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Diretor da Jaguar Racing: respeitamos a F1, mas a Formula E representa o futuro

12 dez 2018 - 08h50
(atualizado às 11h55)
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Em entrevista exclusiva ao F1 Mania, James Barclay comenta a quinta temporada dos fórmulas elétricos e a estreia do novo campeonato de turismo que fará a preliminar da Formula E

Diretor da Jaguar Racing: respeitamos a F1, mas a Formula E representa o futuro
Diretor da Jaguar Racing: respeitamos a F1, mas a Formula E representa o futuro
Foto: Divulgação/ Panasonic Jaguar Racing / F1Mania

A quinta temporada da Formula E começa neste final de semana na Arábia Saudita apontando os melhores caminhos para o futuro do automobilismo e, ao mesmo tempo, em sintonia com o que o mundo espera em termos de mobilidade e sustentabilidade. Esta é a visão de James Barclay, diretor da equipe Jaguar Racing na Fórmula E, que, em passagem por São Paulo, concedeu uma entrevista exclusiva ao F1 Mania.

Confira os principais pontos da conversa do diretor que terá por mais um ano Nelsinho Piquet em seu time e também dois brasileiros (Cacá Bueno e Sergio Jimenez) no mais novo campeonato de turismo de carros elétricos, o Jaguar E-Trophy.

F1 Mania: Temos visto a F1 e a Fórmula E tomando caminhos diferentes, mas que no futuro poderão ser categorias que sejam complementares? A Fórmula E tem se tornado cada vez mais importante a cada ano?

James Barclay: Exatamente isso. A Fórmula E tem se tornado cada vez mais importante para a tecnologia, principalmente para as montadoras de carros na criação de veículos elétricos. O futuro está muito claro agora, estamos criando novas formas de mobilidade mais sustentáveis. Então nós veremos cada vez mais veículos feitos com baterias e movidos a eletricidade. E a Fórmula E tem muito disso, ela ajuda bastante no crescimento da tecnologia que são e serão implementadas nos carros atuais e do futuro. O que fazemos na pista nós estamos sempre levando para as fábricas. Muitas montadoras vão começar a produzir esse tipo de carro e no futuro e por isso estão chegando na Fórmula E: Jaguar, BMW, Mercedes e a Porsche.

O que isso representa para a categoria?

É uma oportunidade única para os fãs verem esse crescimento da Fórmula E e como ela também tem se tornado cada vez mais rápida. Nós com certeza respeitamos a Fórmula 1, mas realmente temos ido para caminhos diferentes nesses campeonatos. É muito interessante como a Fórmula E tem crescido e se tornado cada vez mais popular ao longo desses 4 anos. As corridas estão muito boas e no último campeonato nós tivemos vários pilotos diferentes conquistando vitórias. A competição está realmente muito equilibrada e com boas surpresas, o que é muito importante para atrair mais público. Os fãs, em qualquer esporte, não querem ver apenas um time ou um piloto vencendo. Isso é algo que torna a Fórmula E apaixonante, ter essa habilidade de que a maioria dos times no campeonato tenham sucesso. Claro que todos querem ganhar, mas você também quer um campeonato em que a competitividade seja alta.

E agora vocês terão um novo desafio. Será apenas um carro para cada piloto, eles não precisam mais trocar o carro para continuarem na corrida. Quais serão as mudanças nas estratégias? As corridas agora serão bem diferentes?

Realmente será uma grande mudança os pilotos não precisarem trocar de carro durante as corridas. O pit-stop será introduzido como uma boa oportunidade de fazermos estratégias diferentes e será introduzido como uma chance de erro, que pode mudar a corrida. São quatro anos de categoria e a tecnologia envolvida é muito alta e agora só precisamos de um carro para completar a prova. Uma grande mudança é que agora nós teremos as provas com limite de tempo e não com limite de voltas. Agora nós teremos oito minutos a mais de corrida e os pilotos vão poder economizar menos bateria porque terão 25 quilowatts a mais de potência. Os carros estarão mais rápidos.

Nós corríamos com 180 quilowatts de potência, agora corremos a 200 quilowatts e temos 8 minutos de 25 quilowatts a mais de potência, então 225 quilowatts. E quando você usa essa energia extra, você obviamente vai mais rápido, mas usa mais energia, então não é de graça. Então, há muito mais trabalho a ser feito do ponto de vista da estratégia agora. Porque os safety cars, acidentes, e outras circunstâncias farão uma grande diferença na quantidade de energia que você consome. Então, será muito importante que as equipes, junto com os engenheiros, além dos pilotos, estejam se ajustando, adaptando-se muito rapidamente à corrida e se desdobrando nela. E, com certeza, vai ser muito emocionante do ponto de vista de uma corrida pura. Com os carros sendo mais rápidos no geral, com um pouco mais de degradação de pneus neste ano, acho que vai ser um ano muito empolgante. No treino classificatório, por exemplo, onde temos 250 quilowatts de potência, os pilotos estarão muito rápidos e teremos que se concentrar muito para irmos bem.

RF: Um outro desafio será a criação da Jaguar I Pace Trophy nesta temporada. Será a primeira vez que teremos carros de turismo totalmente elétricos para corridas. Qual é o grande desafio para a Jaguar nesta categoria?

JB: Tem sido um trabalho incrível para nós, algo que só os apaixonados por carros, como é o caso da Jaguar, pode fazer. E o Jaguar I Pace é um carro incrível que introduzimos neste ano em todo o mundo. É um carro incrível, o Jaguar I Pace. A oportunidade de transformar isso em um carro de corrida foi um desafio maravilhoso. Um desafio muito grande, porque ninguém nunca fez isso antes, então tivemos que criar tudo para essa competição, até o regulamento próprio. A logística em torno da criação de um campeonato que visita dez cidades ao redor do mundo também não é simples. Você sabe, não é apenas o primeiro campeonato de corrida com carros elétricos, mas também o primeiro campeonato totalmente global de fabricação única no mundo. Então, é um enorme exercício de logística, mas estamos muito empolgados porque há um enorme interesse crescente em veículos elétricos. Nós poderemos mostrar a capacidade de engenharia e o desempenho do Jaguar I Pace em circuitos de rua. Serão várias provas no centro das cidades ao redor do mundo com alguns pilotos incríveis, vai ser muito empolgante e os pilotos do campeonato são muito fortes. Basta olhar aqui no Brasil, onde temos o Cacá Bueno e Sérgio Jimenez formando um time. Eles são dois pilotos incrivelmente profissionais e muito rápidos. Então, eu acho que a corrida vai ser muito equilibrada, além de ser uma ótima prova para ser exibidas nos canais de televisão.

Foto: Divulgação/ Panasonic Jaguar Racing

A última pergunta é sobre a sua relação com o Brasil. Você tem o Nelsinho Piquet em seu time. Qual a chance de lutarem pelo título do campeonato nesta temporada nos dois campeonatos?

O Nelsinho tem agregado muito desde que chegou ao nosso time da Panasonic Jaguar Racing. Um campeão mundial de Fórmula E representa muita em experiência e expertise para todo o time. Com o Nelson nós sempre estaremos disputando corridas e campeonatos. Este ano estamos muito focados em buscarmos pódios com regularidade e esperamos vencer corridas este ano. Então, com o Nelson, estamos muito confiantes no que ele pode nos ajudar a fazer isso. Sobre o ITrophy, nós estaremos com o Sérgio (Jimenez) e o Cacá (Bueno), um verdadeiro time brasileiro. São dois incríveis pilotos e nós temos um grande potencial de lutarmos pelo título. Ainda será uma ótima oportunidade para esses pilotos participarem de etapas preliminares da Fórmula E.

F1Mania
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