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A mobilização para minimizar o racismo contra Balotelli

Cartola, técnico, prefeito e torcedores criticaram o atacante

4 nov 2019 - 08h46
(atualizado às 08h55)
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Enquanto autoridades, cartolas e até o técnico do Hellas Verona se mobilizam para negar as ofensas racistas contra Mario Balotelli, o líder de uma torcida organizada do time gialloblù disse nesta segunda-feira (4) que o atacante "nunca será totalmente italiano".

Jogadores tentam contem Balotelli após caso de racismo
Jogadores tentam contem Balotelli após caso de racismo
Foto: ANSA / Ansa - Brasil

A declaração foi dada por Luca Castellini, que já havia escrito no Twitter que o jogador do Brescia é "mais estúpido do que negro". Em entrevista à emissora Radio Cafè, ele também negou que a torcida do Hellas seja racista.

"Balotelli é italiano porque tem a cidadania italiana, mas nunca poderá ser totalmente italiano", disse. Segundo Castellini, seu clube "também tem um negro na equipe", Eddie Salcedo, italiano filho de pais colombianos.

"Ele marcou ontem, e Verona inteira o aplaudiu", acrescentou. O torcedor não afirmou se também acha que Salcedo não é "totalmente italiano".

O mais recente episódio de racismo na Série A ocorreu durante uma partida entre Hellas e Brescia, no último domingo (3). No segundo tempo, quando o time da casa vencia por 1 a 0, Balotelli pegou a bola com as mãos perto da bandeirinha de escanteio e a chutou na direção da arquibancada.

Em seguida, o atacante ameaçou sair de campo e se dirigiu para os vestiários, mas foi dissuadido por companheiros e adversários. Vídeos feitos na arquibancada e divulgados nas redes sociais mostram de forma inequívoca diversos torcedores imitando macacos quando Balotelli pega na bola.

Tentativas de minimizar

Após o fim da partida, diversas personalidades ligadas ao Hellas tentaram minimizar o caso. O técnico Ivan Juric disse que não houve nenhum coro racista contra Balotelli, apenas "gozações e vaias contra um grande jogador".

Já o presidente do clube, Maurizio Setti, também afirmou não ter escutado nada. "Estou em Verona há oito anos e pude ver como os torcedores são irônicos, mas não racistas. Aquelas duas ou três pessoas, se elas existem, estamos prontos a puni-las", acrescentou.

Apesar disso, o cartola garantiu ter se "desculpado" com o atacante, "na eventualidade de que alguém tenha lhe dito alguma coisa". O prefeito de Verona, Federico Sboarina, disse que estava no estádio e que não ouviu nenhum insulto racista.

"O que Balotelli fez é inexplicável, porque, sem qualquer motivo, ele iniciou uma histeria midiática contra toda uma torcida e uma cidade", reforçou. Verona é um dos principais bastiões da extrema direita na Itália, e políticos ultranacionalistas são intimamente ligados às organizadas do Hellas, notórias por sua adesão à simbologia fascista.

Luca Castellini, por exemplo, pertence ao partido de extrema direita Força Nova, que em junho passado lançou até um manifesto com a foto de Benito Mussolini e a frase "As raízes profundas são eternas".

Em uma mensagem no Instagram, Balotelli agradeceu a todos os que se solidarizaram e criticou aqueles que tentaram minimizar o caso. "Vocês demonstraram ser verdadeiros homens, não como quem nega a evidência", escreveu.

Ansa - Brasil   
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