamento.

"Isso tem ligação com o relacionamento com o piloto, para ter uma boa compreensão dos problemas e oportunidades que podem surgir."

Fala-se muito que a Fórmula 1 está estagnada, com um gap muito grande entre o topo e o fim do grid. O projeto da McLaren é melhorar já em 2020?

"Nós estamos tentando melhorar o mais rápido possível. Ao mesmo tempo, entendemos que o desafio é grande e a coisa é difícil. Claro que a oportunidade mais definida seria em 2021, mas não quer dizer que não estamos tentando chegar lá o mais rápido possível."

O que pode ser feito para diminuir a diferença na F1?

"Olha, muitas coisas estão sendo estudas com relação ao regulamento de 2021, tanto na parte econômica quanto na parte técnica, e eu acho que as ideias que estão sendo debatidas são bastante interessantes."

O teto orçamentário é algo que você aprova?

"É uma coisa que está sendo discutida e que achamos interessante."

Ao longo do ano ouvimos falar que o carro tinha problemas aerodinâmicos, outra hora era comunicado um novo problema. Vocês vão utilizar uma base completamente distinta para o carro do ano que vem?

"Entendemos bem os pontos fracos. E toda essa experiência que temos, não só boas mais as coisas que não deram certo também, formaram uma visão dos problemas que estamos tendo esse ano e, obviamente, estamos tentando resolver eles para o ano que vem."

É um problema que se repete, ou são distintos problemas que se manifestam em horas diferentes?

"Um pouco dos dois. Algumas coisas acho que são fundamentais e algumas variam de circuito para circuito."

 

Existe uma meta de posição para a próxima temporada?

"Talvez eu seja uma pessoa diferente das outras, mas eu não penso nisso. Eu penso no hoje. Se estamos em décimo amanhã vamos tentar chegar em nono. Se estamos em nono, vamos tentar chegar em oitavo.

"Tentando enxergar quais são os pontos que eu posso influenciar ou então nós como equipe podemos influenciar, e tentar tomar as melhores decisões no momento, não só para o curto prazo, mas também para o longo prazo.

"E esse foco no processo é que vai trazer o resultado. Talvez outras pessoas pensem diferente. Mas eu sou muito focado no processo, naquilo que estou fazendo e como posso fazer melhor. Todo esse trabalho vai trazer o resultado, vai trazer um resultado melhor.

"Minha vida sempre foi assim, como pilotos, como homem de negócios. Então, você me pergunta, 'mas quando você vai chegar lá?', eu não vou me arriscar a dizer, mas na minha experiência esse foco no processo sempre trouxe um bom resultado."

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