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EUA premiam empresa de SP usou casca de laranja para inovar

Técnica de limpeza de solo a partir do resto da laranja não agride o meio ambiente e é mais barata que a convencional

16 abr 2015 - 07h00
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Os concorrentes eram muitos: 60 projetos, de 12 países. Os juízes, rigorosos: o Departamento de Estado norte-americano, a Nasa, a Nike e a Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (Usaid). O objetivo, ambicioso: selecionar uma iniciativa inovadora com potencial para mudar o planeta.

O solo antes (à esquerda) e depois (à direita) de o óleo ser removido. Tecnologia foi desenvolvida após mais de dez anos de pesquisa
O solo antes (à esquerda) e depois (à direita) de o óleo ser removido. Tecnologia foi desenvolvida após mais de dez anos de pesquisa
Foto: Divulgação

Pois quem saiu vitorioso dessa peleja foi uma empresa de Jundiaí (SP) criada há apenas três anos. Trata-se da Ambievo, premiada por uma tecnologia que desenvolveu recentemente, depois de 12 anos de trabalho: uma usina, instalada em um caminhão, faz limpeza de solos contaminados com qualquer tipo de óleo. E faz isso usando casca de laranja como principal componente: um produto que não agride o meio ambiente, não oferece riscos para quem o aplica e, de quebra, é mais barato do que o método tradicional, que consiste em queimar o solo – a nova tecnologia custa de R$ 300 a R$ 500 por tonelada de solo, contra R$ 300 a R$ 1.500 da mais antiga.

Como resultado, o CEO da empresa, o engenheiro químico e administrador paulistano de 48 anos Fernando Pecoraro, vai passar uma temporada nos Estados Unidos, em reuniões com agências governamentais e companhias de lá, para receber ajuda sobre como alavancar o negócio. “Atraímos o interesse do governo americano e ganhamos visibilidade e credibilidade no Brasil por ter vencido o Launch”, diz Pecoraro, referindo-se ao nome do programa que premiou a Ambievo.

A usina de limpeza de solos fica instalada dentro de um caminhão. Separado, o óleo pode ser reutilizado
A usina de limpeza de solos fica instalada dentro de um caminhão. Separado, o óleo pode ser reutilizado
Foto: Divulgação

Reaproveitamento

Da casca de laranja é extraído o terpeno P, a matéria-prima dos produtos desengordurantes da Ambievo. Outros vegetais também contêm a substância (como cenoura), mas a laranja tem uma vantagem estratégica: faz parte da cadeia agrícola brasileira, que a produz em grande escala e pode fornecê-la a um preço competitivo.

O desengordurante à base de terpeno P foi resultado de mais de uma década de pesquisas porque era difícil aumentar em 30 vezes o potencial do componente químico original (o D-Limineno), nível necessário para que ele se mostrasse tão eficiente quanto as alternativas do mercado, sobretudo o tíner e a aguarrás. Desenvolvido, o elemento se tornou a base de uma cadeia de produtos de grande utilidade para a indústria, como desengordurantes para tanques de petróleo e para os fabricantes de automóveis e eletrodomésticos.

Antes de vencer o prêmio nos Estados Unidos, a Ambievo já vinha apostando especialmente na recuperação de solos, um problema grave. Duas usinas de recuperação, instaladas em caminhões, foram enviadas para possíveis clientes nas regiões Nordeste e Sul. Elas não só recuperam o solo como separam o óleo que estava misturado, de forma que ele possa ser reaproveitado. E fazem isso a um ritmo de até 20 toneladas de solo por hora.

O engenheiro químico Fernando Pecorado: depois do prêmio, viagem aos Estados Unidos para analisar como o processo pode ganhar escala
O engenheiro químico Fernando Pecorado: depois do prêmio, viagem aos Estados Unidos para analisar como o processo pode ganhar escala
Foto: Divulgação

O objetivo da Ambievo, agora, é ampliar o mercado – e, depois da premiação nos Estados Unidos, levar a tecnologia para clientes de várias partes do mundo. Assim, ganhar escala e expandir os negócios.

Hoje, a empresa tem apenas quatro funcionários e um escritório com uma planta industrial e um laboratório de testes em Jundiaí. Depois de investimentos pesados, com aporte do banco Santander, que entrou como acionista, parece ter chegado a hora de começar a colher os lucros. “Muitas vezes, pensamos em desistir. Parecia que nunca iria dar certo”, diz Pecoraro. “Mas agora, olhando para trás, percebo que crescemos rápido, para uma empresa que precisou desenvolver uma tecnologia do zero”.

Fonte: PrimaPagina
Fonte: Terra
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