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Serginho Groisman está à frente do Altas Horas há 25 anos  Foto: Bob Paulino/Globo

Serginho Groisman encara o desafio de ser atual: 'Vejo no jovem a coisa do desafio. Eles têm uma coragem maior'

Há 25 anos no comando do Altas Horas, o apresentador reflete sobre longevidade, IA e a esperança no jovem brasileiro

Imagem: Bob Paulino/Globo
  • Por Mariana Arrudas
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1 dez 2025 - 11h19

“Penso no agora”. É essa frase que Serginho Groisman usa para responder sobre a longevidade do Altas Horas (TV Globo), que completou 25 anos no ar, em outubro, mesmo tempo do Terra no digital. De seu camarim — decorado com um tapete na forma da logo do programa, dentre outros elementos — o apresentador viaja no tempo para recordar o início e, apesar de não ter o costume de projetar o futuro, aposta na esperança de um Brasil melhor, reflexo dos jovens.

“A vida longa do programa não é de uma fórmula, é de estar antenado”, assegura. Groisman lembra que chegou à emissora dos Marinho em 1999, após passagens pelo SBT, com o Programa Livre (1991-2001), e pela TV Cultura, no Matéria Prima (1990-1991). A ideia era fazer um programa com 4 horas de duração, ao vivo. Após o afinamento do projeto, o piloto nasceu com Cássia Eller (1962-2001) e Elza Soares (1930-2022), e o primeiro episódio foi ao ar com Rita Lee (1947-2023), madrinha da atração.

  • *Esta entrevista faz parte da revista comemorativa de 25 anos do Terra. A publicação traz reflexões sobre o tempo, a mídia e as novas gerações, e pautas conectadas a momentos marcantes, pioneiros e inovadores da plataforma.

Jornalista de formação, seu desejo inicial era unir muita música e conversa, em um espaço que o público participasse. Apesar das mudanças e expectativas para o novo passo, o apresentador recorda que estava calmo com a estrutura, que é mantida até hoje e se desafia a seguir atual — afinal, de 2000 para cá, o mundo e a juventude mudaram, o que trouxe lados positivos e negativos para o comunicador. 

Ele destaca que, com a chegada da internet, nasceram as redes sociais e os internautas puderam se aproximar e dar opiniões. Porém, também surgiram as notícias falsas difíceis de serem combatidas pela baixa do índice de leitura do mesmo público. “A falta de leitura que o jovem tem hoje não é uma questão pessoal, é uma coisa que vem da escola, de como a leitura no Brasil é encarada”, reflete ele, que revela ter tido sua visão sobre a literatura transformada por uma professora. “Me apaixonei pelos autores e comecei a ver o quanto de Brasil a gente tem na literatura brasileira.”

Groisman também pontua que o imediatismo tomou um grande espaço e, muitas vezes, o público se divide entre o olhar pessoal e o registro digital. “Uma grande parte das pessoas quer tudo muito mais rápido. Fica uma ansiedade grande pelo que vem, o tempo tem que ser consumido rapidamente.”

Por outro lado, o apresentador vê que a consciência ecológica evoluiu, bem como as discussões políticas, apesar de não considerar que a população seja totalmente politizada. Groisman diz que questões de racismo, xenofobia e gênero conseguem ser melhor visualizadas, porém, ainda há muitas semelhanças com 25 anos atrás: quando ele pergunta para a plateia jovem quem conhece alguém da sua idade que já engravidou, a maioria ainda levanta a mão.

"Vejo o jovem mais informado, mas, sem necessariamente usar dessa prática da informação. Estamos em uma fase que se incentiva muito o valor da posse e menos o valor interior."

Ele acrescenta que, com todas as diferenças geográficas e sociais no país, é difícil traçar um único perfil de juventude. Mas, com os anos à frente de programas voltados para esta faixa etária, o comunicador vê a importância de não subestimar a inteligência do espectador. “Apesar de tudo isso, tenho muita esperança no jovem brasileiro”, diz.

"As pessoas me perguntam muito porque trabalho com essa faixa. Vejo ainda no jovem a coisa do desafio. Nessa faixa de idade as pessoas têm uma coragem maior, que vão perder. É por isso."

É justamente na coragem de ousar que está o cerne do programa. Com uma equipe com diferentes visões que se adaptam às mudanças, o AH busca o equilíbrio das novidades com o clássico e administra o que pode flutuar entre os mundos da TV e digital. “Continuamos misturando o popular com coisas novas e diferentes”, afirma ele, que encara a chegada da inteligência artificial, por exemplo, como um bom desafio. “Como será o mundo daqui a 5 anos? Ninguém sabe direito essa resposta. Olhando para o futuro vejo, com certeza, que vamos perder um monte de coisas. É tudo tão rápido e inesperado.”

O apresentador diz que um dos momentos mais impactantes, e imprevistos, que o marcaram foi a pandemia da Covid-19 quando passou cerca de um ano e meio em isolamento, fez o programa de casa, viveu a retomada com a plateia digital e, como o resto do mundo, sentiu certa estranheza. “Todo mundo achou que o planeta ficaria maravilhoso. Depois dessa só tem coisa boa, mas não foi isso que aconteceu. Até piorou… tinha gente contrária à ciência e muito descaso”, completa ele, que acrescenta, em meio a risos, a conquista do segundo Mundial de Clubes da Fifa pelo Corinthians, em 2012, como outro marco da vida pessoal.

Quanto ao futuro, Groisman encontra nas raízes do programa o que deve ser ouvido. É o momento de visitar o passado com a lente do presente para equilibrar o atual com o eterno: a música. Há cerca de três anos, passou a fazer homenagens em vida e um dos resultados foi a comemoração de 25 anos do Altas Horas, com a presença de Caetano Veloso (83), Gilberto Gil (83), Ivete Sangalo (53), Ney Matogrosso (84), Xande de Pilares (55) e Kleber Lucas (57). “Uma coisa muito impossível de se replicar.” Já sobre a sociedade, aposta que acolhimento e empatia são atitudes que vão furar a linha do tempo. Para ele, a chave está na autenticidade. “É muito importante procurar a sua identidade, ver o seu coração, sua cabeça. Tem muita gente falando por você.”

Fonte: Terra
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