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Volume de serviços prestados no País recua 0,4% em agosto ante julho, diz IBGE

O recuo em agosto ante julho é o mais agudo para esse período do ano desde 2017; estudo traz revisão de resultados anteriores

11 out 2024 - 11h38
(atualizado às 16h41)
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RIO - O volume de serviços prestados no País teve um recuo de 0,4% em agosto ante julho, o mais agudo para esse período do ano desde 2017. Os dados são da Pesquisa Mensal de Serviços divulgados nesta sexta-feira, 11, pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Além disso, houve revisão de resultados anteriores. O volume de serviços prestados em julho saiu de uma alta de 1,2% para elevação de 0,2%, e a taxa de junho passou de aumento de 1,7% para avanço de 1,4%. Porém, houve melhora em taxas mais antigas.

A forte revisão na série histórica da pesquisa com ajuste sazonal se deve à incorporação de informações retroativas fornecidas por uma grande empresa de agenciamento de espaços de publicidade, que é informante da pesquisa. No mês de julho, a empresa reportou ao IBGE que estava comunicando suas receitas subestimadas, o que elevou o resultado daquele mês. Agora em agosto, o IBGE acessou e incorporou as informações retroativas da receita da referida empresa à série histórica desde agosto de 2023, levando a revisões também nos meses anteriores.

"Olhando para o passado, a revisão da série histórica da pesquisa, com a incorporação das novas informações, parece sugerir que o setor de serviços estava mais aquecido no final do ano passado e no primeiro semestre deste ano. Talvez essa dinâmica acarrete revisões nos números do PIB (Produto Interno Bruto) para o mesmo período", avaliou Luis Otávio Leal, economista-chefe da gestora de recursos G5 Partners, em relatório. "No que tange ao futuro, o indicador corrobora a ideia, de maneira incipiente, de que a atividade econômica brasileira pode acomodar um pouco no segundo semestre do ano. A política monetária cada vez mais contracionista e a redução do impulso fiscal jogam a favor dessa percepção", completou.

Para Gustavo Cruz, estrategista-chefe da gestora RB Investimentos, o setor de serviços deve encerrar o ano de 2024 com um crescimento próximo ao do PIB brasileira, com uma alta em torno de 3%.

"O destaque do ano deverá ser o varejo, o que faz sentido. Em 2020 e 2021, o consumo de bens de varejo foi elevado, já que as pessoas estavam em casa devido à pandemia. Em 2022 e 2023, com a retomada das atividades, o foco mudou para o consumo de serviços. Agora, em 2024, o mercado parece estar a encontrar um equilíbrio, voltando a níveis mais próximos do período pré-pandemia", analisou Cruz, em comentário.

Quatro das cinco atividades pesquisadas pelo IBGE registraram crescimento em agosto
Quatro das cinco atividades pesquisadas pelo IBGE registraram crescimento em agosto
Foto: Daniel Teixeira/Estadão / Estadão

O dado de agosto não significa uma reversão da trajetória de crescimento dos serviços, afirmou Rodrigo Lobo, gerente da pesquisa do IBGE. A ligeira queda, próxima da estabilidade, ocorreu por conta de movimentos pontuais em algumas atividades, além de ter sido um recuo "frente ao patamar recorde da série histórica". O setor de serviços operava em agosto em patamar 0,4% abaixo do recorde da série histórica alcançado no mês anterior, em julho de 2024.

"É muito precoce e até irresponsável dizer que uma redução de 0,4% significaria uma reversão de trajetória ou que inauguraria uma sequência de taxas negativas. É um movimento de queda, mas muito próximo do ponto máximo da série", defendeu Lobo. "O movimento de queda em agosto, no momento, é circunstancial."

Segundo o pesquisador do IBGE, esse patamar elevado de serviços prestados é sustentado pelo bom desempenho dos segmentos de tecnologia da informação, intermediação de negócios em geral, aplicativos de entrega e plataformas de compra e venda na internet.

"Tudo isso vem crescendo ao longo de 2024?, contou Lobo.

Na passagem de julho para agosto, apenas duas das cinco atividades investigadas registraram perdas: informação e comunicação (-1,0%, devolvendo parte do ganho de 3,7% acumulado nos dois meses anteriores) e transportes (-0,4%, a segunda taxa negativa seguida, acumulando uma perda de 2,0%).

Na direção oposta, houve avanços nos segmentos de outros serviços (1,4%, uma expansão acumulada de 1,7% nos últimos dois meses de altas) e serviços prestados às famílias (0,8%, com um ganho acumulado de 4,7% entre maio e agosto).

Já o setor de serviços profissionais, administrativos e complementares ficou estável (0,0%) no mês.

"O resultado de agosto veio de forma equilibrada: duas taxas positivas, duas negativas, e uma estabilidade", resumiu Lobo.

Estadão
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