A cola de geografia
Leiam o relato de Maria, que passou por uma estranha experiência quando era adolescente e usou uma "cola" durante uma prova muito difícil. Quando eu era adolescente, estudei numa escola pública cuja exigência e dificuldade superavam de longe as particulares. Lá ia eu, de meias brancas e saia azul com pregas, carregando a responsabilidade de passar de ano, ou minha mãe ficaria tão brava que me condenaria a castigos eternos. Era prova de geografia e eu, melhor para as coisas da inteligência do que para as da memória, preparei uma longa e detalhada cola. Míope, fui obrigada a fazer uma letra maior do que a que seria recomendável, bufando pelo fato do Brasil ter tantos rios, tantas serras, montanhas, lagos, cachoeiras. Na hora da prova, lá estava Dona Antonieta, olhando atenta para nós. Tirei a cola do bolso, coloquei-a debaixo da carteira, e me pus a copiar. Tão entretida estava, que dei um grande pulo ao ouví-la chamar meu nome, enquanto vinha na minha direção. Eu, aflita, não sabia o que fazer. Era a minha primeira cola e acabou sendo a última, porque enquanto ela se aproximava de mim, eu apertava o papel com força e fazendo dele uma pequena bola, o atirei para o mais longe possível. Durante toda essa operação, eu só pedia a Deus que me protegesse, que fizesse sumir a cola, jurando que nunca mais usaria desse artifício. Pedia com fé, com força, enquanto tentava convencer a professora de que não havia nenhum papel suspeito em volta de mim. Não convencida, ela se pôs a procurar e pediu a mais duas alunas que a ajudassem. Buscaram, olharam, mas nada foi encontrado. A cola havia desaparecido. Tenho certeza de que foi a providência divina que me amparou e atendeu meu pedido. Por isso, tratei de cumprir o prometido e nunca mais colei.
Marina Gold/Especial para o Terra
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