'Entusiasmo pela IA no Brasil é grande, mas o entendimento ainda é superficial', diz futurista
Daniela Klaiman fala sobre os limites da Inteligência Artificial e sobre como seu uso criativo será fundamental em algumas profissões
A Inteligência Artificial, que antes parecia coisa de filme futurista, já está mais presente no nosso dia a dia do que a gente imagina. Esqueça os robôs dominando o mundo (por enquanto, claro); a IA de hoje sabe tudo que você quer comprar antes mesmo de você pensar. É o assistente que te lembra do aniversário da sogra e o algoritmo que sugere a próxima série imperdível.
Mas qual é o limite? Como estamos nos comportando diante desta ferramenta? Daniela Klaiman, futurista especialista em comportamento do consumidor, consultora e palestrante, respondeu estas e outras perguntas sobre o assunto. Confira!
- *Esta entrevista faz parte da revista comemorativa de 25 anos do Terra. A publicação traz reflexões sobre o tempo, a mídia e as novas gerações, e pautas conectadas a momentos marcantes, pioneiros e inovadores da plataforma.
Há alguns anos, a IA parecia estar em um futuro distante... Hoje, já faz parte da nossa vida. Como você observa essa evolução - mais precisamente, nos últimos 2 anos?
A Inteligência Artificial (IA) existe há cerca de 60 anos, mas sua presença no dia a dia das pessoas é um fenômeno recente. Antes, a IA estava nas mãos de cientistas e laboratórios, rodando em segundo plano em nossos dispositivos sem que tivéssemos consciência de sua operação. A grande diferença dos últimos dois anos é que a IA generativa, a primeira fase da Inteligência Artificial como a conhecemos hoje, tornou-se acessível ao público. Pela primeira vez, a IA está nas mãos dos usuários, que podem usá-la de forma consciente. Essa mudança representa a grande diferença, pois a tecnologia passou a ser utilizada no cotidiano, com os usuários controlando seu uso.
A IA tornou-se a coluna vertebral de muitos setores. Onde você observa que essa aplicação está mais visível?
Apesar do entusiasmo em torno da IA, sua aplicação prática ainda é restrita. Muitas empresas ainda não conseguiram integrar a IA em seus processos, e o número de pessoas que a utilizam no dia a dia é limitado.
"No momento, a IA é mais um “hype” do que uma aplicação generalizada, embora a tendência seja de que ela se torne cada vez mais presente para automatizar funções e acelerar processos, inclusive na vida pessoal, onde é usada como um assistente pessoal."
Como está a utilização dos recursos de Inteligência Artificial no Brasil em relação a outros países?
Aqui no Brasil, a gente fala muito sobre isso; o brasileiro fala de novas tecnologias, mas entende pouco. O entusiasmo pela IA é grande, mas o entendimento ainda é superficial. O uso atual da IA no país é considerado básico e não há desenvolvimento de novas tecnologias especializadas ou empresas que realizem esse tipo de implementação.
Há muito debate em relação à ética na utilização destes recursos em algumas áreas, como o Jornalismo, a indústria cinematográfica e na música. Que tipo de regulamentação é necessária? Profissionais desta área devem ter medo? Aprender a dominar estas ferramentas (prompt) é uma forma eficaz de proteger o emprego?
A IA é uma tecnologia recente e em constante descoberta, o que significa que ainda não há uma regulação forte sobre ética. No entanto, há um grupo de pensadores e cientistas que pedem a regulamentação da IA, sugerindo um limite para sua evolução, a fim de evitar danos irreversíveis à humanidade, seja em termos de emprego, submissão ou ética. A IA pode impulsionar a criatividade, simplificando tarefas complexas como a edição de vídeos ou a criação de sites, que antes exigiam conhecimento técnico.
"Para os profissionais, aprender a dominar as ferramentas de IA (prompts) é uma forma eficaz de proteger o emprego."
Considerações finais
A IA estará presente em todas as áreas da vida, substituindo funções e liberando as pessoas para fazerem coisas mais interessantes, automatizando tarefas e permitindo um trabalho mais focado e com mais tempo livre. Ela resolve coisas bem complexas para a gente. Porém, estamos utilizando para resolver coisas simples. O principal desafio para uma boa utilização da IA generativa no dia a dia é que as pessoas a usam de forma muito básica, como se fosse um SAC de busca.