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Um amante do esporte lidera rede francesa no Brasil

24 set 2018 - 10h53
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Cedric Burel ama praticar esportes e quer ser rodeado por quem também ama, principalmente no trabalho. Para ele, esta paixão é o principal segredo do sucesso da Decathlon, a rede que comanda no Brasil e pode ser considerada um grande supermercado de itens dos mais diversos tipos de modalidades esportivas, mas que também desenvolve e fabrica produtos. Para Buruel, o DNA da Decathlon é o esporte, assim como o dele e de seus colaboradores, de atendentes de lojas a executivos.

As reuniões da empresa e os encontros com funcionários são recheados de atividades físicas. O fôlego do francês formado e pós-graduado em administração começou cedo. Filho de esportista - o pai, um executivo de uma empresa aérea, praticava surfe, tênis e corrida, e a mãe, que era professora, academia e natação.

Aos 5 anos de idade, começou a esquiar e ao longo da vida já praticou tênis, windsurfe, judô e escalada.

Além dessa paixão, outra força motriz para o engajamento do time é a política ?ziguezague?, que promove forte mobilidade interna na busca de conhecimentos e desafios. O próprio Burel já passou por diversas áreas da empresa e liderou a área de desenvolvimento de produtos na França. Isso explica o fato de estar há 20 anos na mesma empresa, "sem tédio", como ele diz.

Como começou na Decathlon? Qual foi sua maior dificuldade?

Eu estava no Brasil e fui contratado para o início das atividades, em 1998, quando só havia cinco funcionários. Era como uma startup. A maior dificuldade era ligada aos meios de comunicação. Era complicado. Não existia internet. Era muito sem apoio da matriz. Também havia a necessidade de entender o mercado, a logística e a legislação. De resto, o Brasil não é um mercado difícil.

Como avalia sua carreira em uma só empresa?

Na Decathlon é muito comum termos profissionais longevos. Muitos começaram na empresa no início de suas carreiras. Há executivos com mais de 15 anos de casa. Em razão de termos sempre muitas chances internas, de podermos mudar de país, cargo e responsabilidades, você ocupa um cargo por três ou quatro anos. É uma política que chamamos de ziguezague. Ela promove a evolução pessoal. Você se diverte, aprende e não sente a necessidade de procurar outros atrativos.

Como é esse modelo ziguezague?

Eu comecei no Brasil como gerente de departamento, fui diretor da loja de Campinas, fui para a França para cuidar de marcas próprias. Hoje, atuo como CEO no Brasil, mas tive experiência em marketing, gestão, produtos. Entendo profundamente a empresa. O conhecimento completo favorece muito a tomada de decisão depois.

Após quase 15 anos de resultados negativos, qual foi a tática da virada, registrada em 2017?

Com o crescimento da rede, obtivemos escala, mas o principal fator foi o investimento em pessoal, o que garantiu mais eficiência, nas lojas e no escritório. Houve a contratação de jovens esportistas e integração máxima de lojas e de departamentos. Reforçamos a cultura da empresa. Um outro eixo forte foi empoderar mais gestores locais para tomada de decisão.

Sedentários não têm chances na empresa?

Dentro da empresa, todo mundo é incentivado a praticar uma modalidade. Não é preciso ser um atleta olímpico para trabalhar aqui, mas é preciso gostar e há o apelo para praticar. Sempre temos uma competição esportista nas atividades. Quem não gosta de esporte não vai ter prazer em ficar. Não incentivamos quem não tem essa paixão pelo esporte a entrar na empresa. É mais uma paixão do que um emprego.

Qual é seu perfil de liderança?

Eu tento me colocar mais como líder. Meu papel é definir e planejar o longo prazo junto com a equipe, para obter maior engajamento. Meu segundo papel é escolher as pessoas certas para promover essa estratégia.

Qual a decisão mais errada que o senhor tomou como CEO?

Estamos atrasados em termos de logística de internet. Poderíamos ter sido mais ambiciosos e estamos correndo atrás. O crescimento no e-commerce no Brasil e no mundo está mais rápido do que previa. Temos que correr.

Qual projeto lhe proporcionou mais visibilidade interna?

O que me dá mais orgulho é a qualidade de recrutamento. O fato de contarmos com jovens esportistas nas lojas. Recentemente abrimos a unidade da Avenida Paulista e recebemos 2 mil currículos de jovens esportistas. Me dá orgulho o crescimento humano.

Como é seu dia a dia?

Eu viajo bastante pelo País e para fora também. Como sou ligado a esporte na natureza, nos fins de semana e férias vou para a praia, para as montanhas. Durante a semana, a rotina tem mais a ver com academia e corrida nos parques. Da última vez que visitei uma unidade em Porto Alegre, passeei de bicicleta com gerente comercial. Há dias em que trabalho 14 horas e há outros em que saio mais cedo para praticar esporte. Não gosto de rotina.

Estadão
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