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Empresas sobrevivem mais em áreas que exigem qualificação

Saúde humana e serviços sociais é o ramo que registra as maiores taxas de sobrevivência de empreendimentos no país

16 set 2015 - 07h00
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De cada mil empresas abertas no Brasil em 2009, apenas 475 continuavam funcionando em 2013. Esta baixa taxa de sobrevivência (47,5%), revelada pelo estudo Demografia das Empresas 2015, do IBGE, retrata as dificuldades que os empresários encontram para manter seus negócios de pé no país. Apesar disso, existem setores que conseguem contornar os obstáculos e apresentam um percentual maior de empreendimentos que continuavam ativos após este período de quatro anos. É o caso do ramo de saúde humana e serviços sociais, que registrou um índice de sobrevivência de 61,6%.

Como uma pequena empresa pode atrair e reter talentos?

“A área de saúde tem uma demanda grande, e geralmente é tocada por pessoas com alta qualificação, o que ajuda na longevidade. Além disso, muitas ONGs que atuam nesta área social conseguem financiamento público, então elas não precisam necessariamente ter uma boa rentabilidade para sobreviver ”, diz José Ronaldo Souza Júnior, professor de economia do Instituto Brasileiro do Mercado de Capitais (Ibmec).

Por serem administradas por pessoas com maior qualificação, as empresas na área de saúde humana costumam durar mais
Por serem administradas por pessoas com maior qualificação, as empresas na área de saúde humana costumam durar mais
Foto: Davide Trolli / Shutterstock

A tese de que empresas em áreas que demandam maior qualificação costumam sobreviver mais é reforçada pelo desempenho acima da média de ramos como atividades técnicas e científicas (54,9% de sobrevivência) e educação (54%).  

Outro segmento que teve destaque positivo na pesquisa do IBGE foi o de atividades imobiliárias (58.9% de sobrevivência). O especialista, no entanto, acredita que isto se deve ao boom que o setor viveu até 2013. “Se os dados fossem deste ano, acredito que a situação seria outra. A construção civil está sendo muito afetada pela crise e a tendência é este percentual cair”, afirma José Ronaldo.

O preço do amadorismo

Já no extremo oposto, o ramo que teve menos empresas ativas após um período de quatro anos foi alojamento e alimentação (43,6%). Isso se deve, segundo José Ronaldo, ao fato de que muitos pequenos negócios nessa área são abertos de forma amadora, sem que o proprietário tenha conhecimento dos custos e da demanda potencial. 

“É comum que o empreendedor não conheça de culinária para fazer produtos de qualidade. Já o setor de alojamento teve uma onda forte de hostels e pousadas na qual muita gente resolveu apostar, mas poucos realmente estavam qualificados para administrar algo no negócio hoteleiro”, explica o professor do Ibmec.

A falta de qualificação é justamente um dos motivos pelos quais as empresas apresentam uma taxa de sobrevivência tão baixa na comparação com outros países. “Parte disso vem dos empresários, que muitas vezes não se preparam para iniciar um negócio. Mas o Brasil também conta com um ambiente muito complexo e cheio de burocracia, que acaba dificultando a vida do empreendedor”, afirma.

Ele acrescenta que, para um negócio ter vida longa, os empreendedores devem, além de se capacitar e entender da área em que atuam, evitar contrair muitos empréstimos. “As taxas de juros são muito altas no país, e acabam ocasionando o fechamento de vários negócios que não conseguem atingir uma rentabilidade suficiente para honrar estes compromissos. Faça um investimento que seja viável”, recomenda o economista.

Fonte: PrimaPagina
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