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O esquema de jogo dos CEOs em dia de Copa

18 jun 2018 - 07h20
(atualizado em 2/7/2018 às 15h00)
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Quando o Brasil estrear neste domingo na Copa do Mundo da Rússia, o coração de Rodrigo Davoli já estará refeito das emoções de Peru e Dinamarca. Não que ele seja descendente de dinamarqueses ou que Paolo Guerreiro lhe traga boas lembranças. Afinal, enquanto jogava pelo ?rival? Corinthians, o atacante peruano nunca perdeu para o Palmeiras de Davoli. As razões que o fazem torcer por Cueva e sua turma estão fora das quatro linhas. É que a volta dos peruanos ao mundial, depois de 36 anos de ausência, fez explodir o consumo de papel no país vizinho e Rodrigo Davoli é o CEO da International Paper no Brasil e vice-presidente para a América Latina. Daí seu entusiasmo com o futebol peruano. Para se ter uma ideia do impacto, os 32 milhões de peruanos compraram nada menos que 70 milhões de pacotes de figurinhas da Copa. Nunca antes na história daquele país se vendeu tanta figurinha, segundo Davoli. "O país vai ter um efeito importante nos nossos negócios neste ano", diz ele. "As ruas e lojas foram rapidamente decoradas assim que o país se classificou. Eu não sei se sou eu que estava indo nos lugares errados, mas aqui no Brasil eu não vi quase nada." Davoli é um dos CEOs que precisa ver o futebol sob a ótica dos negócios. A diferença é que no campo corporativo, assim como um quarto árbitro, os fatores externos é que definem o jogo. Antes de milhares de opções online estarem disponíveis na internet, era comum as empresas imprimirem as tabelas dos jogos da Copa com algum tipo de propaganda de suas marcas. Como normalmente Copa e eleição caminham juntas no calendário brasileiro, os dois eventos aumentavam em média 3% do consumo de papel no País - ou 40 mil toneladas a mais, pelas contas de Davoli. Hoje, diz ele, fazem pouca diferença nas vendas da companhia. Retranca - É inegável que o futebol é a maior paixão esportiva do planeta. Mais de 3,2 bilhões de pessoas ao redor do mundo acompanharam o Mundial de 2014, e nada menos que 350 milhões de pessoas, espalhadas por mais de 200 países, viram o Real Madrid bater o Liverpool na final da Champions League, em maio. Mas também é fato que um simples jogo de futebol pode comprometer os resultados de uma empresa. No início dos anos 2000, ficou famosa uma pesquisa que apontava queda na produtividade dos funcionários às segundas-feiras - reflexo direto da rodada do futebol de domingo. O CEO da Getnet, Pedro Coutinho, afirma que seleção brasileira em campo equivale a queda entre 20% e 25% no consumo dos brasileiros em geral. Jogos em dias úteis no período da manhã, então, são uma tragédia à parte, segundo ele, porque as pessoas já ficam em casa e não vão para a rua consumir. "Para shoppings e lojas de material de construção é especialmente difícil", diz o cruzeirense Coutinho que aposta numa final entre Brasil e Espanha (confira os palpites ao lado). Torcedor do Paris Saint Germain, Michael Reins vai ter a oportunidade de testar esta máxima na prática. É que será sua primeira Copa à frente da unidade brasileira da Obramax - atacarejo de material de construção que abriu sua operação no País em janeiro deste ano. Reins parece animado com o que podem fazer Pogba e Mbappé pela seleção francesa na Rússia, mas não se ilude quanto ao impacto nos negócios. "Jogo do Brasil aos domingos vai derrubar nossas vendas em 15% a 20%", contabiliza Reins que faz parte do time de 23 executivos participantes do programa CEO Por Um Dia, realizado internacionalmente pela Odgers Berndtson e que no Brasil tem o apoio do jornal O Estado, a PDA International, Machado Meyer Advogados e Centro de Carreiras da FGV Eaesp. Cartão vermelho - Com operação 24 horas por dia, sete dias por semana, o CEO da Superfrio, Francisco Moura, refez as escalas de trabalho driblando os horários de jogos do Brasil. Mas já se prepara para absorver os impactos das faltas de pessoal que vão aumentar com os jogos do Brasil, segundo prevê. Com dez plantas e 70 escritórios espalhados pelo país, a Thyssenkrupp terá esquemas variados para os dias de jogos do Brasil. "A Copa mexe com os brasileiros mas as atividades profissionais não podem ser deixadas de lado", afirma Paulo Alvarenga, CEO da companhia para a América Latina. Miguel Vilandia, CEO da Medtronic diz que boa parte dos 500 funcionários da fornecedora de equipamentos médicos terão esquema especial para acompanhar o desempenho de Neymar e sua turma nos gramados russos. Mas como torcedor fanático diz lamentar que não há esquema possível para o pessoal da assistência técnica. "Tudo bem, nunca vi meu time ser campeão da Libertadores e nem por isso deixo de torcer", comenta ele. O executivo é torcedor do América de Cali - que chegou quatro vezes à final da Libertadores sem nunca ter levantado o caneco.

Estadão
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