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Chadwick replica ideia transfóbica e apoia proibição de mulheres trans no esporte

Bicampeã da W Series e a caminho do terceiro título, Jamie Chadwick se alinhou ao pensamento da chefe Caitlyn Jenner e não se mostrou favorável à entrada de mulheres trans em esportes femininos

2 jul 2022 - 10h54
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Chadwick comentou sobre assunto polêmico antes da corrida em Silverstone
Chadwick comentou sobre assunto polêmico antes da corrida em Silverstone
Foto: Divulgação/W Series / Grande Prêmio

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Jamie Chadwick concordou com a visão de Caitlyn Jenner, dona da Jenner Racing — sua equipe na W Series —, trans e aliada à extrema direita nos Estados Unidos, sobre a participação de mulheres trans em esportes femininos. A britânica, que disputa o GP da Inglaterra em casa neste final de semana, defendeu a ideia — não comprovada — de que os atributos físicos de uma mulher trans poderia ser um problema para as outras competidoras.

"Caitlyn [Jenner] está definitivamente em uma posição melhor para falar sobre isso do que eu, ou a maioria de nós", disse Chadwick em entrevista ao jornal The Telegraph. "Mas consigo entender o que ela quer dizer. Caitlyn é trans, mas alguém que se desenvolveu muscularmente como um homem. Então, ela é bem mais alta e mais larga do que seria se tivesse nascido mulher. Sua linha principal é proteger os esportes femininos, e concordo com isso", afirmou.

"Obviamente, é um debate complexo", argumentou. "Eu acredito que todos devem ter a chance de competir nos esportes. É uma forma de escape para muitas pessoas e não deve ser exclusivo, deve haver uma oportunidade para todos. Como isso é gerenciado, por sorte não é minha função. Estou em um esporte um pouco diferente, no sentido de que mulheres e homens são capazes de competir uns contra os outros. Então, na teoria, isso não deve nos afetar", considerou.

Ainda que não tenha conquistado uma vaga na F2 ou na F3 após o bicampeonato na W Series do ano passado, Chadwick segue dominante em 2022 — venceu todas as três primeiras corridas — e ainda quer usar a categoria feminina como plataforma para atingir sonhos mais altos no automobilismo.

Jamie Chadwick foi a grande campeã das duas temporadas da W Series (Foto: W Series)

Questionada sobre se o esporte deveria ser "aberto" a todos, Chadwick prontamente defendeu que sim. No entanto, ainda admitiu que tem dúvidas sobre se a constituição muscular masculina dá uma vantagem competitiva aos homens ou não.

"O automobilismo, na letra da lei, permite que homens e mulheres compitam igualmente. Mas ainda é um esporte muito físico", admitiu. "Certamente, é um esporte em que você precisa chegar a certo nível físico. Acima desse nível, em teoria não deve fazer diferença — diferente de boxe ou atletismo —, mas você precisa chegar a esse nível primeiro. Se as mulheres conseguem chegar nesse nível no momento, eu não sei. É o que estou tentando descobrir", ressaltou.

"Acredito que seja possível", disse. "Olhando para Suzi Wolff, a mulher que pilotou um carro de Fórmula 1 mais recentemente, sua experiência mostra que isso deveria ser possível", explicou.

Jamie destacou o fato de que tanto a Fórmula 3 como a Fórmula 2 não fazem uso da direção hidráulica — que exige bem menos esforço para virar o volante —, enquanto a F1 conta com o recurso. Desta forma, naturalmente as categorias inferiores seriam um desafio pela questão da força. Entretanto, Chadwick prefere não tecer opiniões e quer se testar na pista de fato, para que assim descubra se é possível dar o tão esperado salto.

Para a corrida deste final de semana, Chadwick já garantiu a pole (Foto: W Series)

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"É algo um pouco desconhecido", reconheceu. "Eu preciso testar e ver o quão forte preciso ser e se isso é possível em um período curto de tempo. Precisamos obter dados pilotando. Não faz sentido ficar pensando: 'estou treinando o mais forte que posso e não consigo pilotar'", completou.

"Preciso ver os dados e descobrir o quão forte preciso ser, então saberei se é possível", afirmou. "Se não for, então quais são as opções? Não é tudo sobre a direção hidráulica. Eles conseguem mudar a configuração do carro, podem mudar muitas coisas. Mas ter essa conversa… Eu não acho que isso já tenha acontecido", destacou.

Por fim, a atual líder da W Series revelou algumas conversas que teve com pilotos da Fórmula 1 após a primeira prova da categoria em Miami, que deixou os competidores com diversas dores pelo corpo devido ao cansaço e o calor da Flórida. Desta forma, Chadwick pontuou que as mulheres não deixam a desejar no quesito resistência e até mesmo desenhou o cenário de um domínio feminino no endurance do futuro.

"É preciso entender as forças, como no pescoço, por exemplo. A F2 é um passo acima, e a F1 um grande passo novamente em termos dessas forças", considerou. "Falando com alguns pilotos da F1 em Miami, eles pareciam bem quebrados após a corrida. Mas acho que é um pouco de resistência cardiovascular, algo em que as mulheres são iguais. Acho que vai existir um ponto em que mulheres vão começar a superar homens no endurance", opinou.

"Então, estou apenas entendendo. Não tenho respostas no momento, mas estou em uma posição em que posso começar a fazer essas perguntas", finalizou.

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