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XP estreia na Nasdaq com valor de R$ 78 bilhões

Corretora, a maior do País, foi a empresa brasileira com o valor de mercado mais alto a desembarcar nos Estados Unidos para uma abertura de capital; no primeiro dia de negociações na Bolsa americana, ação da XP registrou alta quase 28%

11 dez 2019 - 12h17
(atualizado às 22h20)
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Em seu pregão de estreia na bolsa americana Nasdaq, a XP Inc. encerrou o dia valendo US$ 19 bilhões, ou R$ 78,4 bilhões. A ação, que já tinha sido precificada a US$ 27 na terça-feira, acima do teto da faixa indicativa por conta da elevada demanda do mercado, fechou com alta de 27,63%, a US$ 34,46.

Com isso, a maior corretora do País foi a empresa brasileira com o valor de mercado mais alto a desembarcar em Nova York em uma abertura de capital. Se estivesse na B3, bolsa paulista, a XP seria a 11.ª maior companhia, à frente de nomes como BB Seguridade, Eletrobrás, Suzano e Magazine Luiza. O montante equivale a 25% do valor de mercado do Itaú Unibanco (R$ 328 bilhões), que há dois anos pagou cerca de R$ 6 bilhões por quase metade da companhia.

A oferta inicial de ações (IPO, na sigla em inglês) movimentou US$ 2,25 bilhões, com mais de US$ 1 bilhão indo para o caixa da companhia. Uma das frentes que começará a ser explorada é o oferecimento de serviços bancários, porta aberta após aval do Banco Central (BC), que autorizou a XP a atuar como um banco múltiplo. Com a permissão de lançar cartões como débito e crédito, a companhia poderá, ao oferecer mais produtos, estimular os clientes a concentrarem seus recursos na XP.

"Não temos planos de aquisição no radar", disse Guilherme Benchimol, fundador e presidente da XP, em teleconferência com jornalistas, após tocar o sino que marca o início das negociações na bolsa americana. O executivo negou ter planos para entrar em outros mercados no curto prazo, destacando que 90% dos investimentos no País estão concentrados nos grandes bancos.

Para o executivo, o Brasil passará por "bons anos de crescimento" e avançará com a expansão da atividade dos empreendedores, sobretudo com a redução dos juros. "A economia está bem conduzida e o cenário está positivo. Esperamos que o PIB avance 2,5% em 2020."

De acordo com Benchimol, os investidores querem austeridade fiscal, inflação e juros baixos. "O Brasil é tão absurdo que tem R$ 800 bilhões em caderneta de poupança, o pior investimento que existe", destacou. "Nosso mercado é um oceano azul, um mar de oportunidades. Quanto mais o País ficar confiável, mais investidores entrarão lá."

Listagem no Brasil. Segundo Benchimol, com determinadas mudanças regulatórias no Brasil, a listagem das ações da XP na bolsa brasileira é uma possibilidade. "Queria fazer no Brasil, mas a gente está sendo diluído desde 2010", disse.

Benchimol se refere à diluição dos sócios no capital da companhia com a entrada dos fundos de private equity Actis e depois com a General Atlantic. Há dois anos houve mais diluição com a compra de 49,9% pelo Itaú.

Com a possibilidade da ação super ordinária, permitida nos EUA, Benchimol disse que é possível manter o controle com 10% da ações. "Não interessaria a ninguém essa perda de controle e por isso fizemos a opção de ser listada aqui. Somos a empresa mais brasileira de todas."

Nova York

Enrolado com a bandeira do Brasil, ao lado da família e de dezenas de funcionários da XP, Benchimol disse esperar que a experiência de sua empresa - iniciada em uma sala em Porto Alegre com R$ 10 mil, depois de ter sido demitido - possa inspirar outros empreendedores no Brasil.

"Estou confiante de que vamos gerar um grande País e vamos colaborar para isso. Esperamos que nossa experiência possa inspirar outros empreendedores no Brasil. Temos a sensação que é só o começo. Temos 1,5 milhão de clientes e vamos continuar ajudando a investir cada vez melhor", afirmou.

Pouco antes, Benchimol falou emocionado para um grupo de funcionários da XP, chorou e disse que "valeu a pena ficar sem salário por três anos". Na sequência, foi tocada a música tema de Ayrton Senna.

Robert McCooey Jr., vice-presidente da Nasdaq, disse que a experiência da companhia com a Bolsa deve durar décadas. "A XP é uma grande companhia, líder em tecnologia de investimento e atrai investidores americanos devido a sua presença de liderança no Brasil, afirmou."

Estadão
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