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Pivotagem no trabalho, com mudanças drásticas na carreira, demanda planejamento

21 jan 2019 - 15h38
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A francesa Armelle Champetier chegou ao Brasil em 2010 para atuar na área financeira de uma multinacional. Mas, em vez de buscar cargos mais altos dentro da própria empresa para um dia retornar à França no topo da hierarquia, ela decidiu pedir demissão para permanecer em São Paulo como empreendedora e instrutora de yoga corporativo.

Apesar de antiga, a prática de Armelle tem um nome relativamente novo: pivotagem. O termo, utilizado principalmente em startups, caracteriza uma mudança radical no rumo da empresa ou da carreira, o que exige muito planejamento.

Para o professor de administração da PUC Marcelo Treff, é preciso saber responder quatro perguntas básicas antes de pivotar: quem eu sou; o que eu quero; quais são as minhas oportunidades; e qual é meu plano B caso algo dê errado. Se essas fossem questões de uma prova, Armelle teria tirado nota dez.

"Percebi, com o auxílio de um coach, que valorizo muito o bem estar físico. E eu não queria ser aquelas pessoas que sempre reclamam do trabalho, mas não fazem nada", disse a francesa, que passou dois anos economizando dinheiro para pedir demissão, em 2016.

O desligamento foi feito de forma amigável para que se mantivesse um bom networking e, em último caso, houvesse a possibilidade de retornar ao mundo financeiro. Com tudo encaminhado, ela afirmou que a decisão não era tão extrema e arriscada como parecia ser.

Durante o curto período sabático, Armelle se reencontrou com uma ex-colega da faculdade de administração de Paris que havia aberto a Yogist, uma empresa de yoga para ambientes corporativos. Conversa vai, conversa vem, surgiu a ideia de abrir uma filial no Brasil. E Armelle, que nunca teve perfil empreendedor, segue sem arrependimentos.

Testando hipóteses. No final de 2013, quando pediu demissão do cargo de analista de lead no Google, Marco Tulio Kehdi tinha uma ideia em mente: contratar engenheiros, matemáticos e estatísticos para trabalhar com marketing digital na empresa que estava prestes a cofundar, a Racoon.

Mais do que um diferencial em relação a outras agências de marketing digital - em geral compostas por comunicadores -, Kehdi havia percebido que, nessa área, a capacidade de análise de dados é essencial para um bom desempenho. Sua estratégia funcionou: a empresa tem cinco anos e reúne 300 profissionais da área de exatas.

Mesmo apostando em algo novo, fazendo a tal pivotagem, Kehdi adotou duas estratégias utilizadas no Google para melhorar o clima organizacional na Racoon: o feedback quinzenal para os funcionários e um ambiente de trabalho descontraído.

Fundador do coworking Urban, no aeroporto de Guarulhos, Paulo Futami também faz uso da experiência anterior. Formado em direito, acaba usando a expertise para lidar com situações que demandariam um advogado.

COMO PIVOTAR

Ouça a voz da experiência

Uma vez definido o novo rumo profissional, entre em contato com quem já trabalha na sua futura nova área para receber dicas. "Geralmente as pessoas são abertas a falar sobre suas carreiras. É só mandar uma mensagem e marcar uma conversa por telefone ou um almoço", recomenda Armelle Champetier.

Conhecimento acumulado

Aproveite a competência adquirida em trabalhos prévios para ter mais independência na nova jornada, assim como fez Paulo Futami, fundador do coworking Urban, espaço de trabalho compartilhado no aeroporto de Guarulhos. Filho de empreendedores do ramo educacional, Futami seguiu o exemplo do pai e cursou direito, apesar de não se imaginar fazendo outra coisa além de empreender. No dia a dia, ele tem autonomia para lidar com contratos e termos jurídicos, o que normalmente exigiria o auxílio de um advogado.

Amplie o leque

Explorar um terreno novo requer sair da zona de conforto. Para tanto, esteja disposto a desenvolver habilidades que são praticamente inéditas na sua trajetória. Ou, no caso de contratantes, recrute e treine pessoas sem experiência, sob a única condição de demonstrarem interesse em colaborar com o time, assim como faz Marco Tulio Kehdi.

Estadão
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