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Brasileira entra para grupo de "jovens líderes globais"

Ilona Szabó de Carvalho é especialista em redução da violência e política de drogas

18 mar 2015 - 07h59
(atualizado às 12h12)
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Ilona Szabó de Carvalho entrou para o grupo de Jovens Líderes Globais
Ilona Szabó de Carvalho entrou para o grupo de Jovens Líderes Globais
Foto: Divulgação

A especialista em redução da violência e política de drogas Ilona Szabó de Carvalho se diz animada para um novo desafio. Ela acaba de ser selecionada, junto com mais três brasileiros, para um grupo que, este ano, inclui desde o primeiro cego a trabalhar em Wall Street até a prefeita mais jovem do Japão.

Os quatro brasileiros fazem parte da nova turma de Jovens Líderes Globais (YGL, na sigla em inglês) – profissionais com menos de 40 anos que se destacam em diversas áreas, selecionados pelo Fórum Econômico Mundial.

O advogado especialista em tecnologia Ronaldo Lemos, a chefe do departamento de relações institucionais da Embraer, Mariana Luz, e Leandro Machado, co-fundador de agência que ajuda empresas e ONGs em campanhas de mobilização, se juntarão a Szabó em uma série de eventos ao longo do ano e em uma grande reunião em setembro.

Como se proteger da crise financeira

Na definição do Fórum Econômico Mundial, cuja principal reunião é realizada todos os anos em Davos, na Suíça, os escolhidos são "jovens líderes que estão mudando radicalmente suas indústrias, a política e as sociedades". Entre os que já participam há atletas olímpicos, ganhadores do prêmio Nobel e do Oscar e embaixadores da ONU.

"Para mim é uma vitória conseguir representar a sociedade civil em um tema-chave para toda a sociedade, mas que é pouco discutido nos debates sobre o desenvolvimento econômico. Estou há muito tempo tentando mostrar que se não tivermos segurança, não teremos desenvolvimento", afirma Szabó de Carvalho, que é fundadora e diretora do Instituto Igarapé, um think tank baseado no Rio de Janeiro.

Este ano, são 187 selecionados de 66 países. Carvalho, Lemos, Luz e Machado se juntam a outros 17 brasileiros selecionados desde 2009 – cada um deles têm um mandato de seis anos, nos quais devem participar de eventos, atividades e linhas de pesquisa do grupo.

"A gente nem sabe que está concorrendo (a uma vaga no YGL), alguém tem que nomear", diz Ilona à BBC Brasil. Segundo ela, a cineasta brasileira Julia Bacha, que já faz parte do grupo, foi uma das que fizeram campanha por sua indicação.

'Um chamado'

Ainda na universidade, Ilona se interessou por políticas de segurança pública e drogas. Aos 22 anos, ela deixou o emprego em um banco de investimentos e conseguiu uma bolsa de estudos integral para estudar o tema na Suécia.

"Para mim foi um chamado. Eu andava pelas ruas do Rio, via toda a desigualdade e tinha uma inquietação muito grande com a questão da violência e das crianças que trabalhavam no tráfico de drogas. Isso foi suficiente para buscar algo que pudesse fazer pelo meu país", conta.

"Meus pais me apoiaram, mas minha avó achava que eu era maluca."

Nos anos 2000, ela coordenou a campanha de desarmamento no Brasil, junto com um referendo que visava proibir a venda de armas de fogo para os cidadãos. Atualmente, é também cordenadora-executiva do secretariado da Comissão Global de Políticas sobre Drogas.

Agora, Ilona diz que sua missão no YGL é mostrar ao mundo do capital privado a importância de uma segurança pública eficiente e de políticas de drogas mais humanas e eficientes.

"Por mais dinheiro que você tenha, por mais que você queira comprar toda a possibilidade de segurança privada, de fato você nunca vai estar seguro enquanto a gente não conseguir que a segurança seja entendida como um bem público e seja para todos", afirma.

"É uma missão bem desafiadora, mas eu aceito."

Conheça os outros brasileiros selecionados em 2015:

Ronaldo Lemos

Prestes a completar 40 anos, o mineiro Ronaldo Lemos, advogado, professor e pesquisador, desempenhou um papel de destaque na criação do Marco Civil da Internet, projeto de lei que regulamenta a internet brasileira. Ele ensina na Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) e é um dos diretores do Instituto de Tecnologia e Sociedade do Rio de Janeiro.

Lemos ainda coordena a área de propriedade intelectual da Escola de Direito da Fundação Getúlio Vargas e ganhou um prêmio internacional pela criação do Overmundo, site colaborativo sobre cultura brasileira. Ele é colunista em jornais e revistas e apresenta um programa de TV.

Além disso, o advogado é membro do Conselho de Comunicação Social do Congresso, que elabora pareceres sobre comunicação, mídia e liberdade de imprensa. E um dos líderes da organização Creative Commons no Brasil – que criou um conjunto de licenças que permitem a um artista flexibilizar seus direitos autorais.

Mariana Luz

Aos 34 anos, a carioca Mariana Luz frequentou o Fórum Econômico de Davos antes mesmo de ser selecionada para o YGL, quando trabalhava como gerente de Relações Institucionais e Estratégias de Sustentabilidade da Embraer. Apesar de ter construído sua carreira no mundo corporativo, Luz mantém o contato com a academia e é professora do curso de Relações Internacionais na FAAP (Fundação Armando Alvares Penteado), em São Paulo.

Em 2014, seu interesse pela educação a ajudou a tornar-se superintendente do Instituto Embraer de Educação e Pesquisa (IEEP), que administra duas escolas-modelo de ensino médio com o objetivo de levar estudantes da rede pública no interior de São Paulo à excelência acadêmica. Os alunos selecionados recebem bolsas de estudo, materiais didáticos, uniformes, alimentação e transporte.

Em uma palestra na Fundação Getúlio Vargas em 2013, ela disse se considerar "uma embaixadora do setor privado brasileiro". E revelou participar de um grupo de 50 mulheres do setor privado "que se reúne, se ajuda e faz um lobby para dominar as relações institucionais no Brasil".

Leandro Machado

O cientista político Leandro Machado é um dos fundadores da Cause, agência criada para ajudar empresas e ONGs a mobilizar pessoas a respeito de causas de interesse público que elas defendem. Hoje, a Cause trabalha com ONGs nacionais e internacionais em projetos relacionados com desenvolvimento sustentável, direitos humanos e participação democrática.

Ele se especializou em universidades americanas e trabalhou durante 15 anos em grandes empresas como a Shell e a IBM Brasil. Em 2003, foi chamado a estruturar a divisão de Relações Governamentais da Natura. Em seguida, trabalhou como relações públicas de Guilherme Leal, um dos fundadores da empresa, durante sua candidatura a vice-presidente da República na chapa de Marina Silva em 2010.

Machado também é um dos fundadores da Union For Ethical Biotrade (União para o Biocomércio Ético, em tradução livre), ONG ligada à ONU que promove ingredientes naturais produzidos de acordo com práticas de desenvolvimento sustentável.

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