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Volatilidade cambial seguirá alta até BC completar ciclo de normalização monetária, prevê BNP

21 jul 2021 - 16h26
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O real seguirá com alta volatilidade até que o Banco Central complete o ciclo de normalização monetária, que deve terminar no começo do ano que vem com a Selic a 7,5% ao ano, disse Luca Maia, estrategista de câmbio e juros para América Latina do BNP Paribas.

Corretor mostra notas de dólares dos EUA em casa de câmbio em Peshawar, Paquistão
03/12/2018
REUTERS/Fayaz Aziz
Corretor mostra notas de dólares dos EUA em casa de câmbio em Peshawar, Paquistão 03/12/2018 REUTERS/Fayaz Aziz
Foto: Reuters

A diferença média entre máximas e mínimas do dólar futuro em relação a cada fechamento anterior vem em alta desde meados de junho, saindo de cerca de 1,22% para 1,75%. Outra medida de instabilidade, a volatilidade implícita nas opções de dólar/real de três meses desde o começo do mês voltou a ser a mais alta dentre os pares comparáveis do real, estando em 16,6% ao ano, contra 10,3% do peso mexicano.

A maior volatilidade veio acompanhada de aumento do preço do dólar, que já subiu 6,4% desde que bateu mínimas abaixo de 4,90 reais em 25 de junho. O real tem nessa base de comparação o pior desempenho entre seus principais rivais.

"Achamos que isso é um movimento mais técnico, já que o real vinha de uma valorização desde março e havia maior carregamento de posições vendidas em dólar quando o mercado começou a discutir mudanças no cenário de crescimento econômico global", disse Maia.

"Não acredito que seja algo que deva alterar nossa visão de longo prazo... Conforme o Brasil for entregando mais juros, a volatilidade vai reduzir, mas até completar esse ciclo de normalização a volatilidade vai ser mais alta."

O BNP prevê Selic de 6,5% ao fim deste ano e de 7,5% no término de 2022 --ambas as previsões têm viés de alta e o juro está hoje em 4,25%. Com isso, o dólar cai a 4,75 reais em 2021 e fecha 2022 a 4,60 reais.

Num exemplo da importância dos diferenciais de juros para um cenário de recuperação da divisa brasileira, o BNP calcula que uma Selic de 7,5% no começo de 2022 num modelo com demais variáveis (risco-país, termos de troca) travadas seria condizente com uma valorização de 21% do real ante o dólar até lá.

Maia lembra, contudo, que há alguns componentes de risco mais difíceis de mensurar, como temas políticos, e que o real continua sentindo os efeitos nos investidores estrangeiros do episódio conhecido como "Joesley Day" --em 18 de maio de 2017 houve pânico nos mercados domésticos um dia após virem a público denúncias de Joesley Batista, um dos donos da J&F, envolvendo diretamente o então presidente Michel Temer.

Na ocasião, o mercado entendeu que os eventos sepultaram a agenda de reformas em curso. Naquele 18 de maio, o dólar disparou 8,15%, maior alta desde março de 2003.

Por ora, a principal posição do BNP em real é contra o euro, escolha, segundo Maia, justificada pela expectativa de que a narrativa de redução de estímulos nos Estados Unidos enfraqueça a moeda comum europeia, o que a tornaria ideal para financiamento.

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