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Currículo criativo na medida certa ajuda o candidato

9 jul 2018 - 10h09
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Para se diferenciar dos demais candidatos a uma vaga para a área de criação, um profissional fez uma série de memes para ilustrar a sua capacidade criativa, uma das competências básicas requeridas pela empresa. "Ele acertou na mosca", diz o consultor da Consense Educação para as Relações, que identifica profissionais alinhados à visão, cultura e objetivos das companhias, Anderson Siqueira. Em um mercado cada vez mais competitivo, é crescente a proliferação de currículos animados, que expõem a criatividade do candidato ao apresentar o perfil profissional utilizando ilustrações e músicas. A iniciativa tem sido encarada com bons olhos pelos recrutadores. "O cuidado é sempre com o equilíbrio. Exagerar no tom ou na quantidade de informações pode dar uma impressão prolixa. Tudo tem sua boa medida, neste caso, não existe uma receita pronta", afirma Siqueira. Com experiência de quem atua há mais de 16 anos na área de recrutamento, a líder de pessoas e cultura da auditoria e consultoria Grant Thornton, Fátima Kagohara, conta que sempre recebeu currículos diferenciados. "Mas a prática vem aumentando consideravelmente, porque essa estratégia pode se tornar um diferencial e ajudar o candidato a conquistar a vaga." Ela afirma que os jovens pensam fora da caixa e estão mais habituados a preparar currículos com formatos diferentes. "Mas vejo que profissionais maduros também estão seguindo essa tendência. Uma candidata, por exemplo, imprimiu a identidade dela, com ilustração, escala de cores e até criou um avatar. Ela já largou na frente." No entanto, Fátima também destaca que há o risco de se cometer pecados capitais na tentativa de chamar a atenção. "Recebi um CV de profissional qualificado e experiente, mas que continha foto dele com camiseta de time de futebol e lata de cerveja na mão. Em outra oportunidade, uma candidata enviou CV com foto sensual que ocupava metade da folha. Por mais qualificados que esses profissionais fossem, perderam a oportunidade de competir pela vaga por conta do formato equivocado do currículo." Afinal, a diversidade de modelos de currículos ajuda ou atrapalha a vida dos recrutadores? Fátima diz que não dificulta. "A intenção é trazer inovação em questão de layout e não um conteúdo maçante tipo mais do mesmo. É uma oportunidade a mais de o candidato aplicar as suas habilidades e competências antes mesmo de começar a trabalhar." Ela afirma que já contratou profissional que chamou a atenção pelo CV criativo. "Principalmente porque o cargo demandava inovação. Valeu a pena, porque ele realmente correspondeu às expectativas." Equilíbrio. Quando a criatividade do candidato ocorre na medida e direção corretas, Siqueira considera que o resultado se torna um chamariz para que o recrutador observe mais profundamente o profissional. "Mas isso não é regra. Vai depender da função, do cargo pretendido, da cultura da empresa e até mesmo da percepção de necessidade de fazer diferente. Além disso, o avanço de instrumentos tecnológicos de cadastramento, mapeamento e até mesmo de avaliação de pessoas, diminui, em alguns casos, o uso do currículo em si." Diretora da Right Management - especializada em carreiras -, Wilma Dal Col afirma que a probabilidade de um currículo que adota modelo tradicional ou não ser descartado é sempre muito grande. "Por isso, ter uma estratégia de divulgação é essencial. Para isso, é fundamental planejar, estudar o mercado no qual a empresa atua, buscar contatos que conheçam a cultura da empresa e estabelecer networking assertivo. Tais informações apoiarão a decisão sobre fazer ou não o CV tradicional", recomenda. Segundo ela, é importante o profissional ter mais de uma opção de currículo para encaminhar às empresas. "Ele deve se preocupar não apenas com o formato do CV, mas também com o endereçamento adequado do conteúdo. Por exemplo, um profissional que tenha competências e experiência que possam ser utilizadas em duas diferentes áreas de negócio, deve ter dois currículos diferentes para expor o conteúdo de seus feitos, experiências e competências." Psicóloga e sócia da Trajeto RH, Angélica Guidoni concorda que é preciso avaliar o perfil da empresa. "Antes de optar por uma apresentação mais arrojada, o candidato deve conhecer a cultura da empresa. É uma empresa conservadora? Estão abertos a novidades? Dependendo da área, a criatividade pode abrir ou fechar uma porta. É preciso pensar com cautela." Em relação à opção de criar um modelo de CV para atender características de cada empresa, ela diz que o candidato não pode forçar a barra. "Ele tem de se encaixar na vaga naturalmente, caso contrário, não ficará por muito tempo no cargo." Angélica acrescenta que o coração do CV são as experiências profissionais. "Um dado importantíssimo é que o s CVs modernos descrevem não somente as atividades do cargo mas, principalmente, os resultados obtidos pelo profissional. Sim, o candidato tem de ?quantificar? de alguma maneira suas entregas nos cargos pelos quais passou. Por isso, dedique um bom tempo para preparar seu CV. É um investimento", afirma. Sócio da recrutadora Havik, Ricardo Barcelos acredita que o modelo tradicional de currículo está com os dias contados. "O mundo mudou. Em pouco tempo, será comum usar plataformas que permitam ao profissional melhorar sua apresentação com vídeos, infográficos, animações, referências dinâmicas sobre suas entregas, inclusive com espaço para contar sobre hobbies e aspectos da vida pessoal, questões cada vez mais presentes nas entrevistas." CEO da Mappit, Rodrigo Vianna acha importante a forma como o candidato constrói sua narrativa no currículo, por conter uma individualidade importante e por ser a primeira impressão que o candidato passa à empresa. Diretor da recrutadora Talenses, Alexandre Benedetti alerta que para empresas em setores mais rígidos, não é usual a utilização de modelos de CV ?divertidos?, e inovar pode não ser uma boa opção.

Estadão
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