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'Tenho paixão poe entrevistar candidadatos a qualquer posição'

15 out 2018 - 11h41
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O português Bruno Costa Gabriel está à frente da Janssen Brasil desde 2015. A companhia é o braço farmacêutico da Johnson e Johnson e desenvolve e produz medicamentos para doenças cardiovasculares, HIV, Alzheimer e câncer, entre outras doenças das áreas terapêuticas onde atua: imunologia, oncologia e hematologia, neurociência, metabolismo e cardiovascular e virologia.

No Brasil, são mil funcionários atuando na fábrica em São José dos Campos (SP), no escritório em São Paulo e nas equipes de vendas espalhadas pelo Brasil. Formado em engenharia e administração, Gabriel tem 45 anos e entrou na Johnson no ano 2000 e já foi responsável pela liderança de negócios em outras áreas em diversos países.

Ele diz que sua passagem pelo setor de recursos humanos marcou seu perfil e até hoje gosta de fazer entrevistas de candidatos a um cargo na empresa. "Acho que aprendemos muito quando fazemos entrevistas", diz o executivo. A seguir, trechos da entrevista.

Qual é a sua receita para chegar a esse cargo?

Hoje, depois de ter passado por várias posições, vários países - o Brasil é o sétimo país dentro da Johnson -, das principais coisas que eu aprendi, é que não existem situações iguais, não existem receitas para aplicar nas organizações. Cada organização, cada local, cada país onde tive a oportunidade de trabalhar tem suas próprias características e elas têm de se consideradas quando definimos aquilo que é preciso fazer.

Sempre?

Há, no entanto, uma base que não muda e que tem a ver um pouco mais com meu estilo. Primeiro de tudo, eu tento fazer com que as organizações se foquem naquilo que é o nosso propósito, que tem a ver com fazer a diferença na vida das pessoas. Somos uma empresa com foco em trazer soluções inovadoras, que façam diferença em relação àquelas que hoje já estão estabelecidas no mercado, fazer, como dizemos aqui, com que as doenças sejam coisa do passado. Isso é algo que é comum aqui como na Itália, na Espanha, onde quer que seja.

E em segundo lugar?

A segunda coisa tem muito a ver com a importância da diversidade. E isso para nós é fundamental, porque cada vez mais nosso modelo está ancorado na multifuncionalidade. Ou seja, pessoas com expertise e experiências diferentes contribuindo para uma decisão. Essas diferenças de perfis, de experiências e de gênero aumentam a qualidade das nossas decisões. Outra coisa que é comum, independentemente do país ou organização onde estivemos, tem a ver com tomar decisões baseadas em princípios éticos bem firmes.

Essas coisas é que definem o sucesso das decisões?

Aquilo que definiu o sucesso de uma decisão foi termos um bom time. E as decisões são tomadas em time, nunca individualmente. Temos sempre defendido o interesse dos pacientes ante todo o resto. Assim, vai-se construindo nossa reputação a médio e largo prazo, e é isso que vai assegurando a sustentabilidade de uma empresa como a nossa.

Mas quais são as peculiaridades no Brasil?

No fundo, acho que o mercado farmacêutico local é de alguma forma um pouco mais fechado em comparação a outros países. Isso faz com que o trazer diversidade para os times, de perfis, de perspectivas, tenha um impacto maior do que em outros países. A diversidade tem nos ajudado a efetivamente criarmos uma dinâmica de decisões na empresa que desafiam o status quo e faz com que nós possamos evoluir e trazer a inovação em diferentes áreas de forma mais acelerada. Aqui no Brasil temos tentado acompanhar a taxa de inovação, principalmente no investimento que temos aqui de estudos clínicos. No mundo, a empresa dedica 23% do faturamento para pesquisa e desenvolvimento. Isso nos tornou uma das empresas mais produtivas em termos de novos medicamentos. Tentamos acompanhar essa taxa aqui. Em 2012, éramos a sétima empresa no mercado, hoje já somos a segunda, em termos de número de estudos que temos no País, e o objetivo é continuarmos a fazer esse investimento dando essa oportunidades aos pacientes.

O Brasil é, então, importante para a empresa?

Temos aqui no Brasil o maior e mais diversificado complexo da Janssen. Temos 16 fábricas, dos três setores da Johnson. Da Janssen, que é a área farmacêutica, da área de dispositivos médicos e da área de consumo, aquela que no Brasil é mais conhecida, tem um histórico grande. Somos um complexo enorme. No total, somos mais de 6 mil colaboradores diretos. Isso na Johnson e Johnson total. Na Janssen temos quase 1,1 mil.

Do que você mais se orgulha em sua carreira?

O que mais me orgulha é que, de alguma forma, por onde passei construímos resultados importantes para abrir o acesso a cada vez mais pacientes aos medicamentos que desenvolvemos na Janssen.

O que você usa para conseguir esses resultados?

Acho que tem a ver com garantir que os times entendam qual é o nosso propósito. E garantir que esses times evoluam, se desenvolvam e tomem decisões cada vez mais de maior qualidade. E centrar nossas decisões nos interesses dos pacientes, sobretudo.

Qual é sua marca de gestor?

Na minha carreira, tive a oportunidade de ser gestor de RH e isso fez com que a minha gestão seja muito orientada a pessoas. Tenho a tendência a centrar-me mais na soft skills das pessoas do que propriamente nas componentes técnicas, pois na indústria farmacêutica elas não são opcionais. Hoje, temos significativamente nos centrado, em termos de recrutamento, em buscar pessoas com energia, curiosidade, que queiram fazer a diferença, tenham resiliência, capacidade de aprendizagem boa e rápida, para que possam nos dar várias oportunidades de desenvolvimento, centrando em áreas onde necessariamente não estarão em suas zonas de conforto para acelerar seu desenvolvimento.

Essas, então, são características importantes para quem está entrando no mercado agora?

Sim, mas também a forma como cada um se adapta ao ambiente, e depois ter resiliência, que é tão importante e crítica para trabalhar num país como por exemplo o Brasil, onde as coisas mudam bastante rápido. Estas são as características que eu considero fundamentais. É aquilo que eu procuro quando entrevisto as pessoas.

Você faz entrevistas?

Eu tenho uma paixão especial por entrevistar, independentemente da posição. Eu às vezes faço entrevistas rápidas, de 10/15 minutos, mas eu gosto muito de conhecer pessoas, de entender as pessoas que estão entrando no mercado de trabalho e as que já estão. Acho que aprendemos muito fazendo entrevistas e quando eu as faço, são esse tipo de características que eu procuro.

Estadão
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